Francês com ar americano

No difícil pós-guerra a Peugeot começou a se reerguer
com o 203, um médio que contou com ampla família

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Copiar sempre foi um ato comum na indústria automobilística. No pós-guerra, todas as empresas tentavam fazer o novo — ou algo que parecesse novo — com o que já existia. Aproveitar e economizar eram palavras de ordem, mas também se restabelecer, se reerguer. Na França, a Citroën estava bem no mercado com o modelo Traction Avant; o pequeno 2CV já estava quase pronto. A Renault caminhava no projeto do também popular 4CV, o "Rabo Quente".

Por sua vez, a Peugeot queria fazer um carro médio e popular para entrar numa lacuna de mercado. Os modelos existentes, 202 e 402, estavam bem envelhecidos. O projeto de um novo carro havia começado a ser desenvolvido durante a guerra. Em 1948, no Salão de Paris, era apresentado o 203. Tratava-se de um quatro-portas que levava quatro pessoas com conforto. Suas linhas tinham clara inspiração americana. Assim como o 402 se inspirou no Chrysler Airflow, o novo automóvel de Sochaux mostrava semelhança com os Chryslers, Fords e Chevrolets da época.

Capô central elevado, linhas curvas, traseira em formato fastback: o estilo
do 203 lembrava o de modelos da Chevrolet, Ford e Chrysler em tamanho menor

O lançamento francês era compacto e bem adequado às condições de uso européias. Media 4,35 metros de comprimento, 1,62 m de largura, 1,50 m de altura e tinha entreeixos de 2,58 m. Pesava 910 kg. Suas linhas eram fluidas e curvas. A frente exibia faróis circulares, a parte central do capô bem alta e uma generosa grade cromada com frisos horizontais. Visto de perfil notava-se a boa largura da coluna central e, nesta, as flechas "bananinhas" que indicavam a direção a ser tomada pelo condutor. Sua traseira em formato fastback estava na moda, mas o vidro traseiro pequeno dificultava a visibilidade. As portas dianteiras tinham abertura tipo "suicida", muito comum na época. O acesso a bordo era ótimo.

De série vinha com teto solar. Recebia cromados discretos em sua lateral e também no contorno dos vidros. As rodas recebiam calotas sem maiores ornamentos. Por dentro não exibia luxo, mas tinha aquecimento interno e vidro traseiro antiembaçante. O painel era da cor da carroceria, em chapa, e tinha um mostrador central com velocímetro, nível de combustível e temperatura do motor; nas laterais, dois generosos porta-luvas. O volante de quatro raios era bonito e a posição de dirigir era muito boa, com bancos confortáveis. Nos forros das portas dianteiras havia bolsas para objetos. O 203 começou a fazer muito sucesso como um carro familiar sem maiores pretensões, fácil de manter e robusto.

Mecânica simples: motor de 1,3 litro e 42 cv, câmbio de quatro marchas com
tração traseira, suspensão independente à frente e de eixo rígido atrás

Seu motor era dianteiro e longitudinal, refrigerado a água, com quatro cilindros em linha e 1.290 cm³ de cilindrada. Tinha o bloco em ferro fundido e o cabeçote em Alpax, uma liga leve, com câmaras hemisféricas e comando de válvulas no bloco. Alimentado por um carburador de corpo simples da marca Solex, desenvolvia a potência de 42 cv a 4.500 rpm. A velocidade máxima era de 120 km/h, com câmbio de quatro marchas (sendo que a primeira não era sincronizada) e tração traseira. A suspensão dianteira era independente e usava feixes de molas; atrás recebia eixo rígido e molas helicoidais. O carro usava pneus 155-400 e sua estabilidade era adequada. Os quatro freios eram a tambor. Continua

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Data de publicação: 3/7/07

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