Germânico globalizado

De início feito apenas na Alemanha, o Ascona tornou-se um carro
mundial na terceira geração, que deu origem a nosso Monza

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A Adam Opel AG, empresa alemã fundada em 1862 e fabricante de automóveis desde 1899, passou em 1929 para as mãos da General Motors. Na década de 1960, além do luxuoso Kapitän, produzia duas famílias de automóveis de sucesso: o Kadett, modelo compacto cuja história havia começado antes mesmo da Segunda Guerra Mundial, e o Rekord, um carro mais amplo, já com diversas evoluções desde sua estréia em 1953.

Em 1968, três anos depois do lançamento da geração B do Kadett, a empresa de Rüsselsheim trabalhava em um sucessor para ele quando a Ford alemã, talvez sua maior concorrente, apresentou um novo Taunus. O suíço Bob Lutz, então na Opel — hoje chefe de desenvolvimento de produtos da GM em termos mundiais —, percebeu que não teria uma resposta a esse lançamento se persistisse no projeto de um novo Kadett, nome ligado já há décadas a um modelo popular. Assim, alterou os rumos e optou por uma denominação exclusiva, que permitisse ao projeto 1.450 competir com automóveis de segmento superior.

Na primeira geração, de 1970, o Ascona lembra muito o Kadett de três anos depois, nosso Chevette -- até mesmo na configuração mecânica, com tração traseira

No Salão de Turim, em novembro de 1970, era então apresentado o Ascona — nome de uma cidade turística no sul da Suíça, já usado em uma versão do Rekord. Disponível como sedã de duas ou quatro portas e como perua de três portas (Voyage), mostrava linhas simples e equilibradas: três volumes bem definidos, o porta-malas à mesma altura do capô, janelas dianteiras sem quebra-ventos, faróis circulares. Na perua a tampa traseira era bem inclinada e havia opção de um acabamento simulando madeira nas laterais, bem ao gosto americano. No quatro-portas já se notava a curva ao final das janelas traseiras, inspirada nos BMWs, que se acentuaria nas gerações posteriores. Logo atrás delas havia saídas de ar, outra característica que o carro nunca perderia.

A concepção mecânica do Ascona era tradicional, com motor longitudinal, tração traseira, suspensão independente por braços sobrepostos à frente e, atrás, eixo rígido com barra Panhard. Havia duas opções de motores de quatro cilindros: com 1,2 litro, comando de válvulas no bloco, potência de 60 cv e torque de 9,2 m.kgf; e com 1,6 litro, comando no cabeçote, 80 cv e 12,2 m.kgf. Todos usavam câmbio manual de quatro marchas. A mesma plataforma havia dado origem, dois meses antes, ao cupê esportivo Manta.

A linha incluía sedãs de duas e quatro portas e perua, versão esportiva SR (ao lado) e motores de 1,2 a 1,9 litro, com potência entre 60 e 90 cv

A primeira geração não teve grandes alterações de estilo durante seu tempo no mercado, mas recebeu pequenas evoluções. O motor de 1,9 litro, com as mesmas características do segundo 1,6, 90 cv e 15,2 m.kgf chegava em março de 1971. No mesmo Salão de Genebra aparecia a versão esportiva SR, com os motores de 80 e 90 cv, faróis auxiliares e rodas esportivas; surgia também a opção de diferencial autobloqueante. Em junho de 1973 vinham encostos de cabeça e cinto de três pontos de série nos bancos dianteiros, enquanto o motor 1,6 perdia rendimento, ficando com 68 cv e 10,5 m.kgf. Em março do ano seguinte chegava a Caravan, uma perua de acabamento mais simples que a Voyage. No entanto, com a chegada da nova geração do Kadett em 1973, ele e o Ascona haviam se tornado muito próximos, o que a Opel só resolveria com uma reformulação de seu modelo médio. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 4/2/06

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade