Um francês multifuncional

Das versões mais econômicas ao Turbo de 160 cv, o Renault 5
provou que os carros pequenos podem ser grandes automóveis

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Desde que a velha Europa, no final do século 19, presenciou as primeiras carruagens sem cavalos, os automóveis pequenos são muito apreciados. Em todas as grandes cidades, com suas ruas seculares e na maioria estreitas, eram mais fáceis de transitar e estacionar os carros com menores dimensões. Franceses, ingleses, alemães e italianos disputavam o mercado dos pequenos carros. O modelo básico normalmente era muito rústico, mas sempre havia versões enriquecidas com acessórios e melhores motorizações. E ficavam muito interessantes.

Após a Segunda Guerra Mundial, a França disputava essa categoria com o Citroën 2CV, o Renault Juvaquatre, já bem envelhecido, e o 4CV, conhecido aqui como "Rabo Quente". A Itália com o Fiat Topolino, a Alemanha com o sedã Volkswagen e a Inglaterra com os Morris e Austins pequenos. Uma guerra sem tiros, mas muito acirrada, com pequenos volumes, poucos cavalos, preços baixos e muita economia.

Em 1972, surge o R5: um compacto moderno, de linhas angulosas, grande área envidraçada e com uma grade que parecia um sorriso maroto

Na década de 1960 entravam em cena, aumentando a concorrência, o Mini inglês, o novo Fiat 500 e o Renault R4. Em 1967, o presidente da Renault, Pierre Dreyfus, dava partida ao projeto 122. Seria um carro pequeno, de dois volumes, estilo moderno, econômico e de custo acessível. Um carro que atendesse muito bem como segundo da família ou até como primeiro. A jovens universitários, a famílias menos abastadas, para um público bem variado. Para conter os custos, aproveitaria motores em produção.

No inicio da década de 1970 os produtos "populares" da Renault — o R4 e o R8 — já estavam envelhecidos. Em janeiro de 1972 eram divulgadas as primeiras fotos pela fábrica e, um mês depois, o novo Renault 5, desenhado pelo jovem estilista Michel Boué, se tornava conhecido do público.

Três portas, 3,5 metros de comprimento e uma particularidade: entreeixos maior em um lado que no outro, uma imposição da suspensão traseira com barras de torção transversais

O pequeno dois-volumes tinha 3,50 metros de comprimento, grande área envidraçada e linhas modernas, angulosas. Na frente, dois faróis retangulares e uma grade horizontal que parecia um largo e maroto sorriso. Transmitia simpatia logo de cara. Uma novidade que faria escola em todo o mundo eram os pára-choques incorporados à carroceria, como todos hoje são — só que no pequeno Renault eram na cor cinza. Foram lançadas as versões L e TL.

Na L, mais simples e com taxas de circulação menores, o motor (longitudinal, posicionado atrás do eixo dianteiro e refrigerado a água) tinha quatro cilindros em linha, 782 cm³, potência de 34 cv e um carburador de corpo simples Solex. O câmbio tinha quatro marchas e sua alavanca vinha do centro do painel, herança do R4, como também o grupo propulsor. A velocidade máxima era de 120 km/h. Na versão TL vinha o motor herdado do R8: 956 cm³, virabrequim com cinco mancais (para menores vibrações e maior durabilidade) e 43 cv a 5.500 rpm. Também com quatro marchas, a alavanca deste saía do assoalho.
Continua

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Data de publicação: 13/11/04

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