Em nome da aerodinâmica

Na linha de sucessão dos marcantes Traction e DS, o
Citroën CX deu mais um largo passo em estilo e tecnologia

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

A preocupação com a aerodinâmica vem de longa data na indústria automobilística. Prova disso era o veículo elétrico belga Jamais Contente, que em 1899 bateu o recorde de velocidade mundial ao atingir 105,88 km/h. Sua carroceria, obra de Camille Jenatzy, tinha a forma de um torpedo. Mas não era um carro de série. Vários modelos que disputavam corridas desde os primórdios das competições tiveram carrocerias em formas que lembravam torpedos, balas, pássaros ou peixes. Tudo em nome da fluidez.

Em 1934, quando o Citroën apresentou o modelo Traction no Salão de Paris, sua carroceria já tinha um perfil aerodinâmico. Apesar de não oferecer muita potência em seu motor, suas formas proporcionavam bom desempenho para a época. A tendência não mudou quando da apresentação do DS, em 1955. Desenhado pelo mesmo projetista do Traction, o brilhante Flaminio Bertoni (não confundir com Bertone, do estúdio italiano), também apresentava um desenho inspirado numa bolha. Teve o coeficiente aerodinâmico estudado.

Sensação no Salão de Paris de 1974: a apresentação pública do CX, um legítimo substituto para outros modelos de técnica avançada da Citroën

Ao fim da década de 1960, a Citroën estava em situação financeira delicada e com uma linha antiquada de produtos. O DS, o 2CV e seus derivados ainda vendiam bem, mas a concorrência era forte. Mas estudos de um novo modelo começaram a ter andamento. Seria o novo topo de linha da Citroën, em substituição ao DS.

A renovação começava em 1970 com o lançamento do médio GS, apresentado no Salão de Paris. Também não tinha linhas convencionais, já um padrão da empresa, e a preocupação com a aerodinâmica estava clara em suas linhas. Agradou aos clientes fiéis da marca. Outro destaque era o esportivo de luxo SM, apresentado em Genebra no mesmo ano. Um pouco antes, em 1967, o famoso estúdio italiano Pininfarina fizera o estudo de um automóvel aerodinâmico, cuja intenção era substituir a envelhecida linha 1800 da Austin inglesa.

A denominação, que é a sigla para coeficiente aerodinâmico, tinha justificativa: o do CX era de 0,375, similar ao de concorrentes lançados anos mais tarde

O projetista francês Robert Opron, que havia ingressado na Citroën nos anos 60, gostou muito deste projeto e fica claro que se inspirou nele para desenhar o GS e o novo sedã médio-grande. Várias propostas de carroceria foram analisadas, entre elas um quatro-portas com traseira muito próxima à do SM e outro cuja frente era convencional, com faróis e grades retangulares, ferindo um pouco o conceito aerodinâmico. Cogitou-se para esse carro um motor de quatro cilindros opostos e também um Wankel com três rotores, mas os estudos não foram adiante. Como resultado, ele nunca teve espaço para um motor de seis cilindros.

O esperado substituto do DS era apresentado à imprensa em agosto de 1974 e ao público no mês seguinte no Salão de Paris. Chamava-se CX, que é também a sigla para coefficient de traînée ou coeficiente aerodinâmico em francês. Suas linhas eram dignas desta denominação. Seu coeficiente era de 0,375, um dos melhores de sua classe e compatível com o de alguns modelos lançados na década seguinte, como a segunda geração do Volkswagen Passat (o Santana brasileiro) e a terceira do Opel Ascona (nosso Monza).
Continua

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Data de publicação: 26/5/07

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