Nas versões de Zagato para o Fiat Otto Vu de 1952 (em amarelo) e para o Ferrari 250 GT em 1956, o mesmo recurso do teto com duas bolhas

Trabalhos marcantes: Alfa Romeo SZ 1960, parte de uma bela série de cupês, e Aston Martin DB4 GTZ (junto do DB7 na abertura deste artigo)

O Aston Vantage V8 (como o conversível Volante) e os Alfas RZ e SZ (vermelho) dos anos 80, um período com linhas retas e imponentes

Elio Zagato faleceu em 2009 e, como o pai, deixou seu talento para criar automóveis estampado nas carrocerias de muitos modelos mundo afora

Elio, apelidado carinhosamente por Enzo Ferrari com o diminutivo "Zagatino", começava ali a demonstrar seu talento ao volante: disputou 160 corridas e venceu 85 delas, incluindo a Targa Florio e uma prova no circuito alemão de Avus em 1955. Com o irmão Gianni, nascido em 1929, passava a atuar na empresa do pai, onde aprendeu muito também com o desenhista chefe Ercole Spada. Nos anos 50 a Zagato fazia alguns de seus mais elogiados desenhos, como versões para o Maserati A6 (GZ 2000 Coupé) em 1955, os Lancias Appia (GTE) e Flaminia (Sport 2.5) em 1957 e 1958, o Ferrari 250 (GT1) também em 1958, o Alfa Romeo Giulietta (SZ) em 1960 e o inglês Aston Martin DB4 (GTZ) no mesmo ano. Outras obras dignas de menção foram o Fiat 8VZ de 1952, baseado no único modelo de oito cilindros da marca — o Otto Vu ou 8V —, um dos prediletos de Elio; o Ferrari 166 Elaborazione, mostrado no mesmo ano; e o Alfa 1900 SSZ Coupé de 1953. Marcas como Jaguar (com o XK 140 Z), Bristol (modelos 2000 Silver City, Grand Touring, 406 Z), Porsche (1500 Z Spider), Renault (Dauphine Sport), Gilco, Osca, Moretti e DB Panhard também ganharam carrocerias de Zagato no período.

Em 1960 Ugo recebia o prêmio Compasso d'Oro, ou bússola de ouro, pela criação do Fiat Abarth 1000 Z Bialbero. A esse tempo já não havia muita demanda pela construção artesanal de carrocerias. Era preciso se adaptar às novas necessidades do mercado, como a fabricação em pequena série com padrões rigorosos de qualidade para atender aos grandes fabricantes, que nem sempre encontravam viabilidade para produzir em escala reduzida. Elio, já à frente dos negócios da família, decidia erguer novas instalações para esse fim em Terrazzano di Rho, perto de Arese, que eram inauguradas em 1962.

Durante a década a empresa revelou projetos consagrados como o Alfa Giulietta SZ Coda Tronca (traseira truncada, cortada) de 1961, o Lancia Flavia Sport de 1962, o Alfa Giulia TZ1 do ano seguinte e o TZ2 de 1965, o Lancia Flaminia 2800 Super Sport de 1964, diversas versões do Lancia Fulvia em 1967 e 1968 (incluindo o conversível Spider) e até um Lamborghini — o GTZ 3500 de 1966, com formato fastback e grande vidro traseiro envolvente. Também ingressaram no currículo da Zagato as marcas Rover, com o 2000 TCZ de 1967; Honda, com o Hondina Youngstar de 1970; Cadillac, com o Nart do mesmo ano; e Volvo, com o cupê GTZ 2000 de 1969 e o 3000 um ano depois. O Alfa Junior Z 1300, derivado do Giulia GT, causava sensação ao ser apresentado no Salão de Turim de 1969.

