
Antecessor: apesar do êxito em
quatro continentes, o R18 lançado em 1978 estava desatualizado diante
dos novos concorrentes dos anos 80



Linhas retas e simples, amplas
dimensões, boa aerodinâmica: o R21 estreava em 1986, de início só com
duas versões de motor de 1,7 litro |
Na
história do automóvel há exemplos de modelos de sucesso e insucesso.
Alguns salvaram a fábrica da falência ou aliviaram as finanças. Outros,
por teimosia ou falta de melhor estudo de mercado, acabaram por
prejudicar mais ainda a empresa. A famosa fábrica de automóveis francesa
Renault — então Régie Nationale des Usines Renault, de controle estatal
—, que sempre lutou no mercado interno contra a Peugeot e a Citroën,
teve desde a Segunda Guerra Mundial vários modelos de êxito e alguns que
não foram bem-sucedidos.
Um dos campeões de venda do pós-guerra foi o
4CV, conhecido no Brasil como Rabo Quente, por ter motor traseiro
barulhento e de refrigeração complicada. No segmento médio nos anos 50 o
Frégate não vendeu muito, mas não fez
feio. No fim da década nascia outro grande marco na história da
companhia, o Dauphine. Nos
anos 60, o Renault 4 foi um enorme
sucesso seguido pelo pequeno sedã R8 e por
um dos primeiros hatches modernos, o R16,
que balançou a concorrência. Na década de 1970 o sedã médio
R12 tinha boa aceitação na Europa — e aqui
gerou o Ford Corcel de primeira
geração. O pequeno R5 era outro
cujas vendas dispararam e que ganhou uma enormidade de versões, até com
motor central-traseiro e turbocompressor.
Seguiram-se os cupês R15 e R17, sem muito
sucesso; o sedã R18, vendido em quatro
continentes e produzido também na Argentina; e os maiores
R20 e R30, que cumpriram seu papel, mas
não alcançaram o prestígio das marcas de luxo.
Em 1979 a Renault assumia um grande risco. Comprava a maior parte das
ações da AMC, American Motors Company, a quarta das fábricas
norte-americanas — depois de General Motors, Ford e Chrysler —, que
havia anos se mantinha em dificuldade financeira, apesar de fabricar
carros interessantes. A parceria começara na década de 1960 com a
fabricação na Bélgica do Renault Rambler, que também naufragou em
vendas. Um tanto inadequado ao mercado europeu, tinha um motor de seis
cilindros beberrão e antiquado.
A invasão nipônica aos Estados Unidos ganhava relevo nos anos 70,
sobretudo por Honda, Toyota, Mazda e Subaru. Os alemães desde os anos 50
estavam por lá e nos 60 firmaram-se bem com o sedã
Volkswagen e a Kombi. A
Renault tentou se estabelecer na terra de Tio Sam com o Dauphine,
produzindo até uma versão com caixa automática, mas não obteve sucesso.
Queria voltar agora usando a rede de distribuição da AMC para o pequeno
R5, chamado de Le Car, e os médios R9 e R11, lançados em 1980. Os
franceses competiriam com o Honda
Civic, ainda com medidas modestas, e o
VW Golf, chamado na América do
Norte de Rabbit. A Renault também queria atacar o bom mercado canadense,
em que esperava maior aceitação por causa das origens francesas. O R9 e
o R11 chamavam-se lá Alliance e tiveram versões cupê e conversível, não
disponíveis no mercado europeu.
Enquanto isso, no Velho Continente o R18, que fora o segundo carro mais
vendido na França — atrás somente do R5 — em 1980 e 1981, envelhecia e
começava a ter suas vendas canibalizadas pelos menores R9 e R11.
Precisava de um substituto com certa urgência. Em 1985 os protótipos do
projeto L48 já rodavam em testes por toda a Europa, na África e nos EUA.
Era um sedã com linhas muito retas, ângulos bem definidos e ótima área
envidraçada. Em princípio concorreria com os conterrâneos Peugeot 305 e
Citroën BX, o italiano Fiat Regata, o
anglo-alemão Ford Sierra e os germânicos
Opel Ascona (igual ao Monza
brasileiro) e Volkswagen Passat.
Continua
|