O falcão da Buick

Versão dos Chevrolets Monza e Cavalier norte-americanos, o
Skyhawk viveu à sombra de seus irmãos de corporação

Texto: Thiago Mariz - Fotos: divulgação

O primeiro Skyhawk: três portas, 2+2 lugares, certa esportividade e o conhecido motor V6 de 3,8 litros da Buick com carburador e 115 cv

A versão com teto de vidro Astroroof (em amarelo), que trazia uma faixa de alumínio de lado a outro, e a série Road Hawk 1979, mais esportiva

Foi a crise do petróleo, ainda nos anos 70, que encareceu a gasolina para os norte-americanos e impulsionou o segmento de veículos compactos naquele mercado — compactos para nossos padrões, é verdade. E o grupo General Motors não poderia ficar mal representado na festa dos pequenos, já que a AMC com o Gremlin, a Ford com o Pinto e a própria Chevrolet com o Vega já desbravavam o mercado. Em 1975 era a vez da Buick mostrar o seu representante no segmento, o Skyhawk.
 
Construído sobre a plataforma H, que já servia ao Vega, o Skyhawk — falcão do céu, nome que lembrava o de um modelo médio da marca, o Skylark — era um compacto de 2+2 lugares com estilo fastback, uma versão do próprio Chevrolet Monza lançado no mesmo ano, que também daria origem ao Pontiac Sunbird e ao Oldsmobile Starfire. Ele substituía o Opel Manta de primeira geração, importado para os Estados Unidos e vendido pelas concessionárias Buick, e vinha concorrer com Ford Mustang II, Mercury Capri e Toyota Celica. Possuía um estilo próprio, com frente longa e um prolongamento em cunha que trazia um par de faróis retangulares de cada lado, acondicionados em uma moldura cromada. O para-choque era reforçado com um friso e abaixo dele vinham as grandes luzes de direção. A grade discreta forçava um rebaixamento do capô.

As laterais eram limpas, com discretos cromados nas caixas de rodas, e as portas tinham grandes dimensões, com a linha de cintura em curva terminando em uma traseira de caimento suave. A terceira porta bastante ampla dava total acesso ao porta-malas. As lanternas eram baixas e com ângulos marcados. No interior, semelhante ao dos irmãos de corporação, havia um painel de linhas retas com acabamento que simulava madeira, volante na cor do interior com três raios metálicos e um console separando os ocupantes da frente, que dispunham de bancos com encosto alto. Era um projeto audacioso brigar com os tradicionais de Detroit, mas o Skyhawk estava bem servido no desenho — inspirado, como o modelo da Chevrolet, notadamente no Ferrari 365 GTB/4 "Daytona", isso em uma época de traços medíocres e pouco inspirados que pipocavam por toda a indústria norte-americana. Era o menor carro feito pela Buick em 60 anos.
 
Na parte mecânica não havia revoluções. O motor V6 da própria Buick, com 3,8 litros, comando de válvulas no bloco e carburador de corpo duplo, obtinha potência de 115 cv e torque de 26,2 m.kgf. Não era um carro leve — quase 1.300 kg — e por isso o motor não fazia milagres nas acelerações, mas a velocidade máxima alcançava adequados 175 km/h. Media 4,55 metros de comprimento, 1,66 m de largura, 1,27 m de altura e 2,46 m de distância entre eixos. A suspensão repetia o conceito independente à frente, com molas helicoidais, e eixo rígido atrás, que servia à tração. Freava com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. A caixa de câmbio inicial era manual de quatro marchas, mas havia uma automática de três como opção. No ano seguinte os modelos da plataforma H foram os primeiros da corporação a adotar um braço de torque na suspensão traseira, mais tarde aplicado aos carros F, Chevrolet Camaro e Pontiac Firebird. Pouco depois do lançamento aparecia uma versão de entrada. Batizada de S, ela perdia alguns equipamentos e ficava mais barata.

Em 1976 um câmbio de cinco marchas entrava no catálogo de opcionais, assim como o Astroroof, um teto de vidro de grandes dimensões delimitado por uma faixa de alumínio ligando as colunas centrais por cima. Um ano depois chegava um teto solar deslizante convencional, mas o acabamento em alumínio ainda podia equipar o modelo. O ano de 1979 marcou uma discreta reestilização frontal do Skyhawk, que perdia o par de faróis retangulares em favor de uma unidade de cada lado. Os vidros laterais traseiras ganhavam um corte reto na parte final e havia novas lanternas na parte de trás. Já o novo pacote Road Hawk (falcão da estrada) trazia estabilizadores mais grossos nos dois eixos, pneus mais largos e acabamento exclusivo por dentro e por fora. Outra opção era a Designers Accent Edition, em que o carro recebia a cor amarela brilhante ou uma combinação de preto e vermelho. Continua

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Data de publicação: 19/1/10

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