A evolução da revolução

Depois de ousar com o 204, a Peugeot aplicou a fórmula a
um carro maior, o 304, que vendeu mais de um milhão

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

O sedã 304, de linhas discretas, mantinha a identidade da marca na grade e nos faróis; o interior ficava mais agradável nesse modelo 1975

O cupê, de traseira mais curta, ampliava a linha em 1970 e usava o mesmo motor de 1,3 litro e 65 cv do sedã, associado a tração dianteira

A ousadia traz incógnitas a um fabricante de automóveis. Pode ser um sucesso de vendas ou um verdadeiro fracasso. Na década de 1930 a Peugeot fez tendência com os modelos 202/402, seus faróis dentro da grade dianteira e pára-lamas lisos. Após a Segunda Guerra Mundial a empresa, terceira em produção na França, preferiu a tradição lançando o 203 em 1948. Na década de 1950 o sedã 403 tinha carroceria comportada, apesar do desenho da famosa empresa italiana Pininfarina. Foi um sucesso e sua receita se repetiu com o belo 404. Mas a empresa de Sochaux precisava de algo novo, aproveitando que a concorrência local estava com produtos antiquados e sem genialidade no segmento de carros pequenos.

Nessa época, em meados da década de 1960, a Simca tinha o compacto 1000 com quatro portas e motor e tração traseiros, e a Renault, o R8 com a mesma configuração. A Peugeot revolucionou ao lançar o sedã 204, em 1965, com motor transversal, tração dianteira e suspensão independente nas quatro rodas. Agradou em cheio e mostrou que a receita poderia ser aproveitada num irmão maior. Em 1967 começava o projeto D18, sobre a base do 204. O carro usaria a mesma distância entre eixos, mas a frente e a traseira seriam mais longas. Um dos objetivos era aumentar a capacidade do porta-malas.

No Salão de Paris de 1969 era apresentado o Peugeot 304. Suas linhas modernas eram claramente inspiradas nas do 204, mas estavam mais retas e elegantes, pois o carro era destinado a concorrer em outro segmento. Apesar de mais longo, seria o substituto do 204 por algum tempo, pois o projeto do menor carro da marca, o 104, estava em andamento. A grade do radiador tinha frisos horizontais, os faróis eram hexagonais e abaixo deles vinham luzes retangulares de direção, como no maior 504. Os críticos de plantão logo o apelidaram de “504 dos pobres”.

Os pára-choques eram cromados e protegidos por borracha contra pequenos impactos. Numa cidade como Paris, já na década de 1970, achar vagas para estacionar não era tarefa fácil e a pressa de estacionar dos franceses é famosa, não se importando com pequenos toques nos carros vizinhos... Visto de lado tinha certa semelhança com o Alfa Romeo Berlina de 1968. A área envidraçada era muito boa e, se equipado com o opcional teto solar, a claridade interna era notável. Os três sedãs mais modernos da linha, de tamanhos diferentes, traziam clara identificação de marca com a semelhança do conjunto de grade e faróis. A mesma tática era usada nas alemãs Opel e BMW.

O novo familiar de três volumes, desenhado dentro do estúdio Peugeot pela equipe de Paul Bouvot, media 4,14 metros de comprimento, 1,41 m de largura, 1,57 m de altura e 2,59 m entre eixos. Tinha estrutura monobloco e peso de 915 kg. Por dentro havia luzes de cortesia na frente e o painel retangular incluía voltímetro. Acima dos instrumentos, contornando toda a frente do painel, havia um aplique de plástico imitando madeira. Os bancos confortáveis levavam cinco passageiros e o acabamento era correto.

O motor longitudinal tinha bloco e cabeçote (onde estava o comando de válvulas) em alumínio. Era moderno e, com 1.288 cm³, fornecia potência de 65 cv e torque máximo de 10,5 m.kgf, alimentado por um carburador Solex. A velocidade máxima apontava 155 km/h, o câmbio de quatro marchas tinha alavanca no assoalho e a tração era dianteira. A suspensão independente nas quatro rodas, com molas helicoidais, fazia dele um carro muito estável. O 304 tinha freios a disco na frente e a tambor atrás e pneus radiais 145 SR 14. Continua

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Data de publicação: 12/8/08

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