Pequenos e valentes

A linha composta por Dauphine, Gordini, Teimoso e 1093 teve
papel importante por uma década na história de nossa indústria

Texto: Fabrício Samahá - Colaboração: Francis Castaings - Fotos: divulgação*

Foi em 1951 que a Régie Nationale des Usines Renault — nome que a empresa adotou ao se tornar estatal, depois da Segunda Guerra Mundial — iniciou os estudos para o que seria o sucessor do modelo 4CV, conhecido entre nós como "Rabo Quente" pelo motor traseiro. Pesquisas com consumidores indicaram como prioridades, depois do preço, a economia de combustível e o espaço interno. Desempenho não estava entre elas, pois 77% dos franceses se contentavam — apontou o estudo — com uma velocidade máxima de 110 km/h. Assim, o projeto partiu desses objetivos: máxima de 115 km/h, quatro lugares com relativo conforto e consumo médio de 14,2 km/l.

O resultado, de codinome R1090, era lançado com pompa em 6 de março de 1956 no Palácio de Chaillot, em Paris: o Dauphine. Ao mesmo tempo, todas as concessionárias Renault da França e dos outros países europeus faziam sua apresentação a clientes especiais. Poucos dias depois ele se tornaria uma das estrelas do Salão de Genebra, na Suíça. Seu nome era a forma feminina para Dauphin, um título feudal francês. Há quem afirme que foi cogitado chamá-lo Corvette, mas o nome fora adotado três anos antes pela Chevrolet nos Estados Unidos.

Lançado em 1956, o Dauphine francês mostrava linhas curvas e simpáticas, com inspiração no modelo de luxo Frégate e estrutura monobloco

Inspirado no do modelo de luxo da marca, o Frégate, o pequeno sedã de quatro portas e 3,98 metros de comprimento tinha linhas curvas e simpáticas, com faróis circulares e pequenas lanternas traseiras. Não possuía grade dianteira, pois o motor ficava atrás, como no antecessor. Também a exemplo dele, usava estrutura monobloco, mas era diferente do 4CV no formato tradicional de três volumes, que buscava um ar mais elegante.

Embora tenha sido testado, o motor de 760 cm³ do 4CV mostrou desempenho muito fraco, o que levou a Renault a elevar sua cilindrada para 845 cm³ no novo carro. Com quatro cilindros em linha, comando de válvulas no bloco e refrigeração líquida, desenvolvia a potência de 27 cv a 4.000 rpm e o torque máximo de 6,7 m.kgf (valores líquidos), transmitidos ao câmbio de três marchas (a primeira não sincronizada) e então às rodas traseiras.

O interior do modelo europeu: relativo conforto para quatro ocupantes, cada um com sua porta, mas com vidros laterais traseiros corrediços

Era o bastante para cumprir a meta de velocidade máxima, 115 km/h, e acelerar de 0 a 100 km/h em 30 segundos. Mais importante, seu consumo era baixo como desejavam os compradores de sua categoria. Os principais concorrentes durante sua permanência no mercado seriam os alemães Volkswagen (nosso Fusca), BMW 700, NSU Prinz e DKW Junior, além do italiano Fiat 1100 (Millecento) e do checo Skoda Octavia. Os próprios franceses não ofereciam concorrentes diretos, mas havia o Citroën 2CV em um segmento pouco abaixo e, acima do Dauphine, o Simca 1000 e o Peugeot 403. Continua

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* Fotos do 1093 nacional e do Teimoso: Cláudio Larangeira, gentileza de Fabio Steinbruch

Data de publicação: 22/7/06

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