Com a morte de Ugo em 31 de outubro de 1968 e a saída de Spada para trabalhar na Ghia, no mesmo ano, os filhos assumiram o negócio de forma definitiva. Logo chegavam os anos 70 e com eles a tendência de desenhos retilíneos, planos, sem as charmosas curvas e convexidades que haviam agradado aos olhos nas décadas anteriores. A mudança no gosto do mercado podia ser percebida no Ferrari 3000 Convertible de 1974, em diversos trabalhos sobre o Lancia Beta (Competizione, Spider, Martini, Coupe HFZ) entre 1974 e 1981 e no Bristol SL conversível de 1980. Outras obras eram os veículos compactos Zele 1000, 1500, 2000 e Milanina, com formato monovolume, carroceria de plástico (sem portas no caso do último modelo) e motor elétrico.

A diversidade manteve-se uma característica da Zagato nas décadas de 1980 e 1990. Marcas tradicionais continuavam a receber suas propostas, a exemplo do cupê Zeta 6 (1983) e da perua 33 Tempo Libero (1984) para a Alfa Romeo, do Thema Plus (1985) e do cupê Hyena (1992) para a Lancia e do Biturbo Spider (1984) construído em pequena série para a Maserati. Mas agora havia a assinatura da empresa em carros como o Nissan Stelvio de 1988 e o Gavia de 1991 e a perua Mercedes-Benz 500 Shooting Brake de 1994. A empresa apostava em soluções de estilo que diferenciavam seus modelos ao primeiro olhar. Elio costumava dizer: "Está vendo aquele carro? Ele é diferente de todos os demais? Então aquele é um Zagato."

Um de seus grandes sucessos era revelado em 1986: o Aston Martin Zagato V8 em versões Vantage (cupê) e Volante (conversível). O primeiro teve as 50 unidades numeradas vendidas antes mesmo da apresentação; o segundo foi limitado a 33 exemplares. No cupê havia uma divisão nas janelas dianteiras, deixando fixa a parte mais acima e à frente para reduzir a turbulência com o vidro aberto — mesmo recurso adotado em 1991 pela Subaru no esportivo SVX. A Aston estava tão empenhada na produção dessas séries especiais que adquiriu 50% das ações da Zagato, mais tarde compradas de volta pelos irmãos. Para a Alfa Romeo ela desenhou os esportivos SZ (1990) e RZ (1991), para os quais foi criado um torneio monomarca com a prova final em Monte Carlo. Na década de 1990, a Zagato passou a se dedicar ainda a carros-conceito como os Ferraris Elaborazione e FZ93, revelados em 1991 e 1993 sobre os modelos 348 e Testarossa, na ordem; o esportivo Raptor com mecânica Lamborghini, em 1994; o Lamborghini Superdiablo, em 1996; e o compacto Isocity, em 1999.

Os irmãos Elio e Gianni aposentaram-se em 1993, passando o negócio a Andrea, filho de Elio e Laura (com quem se casou em 1954 e da qual já havia se divorciado), e à esposa dele, Marella Rivolta-Zagato — filha de Piero Rivolta, que manteve a empresa Iso Rivolta de carros esporte. Um novo centro de estilo era inaugurado em 1994. E a produção de pequenas séries não cessava: no Salão de Genebra de 2002 aparecia o Aston Martin DB7 Zagato, mais uma criação para a marca inglesa de tão longa parceria com os italianos. Os 99 carros numerados homenageavam o clássico DB4 dos anos 60 com suas belas formas. Nos dois anos seguinte apareceram mais Astons, o AR1 e o Vanquish Roadster, ambos a céu aberto. Outros projetos no novo milênio foram o Ferrari 575 GTZ de 2006, o Maserati GS e o Diatto Ottovù de 2007, o Bentley GTZ (derivado do cupê Continental GT) de 2008 e o Perana Z-One de 2009. A empresa também desenha veículos e artigos variados como motos, barcos e capacetes.

Elio Zagato morreu em 14 de setembro de 2009, aos 88 anos, mas sua assinatura e a de seu pai permanecem vivas nos projetos com o famoso logotipo do "Z".
Continua

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