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O único Fiat com motor V8

Partindo de uma folha em branco, a marca desenhou
em 1952 o 8V, um cupê esporte potente e muito elegante

Texto: Nelson Massini Jr. - Fotos: divulgação

Nos anos 50 a Fiat já se firmava como uma das grandes indústrias automobilísticas da Europa. Possuía em suas linhas automóveis de grande sucesso comercial, como o Topolino. Então os engenheiros da companhia puderam satisfazer suas fantasias e por em prática sua imaginação, construindo um automóvel esporte puro, de grande potência e estilo.

Partindo de uma folha em branco, sem compromissos com nada a não ser o desempenho, a equipe liderada por Dante Giacosa criou o Otto Vu, ou 8V.

Seja como cupê ou como o belíssimo conversível realizado por Vignale (no alto), um esportivo marcante pelo estilo e pela mecânica
Em 1952 a Fiat havia desenvolvido um motor de oito cilindros em V para o modelo 1900, mas em função dos altos impostos italianos para veículos com muitos cilindros nunca foi usado, dando lugar a um quatro-cilindros. Este motor foi então aproveitado para a construção do admirável esportivo, que surgiu pela primeira vez no Salão de Genebra em março de 1952.

O 8V possuía um chassi formado por dois tubos de aço de grande diâmetro e ligados por travessas tubulares. Usava a suspensão do modelo 1100, independente nas quatro rodas. O motor V8 possuía uma geometria inédita, com as bancadas de cilindros defasadas em 70º. Seu cambio era de quatro ou cinco marchas, todas sincronizadas, o que era extremamente raro. A potência desenvolvida ficava em torno de 115 cv, nada mal para um motor de 1.996 cm3.
O compacto motor V8, de apenas dois litros, desenvolvia 115 cv: potência elevada para a época
A construção do chassi ficou a cargo da renomada empresa Siata, e Luigi Fabio Rapi ficou responsável pelo desenho da carroceria, aproveitando sua experiência na industria aeronáutica. Foram construídas 114 unidades, pouco mais que o necessário para sua homologação para as provas da categoria gran-turismo.

O 8V chamou atenção das tradicionais casas de estilo da Itália, como Zagato, Ghia, Pininfarina, Vignale e Siata, que construíram belíssimas versões de carroceria para este GT. A maioria foi feita pelos estúdios Zagato e Ghia, utilizando-se de testes em túnel de vento. Uma particularidade era a posição do banco do passageiro, recuado cerca de 20 cm em relação ao do motorista, a fim de facilitar o trabalho de pilotar esta máquina.
Os "encarroçadores", empresas que desenvolvem carrocerias especiais na Itália, tiveram no 8V uma grande oportunidade de acentuar a esportividade ou a classe do cupê da Fiat
Para um veículo de suas características, o 8V foi até um sucesso comercial, pois representava uma alternativa para os Alfa Romeos, Maseratis e Ferraris, carríssimos à época. Constituiu-se também em uma grande propaganda para a Fiat, o tipo de automóvel que leva pessoas às concessionárias -- onde acabam convencidas a comprar um modelo mais acessível da marca.

O 8V teve sucesso nas pistas, conquistando o Campeonato Italiano de
1954 para automóveis GT de até dois litros, batendo o Lancia Aurelia. Venceu também a Mille Miglia de 1953 em sua categoria.
O chassi do 8V serviu de base para este ousado carro-conceito da marca, um superesportivo que utilizava turbina a gás em vez de motor a combustão
Em 1954 a Fiat utilizou o chassi do 8V para criar seu veículo movido a turbina a gás, um protótipo com ares de "Batmóvel", mas de grande efeito como demonstração de tecnologia.

O Otto Vu é até hoje o único Fiat com motor V8 vendido ao público. Tanto por sua limitada produção como por seu desempenho notável, possui seu lugar assegurado na galeria dos Gran Turismo da industria automobilística mundial.

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