O carrinho que reergueu a BMW

A marca bávara precisava sair da crise — e criou o
pequeno 700, com motor de moto, um grande sucesso

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Quando se fala em um carro alemão com motor traseiro de cilindros opostos (boxer), refrigerado a ar, você só pensa em Porsche 356/911 ou em algum Volkswagen? Pois houve um terceiro fabricante a utilizar essa solução: a BMW, Bayerische Motoren Werke (Fábrica de Motores Bávara), no modelo 700, o carro que a salvou da crise no final da década de 50.

O projeto nasceu das sugestões de Wolfgang Denzel, importador BMW em Viena, a seu amigo e presidente da empresa, Richter-Brohm. Denzel defendia que a marca, então fabricante dos enormes sedãs 501 e 502, do roadster 507 e dos microcarros Isetta, criasse um cupê pequeno e de apelo esportivo. Ele mesmo, iniciado na construção de veículos, resolveu construir um, com base no chassi e no motor do Isetta 600 de quatro lugares.

Criado por sugestão de um importador, o 700 chegava em 1959 nas versões cupê, acima, e sedã, ao lado, ambas de duas portas e com motor boxer traseiro refrigerado a ar

Com o desenho a cargo do estilista italiano Giovanni Michelotti, o protótipo ficou pronto em julho de 1958. Apresentado à diretoria da BMW, logo agradou, mas a marca preferiu retocá-lo em seu departamento de estilo e criar uma versão de quatro portas. Em novembro o desenhista chefe Wilhelm Hofmeister apresentava sua versão, enquanto a engenharia ampliava o motor de dois cilindros opostos de apenas 19 cv do Isetta 600 para 700 cm³ e 30 cv de potência a 5.000 rpm, com torque máximo de 5,1 m.kgf a 3.400 rpm. Era o mesmo da motocicleta R67.

No ano seguinte, no 39º. Salão de Frankfurt, o 700 — denominado por sua cilindrada — era apresentado em versões cupê e sedã. O carro causou estranheza, pois não parecia um BMW. Até mesmo a grade "duplo-rim" estava ausente, pois o motor ficava na traseira; na frente, apenas o estepe e o porta-malas. Media apenas 3,54 metros de comprimento, 10 cm menos que um Fiat Uno, e 2,12 m entre eixos. O interior trazia um painel simples, com o velocímetro em forma de arco (mais tarde circular) e volante de dois raios.

O motor de dois cilindros vinha da moto R67

O chassi era derivado do Isetta, incluindo a suspensão dianteira com braços arrastados que acompanhavam a direção das rodas, mas a traseira usava modernos braços semi-arrastados, muito superiores aos semi-eixos oscilantes do VW (e do Chevrolet Corvair, que seguiria a receita de motor boxer traseiro em 1960). Os pneus eram modestos 5,20-12, mas a direção de pinhão e cremalheira, leve e precisa, e os bons freios (a tambor) concorriam para lhe dar o apelo esportivo e o comportamento dinâmico que fariam famosa a BMW. Continua

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Data de publicação: 2/9/03

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