


Frente baixa, quatro faróis e
lanternas, curvas suaves: linhas do Manta de primeira geração, que
ganhava ar esportivo na versão SR (embaixo)


Bancos reclináveis e console
vinham em toda a linha; no Berlinetta (embaixo) estreavam teto de vinil,
teto solar e revestimento de veludo |
A
empresa alemã Opel, fundada em 1899 e incorporada à General Motors em
1929, durante décadas dedicou-se a carros comportados — em geral sedãs e
peruas — que não tinham na esportividade um traço relevante. Se a
Volkswagen oferecia desde os anos 50 o charmoso
Karmann-Ghia e marcas como BMW e Alfa
Romeo faziam dos cupês esportivos partes importantes de suas linhas, a
gama Opel chegou a meados da década de 1960 sem uma opção de apelo mais
jovial, a não ser as sóbrias versões de duas portas de
Kadett e
Rekord. O lançamento do pequeno
cupê de dois lugares GT, em 1968, preencheu
uma lacuna na oferta da marca, mas ainda havia espaço para outro
esportivo. Algo como aquele que a Ford europeia — uma das concorrentes
mais diretas da Opel em mercados como Inglaterra e Alemanha —
apresentava em 1969: o cupê médio
Capri, uma espécie de adaptação da proposta do
Mustang aos padrões do Velho
Continente. Era um duas-portas de aspecto informal com ampla gama de
opcionais e de motores, de forma a atender os mais diversos públicos.
De fato, o então novo chefe de Estilo da Opel, Chuck Jordan, admitiria
mais tarde que o Capri estivera nas mentes de sua equipe durante a
concepção do cupê de cinco lugares que a empresa lançaria no Salão de
Paris em setembro de 1970: o Manta. O nome vinha de uma espécie de raia
de grande porte — até oito metros de envergadura —, também conhecida
como jamanta ou morcego-do-mar, e repetia a fórmula da GM
norte-americana com a série Stingray do
Corvette. O logotipo de uma
raia chegou a ser usado nos Mantas exportados para os Estados Unidos. A
base para o projeto foi o Ascona
de primeira geração, sedã médio entre o Kadett e o Rekord que seria
lançado dois meses mais tarde, em novembro. Só depois de concluído o
desenho do Ascona o pessoal de Jordan passou ao cupê. Houve a tentativa
de usar nele a frente do sedã, mas o resultado não agradou e um novo
estilo foi elaborado, com capô tão baixo quanto possível dentro dos
limites legais de dimensões dos faróis.
O resultado foi um atraente três-volumes, que transmitia desempenho sem
se afastar do padrão de estilo do fabricante na época. Os quatro faróis
circulares vinham incrustados na ampla grade preta e faziam conjunto com
as lanternas traseiras, de mesmos número e forma. Leves, as linhas das
laterais traziam um único vinco à altura das maçanetas — sem ondulação
nos para-lamas traseiros, sinal de que o estilo "garrafa de Coca-Cola"
já não tinha lugar nos novos carros. Os para-choques eram finas lâminas
de aço. É possível ver nele alguns traços de nosso
Opala cupê, derivado do Rekord de
1967. Com 4,28 metros de comprimento, 1,60 m de largura, 1,30 m de
altura e 2,43 m de distância entre eixos, porém, o Manta era claramente
mais compacto. Se comparado ao Capri, era pouco mais longo e estreito, 5
cm mais alto e tinha 13 cm a menos entre os eixos, mas usava bitolas
próximas às do Ford. Ao contrário do usual na linha Opel, as versões
para o Reino Unido mantinham esse logotipo em vez de ganhar o da divisão
inglesa Vauxhall.
O cupê era oferecido em duas versões. O acabamento Deluxe era o mais
simples, com calotas conservadoras e interior espartano, mas trazia
bancos dianteiros reclináveis e console central (alguns mercados
receberam também uma versão básica). O SR acrescentava rodas de quatro
raios mais largas com pneus 185/70 R 13, volante esportivo, painel com
conta-giros e manômetro de óleo, interior todo em preto e a opção de
capô e faixas laterais em preto fosco, recurso comum na época. Em
outubro de 1972 era acrescentado o mais luxuoso Berlinetta — termo
italiano para cupê —, com teto revestido em vinil de cor combinando com
a da carroceria, teto solar e pneus como os do SR. Por dentro, o
revestimento usava veludo e o painel trazia conta-giros e apliques em
padrão madeira.
A exemplo do primeiro Ascona, o Manta seguia a concepção clássica de
motor longitudinal dianteiro e tração traseira, que no sedã mudaria
apenas na terceira geração, a mesma lançada no Brasil como
Chevrolet Monza. Os dois motores
disponíveis eram da linha CIH, lançada em 1965 com seis cilindros e que
agora contava com unidades de quatro cilindros. Com bloco e cabeçote de
ferro fundido e comando de válvulas no
cabeçote, o de 1,6 litro podia ter potência de 68 ou 80 cv, com
torque de 10,9 ou 12 m.kgf, na ordem — o modelo de carburador e a
taxa de compressão faziam a diferença.
Já o de 1,9 litro, de série no SR e no Berlinetta e opcional no Deluxe,
vinha com 90 cv e 14,9 m.kgf. Mais tarde foi oferecido o veterano 1,2 do
Kadett, de comando no bloco, 60 cv e 9
m.kgf, que não chegou ao mercado britânico.
Continua
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