O primeiro GT da Maserati

Com a série A6, a marca italiana do tridente começou
a domar suas máquinas nervosas para as ruas

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Muito antes do Audi de mesmo nome, houve um outro belo A6, que mudou a história da italiana Maserati. A Segunda Guerra Mundial assolava a Europa, em 1941, quando o primeiro esportivo da marca feito para as ruas começou a ser concebido. As atribulações daqueles anos só permitiriam que um protótipo surgisse cinco anos mais tarde. O Salão de Turim de 1947 foi o evento escolhido para a apresentação oficial desse grã-turismo (GT) pioneiro da fábrica de Viale Ciro Menotti, Modena.

Com o fim da guerra, o cenário para o automobilismo italiano era desolador. Os bombardeios haviam danificado grande parte das estradas e as poucas pistas fechadas também eram uma sombra de seu passado. As fontes de energia ainda estavam racionadas para usos de maior relevância social e econômica. Para lidar com a situação adversa, a Comissão Italiana de Esportes definiu algumas classes preliminares de corridas: a Touring, a Sports Cars e a Grand Prix, então dividida em Fórmulas 1 e 2.

O modelo A6 1500: estilo de Pininfarina (na foto já com os faróis adotados meses após o lançamento) e um compacto motor de 1,5 litro e 65 cv

Tal situação fazia dos carros esporte opções mais adequadas para as competições que os sofisticados e onerosos modelos de corrida tradicionais de um só lugar. A Maserati optou pela classe Sports Cars por uma questão de necessidade. Assim, surgia com o A6 a chance de os fãs do tridente terem um modelo da marca na garagem de casa. O “A” do nome era abreviatura de Alfieri, um dos irmãos fundadores da empresa, e o 6 representava o número de cilindros.

O motor de 1,5 litro era um projeto de antes da guerra, último desenvolvido pelos irmãos Maserati. Por outro lado, além de ser o GT inaugural da marca, o A6 era seu primeiro lançamento do pós-guerra. Até então o foco da Maserati havia sido mesmo as pistas. O seis-cilindros em linha A6TR (Testa Riportata) já passara pelo protótipo Barchetta 6CS/46, mais conhecido como A6 Sport. Apesar da carreira breve nas pistas, foi o carro com que Guido Barbieri ganhou o título da classe 1.500 cm³ de 1947.

Em 1951, o uso do motor de 2,0 litros e 100 cv resultava no A6G -- na foto, um modelo também desenhado por Pininfarina, e no alto, um de Zagato

Com ignição e indução simplificadas e um carburador Weber 36DCR no lugar de três — que podiam ser encomendados —, o motor seria o mesmo da berlinetta (cupê) desenhada por Pininfarina e apresentada no salão de 1947, que também causaria sensação em Genebra no mesmo ano. O A6TR 12V tinha comando de válvulas no cabeçote, taxa de compressão de 7,25:1 e 1.488 cm³ de cilindrada. Essa configuração rendia 65 cv a 4.700 rpm e uma velocidade máxima por volta de 150 km/h.

O câmbio era de quatro marchas. O compacto esportivo media 1,35 metro de altura, 1,52 m de largura e 4,08 m de comprimento, com 2,55 m de entreeixos. Pesava 950 kg como cupê ou 800 kg nos raros spiders e calçava pneus Pirelli em rodas de 16 pol. A suspensão de molas helicoidais tinha amortecedores hidráulicos Houdaille e estabilizador nos dois eixos. Os freios usavam tambores. Continua

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Data de publicação: 10/2/04

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