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Carros do Passado
Guarda-chuva sobre rodas

A Citroën queria um carro simples e econômico
para a França dos anos 40. Nascia o mito 2CV

Texto: Francis Castaings

A história do 2CV (deux chevaux, ou dois cavalos em francês) começa em 1936. Os técnicos da Citroën tinham de fazer um carro pequeno, relativamente confortável, seguro, robusto, estável e que transportasse quatro passageiros mais 50 quilos de carga. Era uma exigência do Diretor Geral da marca, Pierre Jules Boulanger (um dos pais do projeto Citroën 11 Légère, o conhecido Traction), e de Pierre Michelin, filho de Edouard Michelin. Este famosa fabricante de pneus havia passado a controlar a Citroën em 1934.

Protótipo de antes da Segunda Guerra (também na foto acima): carroceria de alumínio, um só farol, manivela para partida. Um único veículo permaneceu, numa garagem da Citroën
Eles desejavam um carro que fosse algo como "um guarda-chuva sobre rodas". O nome de código do projeto era TPV (Toute Petite Voiture, ou seja, carro muito pequeno). O primeiro protótipo foi construído em 1937. Fabricado em alumínio, tinha só um farol na dianteira, partida por manivela e motor de dois cilindros opostos (boxer) refrigerado a água. Seguindo a tradição da marca, a tração era dianteira.

Secretamente, 250 protótipos foram construídos em 1939. Tinha o menor motor automobilístico da época: 375 cm3. Mas chegava a guerra, e todos os protótipos eram destruídos a mando dos alemães. Todos, menos um, que ficou na garagem de uma fábrica da Citroën -- e existe até hoje.

Interior do protótipo: simplicidade ao extremo. As portas se abriam em sentidos opostos: as dianteiras para trás e vice-versa

Com o fim do conflito, o 2CV era lançado oficialmente no Salão de Paris de 1948, realizado no Grand Palais. Os modelos, cobertos por uma lona, foram descobertos pela primeira vez na frente do presidente da República, Vincent Auriol. Não se tinha notícia de nada mais feio na industria automobilística... Dizem que um jornalista que estava por perto perguntou se ele já vinha com o abridor de latas, ou se era um acessório opcional.

O sarcasmo era geral e ainda diziam que o tom de cinza da carroceria era horrível. As rodas eram pintadas na cor alumínio. A potência real não era de 2 cv, como o nome faz supor, mas de 9 cavalos, que o faziam chegar a 55 km/h. O motor boxer era refrigerado a ar, a bateria de 6 volts, não havia trava de portas (que se abriam em sentidos opostos) e sequer tinha chave de ignição! Só a metade inferior dos vidros das portas dianteiras se abria. Esta era virada para cima e travada.

Espartano até na abertura das janelas: a metade inferior era travada após virada para cima. O motor de dois cilindros opostos chegou a 600 cm3

O 2CV do nome se referia à potência fiscal. Na França, a potência do motor é expressa em "ch", ou chevaux. Ele estava longe de ser bonito -- mas era simpático. Era o carro mais barato do mercado e o mais acessível para a população. Continua

Os cartunistas

Foram feitas ótimas charges por cartunistas europeus, sobretudo franceses, explorando o tema 2CV. À direita, a "arca de Noé" da Citroën.

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