Foi dada a largada!

Primeiro Ferrari de passeio, o 166 revelou o potencial da
marca de colecionar troféus e magnetizar olhares nas ruas

Texto: Fabiano Pereira – Fotos: divulgação

Coube ao 166 a façanha de tirar das pistas de corrida a exclusividade como cenário para as emoções de dirigir um esportivo da Ferrari. Eram quatro as versões do modelo que levou a recém-criada marca do comendador Enzo para as ruas: Sport, Spyder Corsa, Mille Miglia e Inter. Somente esta última fora efetivamente pensada para motoristas, em vez de pilotos, para ser guiada de maneira não competitiva — pelo menos na maior parte do tempo. Afinal, era a experiência das pistas que fazia do 166 um carro de passeio com condições de portar o emblema do cavalo empinado.

Não se pode considerar o primeiro Ferrari de rua uma revolução, se levarmos em conta que o fabricante surgia de uma escuderia com apenas um ano de idade. Essa curta vivência competitiva começou para a Ferrari em 1947, com seu carro de corrida inaugural, o 125 Sport, e com sua evolução, o 195. Mas, se a equipe era nova, seu dirigente, o comendador Enzo Ferrari, já vinha elaborando ariscos automóveis de competição desde os anos 1920.

As primeiras unidades do 166 eram da versão Sport, com carrocerias Allemano (à direita) e Touring

O 166 evoluía o conceito básico já apresentado no 125 Sport. Esta pioneira criação do comendador foi projetada para a temporada de 1947 do Mundial de Grande Prêmio, campeonato que antecedeu a Fórmula 1. Seu motor, desenvolvido por Gioacchino Colombo, era um V12 de 1.497 cm³ e apenas 72 cv, alimentado por três carburadores Weber 30 DCF. O chassi tubular de aço com configuração em escada era uma base que a Ferrari usaria por vários anos. Construído no outono daquele ano, o 159 já dispunha de um V12 de 1.903 cm³ e bem mais saudáveis 125 cv.

Aqueles foram modelos de corrida de produção muito reduzida e, das raras unidades, algumas ainda seriam convertidas para a configuração do 166. O novo modelo começou a ser feito no início de 1948, estreando com três unidades Sport de corrida com carrocerias distintas, sobre o mesmo entreeixos de 2,62 metros. O Ferrari 166 expandiu o V12 a 60° de Colombo para 1.995 cm³. A taxa de compressão já estava em 10,1:1 e a potência evoluíra saudável para 150 cv a 7.000 rpm.

O mais famoso 166 talvez seja o Mille Miglia, que teve versões Berlinetta (cupê) e Barchetta (conversível, como o da foto) e se tornou um clássico da Ferrari

O primeiro 166 Sport, de chassi 001 S, ganhou carroceria barchetta (pequeno conversível) Allemano com várias semelhanças ao 125. O segundo, 003 S, estreou a carroceria cupê na marca e foi realizado pelo mesmo encarroçador, enquanto o terceiro 166 Sport (005 S), um cupê 2+2 da Touring de Milão, já apontava os rumos que levariam ao 166 Inter de passeio. Essas unidades iniciais do 166 marcariam para sempre — com bandeiras quadriculadas — a história da Ferrari.

Tendo Clementi Biondetti ao volante, o 166 Sport 001 S venceu a prova Targa Florio em abril de 1948 e, um mês depois, o 003 S vencia nada menos que a Mille Miglia. O terceiro carro ainda ganhou a Coppa Inter Europa. Um belo começo como esse não poderia mesmo parar por aí. Ainda em 1948, a versão Spyder Corsa usava o mesmo entreeixos do 159 (2,42 metros), mas tinha estilo barchetta, sem pára-lamas nem faróis embutidos. Das oito unidades produzidas, duas eram Ferraris 125 recondicionados. Numa produção artesanal, nenhum 166 Spyder Corsa era exatamente igual ao outro. Continua

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Data de publicação: 28/6/05

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