Nos anos 60, Frua desenhou um cupê com base no Citroën DS (acima) e o VW da Italsuisse, que deixava o Fusca com jeito de Chevrolet Corvair

Variedade de propostas: de cima para baixo, as derivações de Maserati 3500 e Studebaker Lark e o AC 428, um roadster inglês com motor V8

A frente do Maserati 5000 GT, projetado para Aga Khan IV (em cima), foi reaproveitada no Quattroporte de primeira geração, lançado em 1963

Para a Italsuisse, na década de 1960 o projetista criou desenhos para as mecânicas Studebaker Lark, Fiat 850, Jaguar E-Type, Opel Kadett, Maserati 3500 GT e Volkswagen 1200. Este último conseguia, de maneira extraordinária, ocultar quase por inteiro o fato de ser baseado na mecânica do carro aqui conhecido como Fusca. Tratava-se de um belo cupê de três volumes com traços dianteiros que remetiam aos do Chevrolet Corvair norte-americano. O estilo englobava diversos traços marcantes, tais como lanternas traseiras em pequenos filetes horizontais nos cantos superiores dos para-lamas. O carro seria produzido em 5.000 exemplares para o mercado israelense, mas a recusa da Volkswagen em fornecer o chassi inviabilizou o projeto. Do período é também um cupê baseado no Citroën DS.

Prosseguindo na mesma década, Frua desenhou aquele que talvez seja seu desenho de GT mais conhecido, o Maserati Mistral. De 1963, era um cupê dois-lugares de bela carroceria, mas sem deixar de lado a praticidade muitas vezes esquecida nessa categoria de veículo. De fato, o carro tinha uma tampa traseira que permitia acesso ao relativamente amplo porta-malas. Foram fabricados 830 desses e mais 125 da versão aberta Spider, surgida em 1964. Mas não apenas carros de dois lugares formavam o portfólio de projetos de Frua para a Maserati. O desenho da primeira versão do sedã Quattroporte veio de suas mãos. Frua também foi responsável pela construção dos primeiros protótipos do carro, tendo a produção em série usado carrocerias fabricadas por Maggiora.

O desenho do Mistral serviu de base para outros projetos de Frua, como o inglês AC 428 e o suíço Monteverdi High Speed 375, ambos com motores V8 norte-americanos. Até mesmo um carro elétrico chegou a usar uma última evolução desse desenho, o Amectran EXAR-1, construído em 1979 nos Estados Unidos. O último desenho de Frua para a Maserati foi o cupê Kyalami, de 1976, outro modelo com motor V8. Na verdade, não se tratava do projeto de um carro realmente novo, mas sim de uma reestilização do De Tomaso Longchamp e sua adequação para receber o motor Maserati no lugar do Ford V8 original. À época a Maserati havia sido adquirida pelo industrial argentino Alejandro De Tomaso.

Frua ainda projetou diversos carros na década de 1970, entre os quais os carros esporte Ligier JS2 e Hispano-Aleman (com base no Porsche 914-6), uma variação do Citroën SM e até mesmo uma versão praieira do Fiat 127 (que deu origem ao 147 brasileiro) com o nome Dinghy, exposta no Salão de Genebra de 1977. Uma de suas criações mais belas também surgiu nesse período, um carro-conceito com motor central do Audi 100. Seguindo tradição das encarroçadoras italianas, Frua construiu durante toda sua carreira carros de prestígio sob encomenda de clientes endinheirados que buscavam exclusividade. Entre os exemplares únicos feitos para esse público se destacavam o Maserati 5000 GT realizado para Aga Khan IV, uma perua com mecânica do Lamborghini Espada 400 de nome Faena e um Fiat 2300 de alto luxo com o insólito destino do Senegal. E não só automóveis desenhou Frua: seu portfólio de projetos realizados inclui a motocicleta Belmondo SIMAT, um minicarro para crianças, um barco e até mesmo um fogão elétrico.

Pietro Frua faleceu em Turim no dia 28 de junho de 1983, aos 70 anos de idade. Infelizmente, não viveu para ver completada sua mais sofisticada e cara obra, o Rolls-Royce Phantom VI Cabriolet Frua. Ele já havia desenhado dois carros especiais tendo como base o automóvel mais caro da época, em versão Drophead. Mas, enquanto o Drophead era um duas-portas, o Cabriolet seria um luxuoso quatro-portas, também conversível.

O primeiro Drophead ficou pronto em 1973 e foi entregue a seu comprador, um diplomata de Mônaco com residência na Suíça. Já o Cabriolet, iniciado em 1983, teve a construção paralisada devido à morte de Frua e só foi terminado pela empresa inglesa Royle Cars, seguindo o desenho original, em 1992 — um ano após o encerramento da produção do próprio Phantom VI pela Rolls-Royce. O carro não era grande só em seu tamanho, de 6,45 metros, mas também no preço. À época foi o mais caro carro novo já produzido, com valor final de mais de um milhão de libras esterlinas.

Outras criações de Frua: um belo cupê com motor Audi 100 em posição central (à esquerda) e o esportivo elétrico Amectran EXAR-1 para os EUA
O Lamborghini Espada deu origem à perua Faena; o Rolls-Royce Phantom conversível de quatro portas (à direita) só foi concluído após nove anos

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade