Os conceitos Anadol FW11, em
cima, e Volvo Tundra foram elaborados por Bertone e anteciparam, de
certo modo, as linhas básicas do BX
Apesar de muito retilíneo, o
estilo do BX esbanjava modernidade, assim como o interior, em que uma
lente no painel que mostrava a velocidade |
Se
há uma empresa que valoriza projetos únicos, de vanguarda, esta é a
francesa Citroën. Fundada em 1919 por André Citroën, a marca sempre se
colocou à frente de seu tempo, lançando veículos arrojados e, se nem
sempre muito bonitos, certamente recheados de técnica e refinamento
mecânico.
Assim foi com o Traction Avant
dos anos 30, o DS dos 50, o
CX e o SM
dos 70 e também com o GS, carro médio
lançado em 1970 no Salão de Paris. Mesmo evoluindo com o passar dos
anos, a necessidade de um novo modelo chega para todos os fabricantes. A
resposta da Citroën frente aos concorrentes de peso na época (Peugeot
305, Renault 9, Opel Kadett,
VW Golf,
Fiat 131 e Ford Escort) veio
sob o nome BX em 1983, com estréia em grande estilo: sob a Torre Eiffel,
cartão-postal parisiense.
Depois de cinco anos de desenvolvimento e inúmeros protótipos
construídos, o novo carro dos franceses, visto de lado, lembrava a
silhueta do antecessor: linhas retas, dois volumes, cinco portas e a
traseira de caída suave, no melhor estilo
fastback. O desenho do modelo, porém, já não era algo inédito. O BX,
desenhado nos estúdios Bertone, tinha seus traços baseados nos conceitos
Anadol FW11 e Reliant Scimitar SE7, de
1977, além do Volvo Tundra, de 1979 — este último muito semelhante. Isso
não era surpresa, já que o próprio GS guardava semelhanças com o estudo
de Pininfarina para o Austin 1100. O BX foi o primeiro modelo 100%
criado pelo grupo PSA, criado após a aquisição da Citroën pela Peugeot
em 1976.
À frente o carro exibia faróis retangulares e não havia grade. O
logotipo da marca vinha na lateral, próximo ao farol esquerdo. As luzes
de direção, menores em altura, avançavam pelos pára-lamas. Os
pára-choques eram feitos de plástico e nem as caixas de roda escapavam
da ditadura de linhas retas (as de trás encobriam parte das rodas,
estilo que veio do GS e estava presente em outros modelos da linha). A
área envidraçada era um destaque e havia um só limpador de pára-brisa,
como no Fiat Uno. A terceira coluna, larga, recebia uma entrada de ar e
a traseira exibia lanternas quadradas e um grande vidro na quinta porta.
Seu coeficiente aerodinâmico (Cx) era de
0,34, muito bom para seu tempo.
Internamente o BX não negava o DNA futurista dos carros da Citroën. O
painel retilíneo, mas muito moderno, recebia um volante de dois raios
muito próximos entre si (que na prática funcionavam como um só raio),
outra característica que acompanha os modelos há tempos. Para o
motorista estavam disponíveis comandos em satélite (também como no Uno).
Interessante era a solução encontrada para o velocímetro: como no CX, um
visor deixava visível apenas o número relativo à velocidade do momento,
que aparecia como nos hodômetros.
Os bancos davam conforto aos cinco ocupantes, assim como o entreeixos de
ótimos 2,65 metros, número respeitável até mesmo para os médios de hoje.
Com 4,22 m de comprimento, 1,65 m de largura e 1,36 m de altura, o BX
compartilharia sua plataforma com o Peugeot 405, lançado em 1987. As
versões de acabamento eram básica, 14 E, 14 RE, 16 RS e 16 TRS.
Continua
|