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O sopro francês sobre a Itália

Embora batizado com o nome de um vento frio e seco, o
Mistral era mais um esportivo quente e apaixonante da Maserati

Texto: Marcelo Ramos - Fotos: divulgação

Quando os irmãos Maserati resolveram construir seu primeiro carro, nos idos de 1914, tinham apenas um objetivo: vencer corridas. Só no pós-guerra a marca do tridente passaria a produzir automóveis de rua, decisão que se deveu a dois fatores: o primeiro era que a empresa estava na penúria, e em 1937 os irmãos Maserati venderam a fábrica para a família Orsi, mas como rezava uma cláusula do contrato, eles nela trabalhariam por mais 10 anos. Com o fim do contrato os antigos donos deixaram a marca e os Orsi resolveram fabricar automóveis de passeio, mas sem abandonar as pistas de corrida.

O segundo fator era que, como a empresa tinha poucos recursos, pois a guerra havia arrasado a Itália, teve que optar pela categoria Sport Cars, em vez da Grand Prix – mais prestigiada, o equivalente da Fórmula 1 na época. Assim surgia em 1947 o A6, primeiro modelo de rua e competição da Maserati, que se tornou um ícone da marca. Dez anos depois era apresentado o 3500 GT, que trazia linhas vigorosas e muito conforto.

As versões cupê e Spyder (conversível) do Mistral: estilo elegante e imponente, menores dimensões e motor mais potente que o 3500 GT

Mas uma empresa não vive apenas de um modelo, e em 1963 a marca italiana convocou a Pininfarina para projetar dois novos carros. Um deveria ser um autêntico GT, com estilo imponente, mas menor e mais potente que o 3500 GT. A princípio era chamado apenas de Due Posti, ou dois-lugares, mas seu codinome oficial era Tipo 109. Já o nome definitivo, que seria utilizado na produção, deveria remeter à essência do projeto. Foi escolhido Mistral, um vento forte, frio e seco que sopra no sudoeste da França. Esse nome também iniciaria um costume na Maserati, que batizaria outros modelos – como o Bora e o Ghibli – com nomes de ventos, assim como a Lamborghini utiliza nomes de touros de briga.

Para definir as linhas do esportivo, a casa de Turim escalou o prodigioso Pietro Frua. Com 40 anos de idade, Frua havia ingressado na então Farina com apenas 17 anos e aos 24 já era chefe de estilo da casa. Com o tempo desenvolveu um estilo bastante peculiar, que ficou conhecido como "linha Frua". Para a Maserati já havia desenhado, em 1951, o A6G, que se tornara um dois ícones daquela linha. Frua também seria o responsável pelo estilo do modelo a ser construído em simultâneo ao Mistral, o famoso Quattroporte, que tinha linhas baseadas nas do extravagante 5000 GT (evolução do 3500).

O chassi tubular era similar ao daquele modelo da Maserati, mas encurtado em 20 centímetros, pois o Mistral não tinha banco traseiro

A mecânica do novo esportivo seguiria o padrão de seu irmão mais velho, inclusive o chassi tubular, que foi reduzido em 20 centímetros no entreeixos. A suspensão se manteve independente na frente, com braços sobrepostos e molas helicoidais; a traseira utilizava eixo rígido com molas semi-elíticas. Os freios eram a disco nas quatro rodas, fornecidos pela Girling, e os pneus eram Pirelli 205-15 em belas rodas de aro 15 pol. A carroceria era construída em alumínio, fornecida pela Maggiora. Continua

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Data de publicação: 14/9/04

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