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Um Airflow com garras de leão

A série 2 da Peugeot mostra que o gosto
pela ousadia não é novidade para a marca francesa

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Pode parecer só um detalhe estético, mas os faróis escondidos atrás da grade deram aos carros da série 2 da Peugeot uma personalidade única nos anos 30 e 40. Eles seguramente figuram entre os mais criativos da primeira metade do século passado. A discutível solução do desenho estava bem à frente de seu tempo, embora dentro da tradição francesa de vanguarda em tudo que diz respeito a estilo.

O resto das linhas já não era tão original assim. A bela carroceria aerodinâmica da série 2 era declaradamente inspirada no Airflow, sedã americano produzido pela Chrysler desde 1934 sem o sucesso comercial que sua fama sugere. Mais que corajosa, a escolha do fabricante sediado em Sochaux precisava fazer frente ao moderno Traction Avant da Citroën.

Os faróis atrás da grade garantiam uma aparência peculiar ao 402. Ao lado a versão conversível Eclipse

Inaugurando a série no Salão de Paris de 1935, o 402 rendeu boas vendas. Foram 30.800 unidades naquele ano. Na base da grade em forma de escudo ficava um detalhe interessante: o zero do logotipo 402 servia de encaixe para a manivela em caso de avaria no motor de arranque — como hoje, na traseira do 607, esconde o botão da tampa do porta-malas.

O projeto gerou um bom número de versões de carroceria. As mais marcantes eram o sedã, em diferentes configurações de assentos, o cupê e o conversível. Esta última, batizada de Eclipse, com as saias dos pára-lamas traseiros fazendo-o lembrar o rabo de um castor, contava com acionamento elétrico do teto, que então se ocultava sob a tampa do porta-malas, em sistema similar ao do 206 CC de hoje. Bela e elegante, era admirada como uma tradução automotiva da escultura de Rodin.

Uma curiosa variação do 402 para uso do corpo de bombeiros: motor de 2,0 litros e 55 cv, entreeixos de mais de três metros

Sob o capô ficava o primeiro motor com válvulas construído pela marca, um quatro-cilindros em linha de 1.991 cm³ que produzia 55 cv a 4.000 rpm. Chegava a 120 km/h, numa época em que 100 km/h eram alta velocidade. Havia duas opções de distância entre eixos: 3,15 e 3,30 metros. O câmbio de três marchas tinha a alavanca no painel. Continua

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Data de publicação: 1/7/03

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