Sensualidade sobre rodas

Mesmo sem desempenho à altura, o VW Karmann Ghia
cativou pela beleza e se tornou uma peça de coleção

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Como cupê ou conversível, mas sempre com 2+2 lugares e mecânica simples, o Karmann Ghia agradou de imediato pelas linhas graciosas

O conceito Chrysler Ghia Special de 1952: inspiração para o esportivo

A união de empresas para produzir um novo automóvel pode ser um grande sucesso ou um fracasso total. E foi do primeiro caso um esportivo de 2+2 lugares e concepção simples que começou a ser produzido na Alemanha, em 1955, com a participação de três empresas muito especiais.

Uma das parceiras era a Karmann GmbH (abreviação para Gesellschaft mit beschränkter Haftung, ou sociedade limitada), fabricante de carrocerias especiais desde 1901 na cidade de Osnabrück. Fundada por Wilhelm Karmann, teve como primeiros clientes a Benz, a Opel e a belga Minerva. Era uma especialista em conversíveis, mas também produzia automóveis fechados. A segunda empresa foi a italiana Carrozzeria Ghia & Gariglio, fundada em Turim em 1915 por Giacinto Ghia.

Tinha uma clientela pequena, mas sofisticada, e unia luxo a esportividade em seus produtos. Uma de suas mecânicas preferidas era a do Fiat 501 S. Giacinto morreu em 1944 e sua companhia foi continuada por Mario Boano e Giorgio Alberti. A terceira empresa era a mundialmente conhecida Volkswagenwerk AG, fundada em 1938 em Wolfsburg, na Alemanha. Seus primeiros sucessos foram o sedã (Fusca no Brasil) e depois, baseado nele, o furgão Kombi, lançado em 1950.

No fim dos anos 40 o sedã já era sucesso e os diretores da empresa queriam um esportivo, de projeto simples, derivado dele. Buscavam diversificar a linha. Os primeiros esboços foram apresentados pela Karmann, mas o modelo de quatro lugares logo foi rejeitado, assim como um desenhado pela Pininfarina. Foi aí que Luigi Segre, então proprietário da Ghia, apresentou à VW sua proposta — que foi aceita.

A apresentação do Karmann Ghia para a imprensa e os concessionários foi realizada em 14 de julho de 1955 e, para o público, semanas depois no Salão de Frankfurt. Seu desenho era obra da Ghia, a carroceria era produzida pela Karmann, o aço para ela vinha da antiga Iugoslávia e toda a estrutura mecânica era fornecida pela Volkswagen. O estilo mostrava certa inspiração no carro-conceito — ou carro de sonho, como se chamava à época — Chrysler Ghia Special. Apresentado no Salão de Paris de 1952, foi desenhado por Virgil Exner, diretor do departamento de estilo deste construtor americano.

O cupê de duas portas da Volkswagen era muito atraente. Na frente, faróis circulares e abaixo deles pequenas luzes de direção de forma cônica. Compunham o conjunto duas pequenas entradas de ar cromadas em forma de bolha. Visto de lado, as linhas eram muito arredondadas e as colunas estreitas proporcionavam ótima visibilidade para todos os lados. Formas sensuais e muito femininas. Atrás, lanternas retangulares em posição vertical. Havia poucos frisos e cromados nas laterais e os pára-choques eram envolventes.

Em termos aerodinâmicos, o Tipo 14 — como era conhecido o projeto na VW — não decepcionava. E era muito compacto: em relação ao sedã tinha apenas 12 centímetros a mais. Media 4,14 metros de comprimento, 1,63 m de largura, 1,33 m de altura e 2,40 m de distância entre eixos. Pesava 830 kg.

Por dentro tinha o painel em metal pintado na mesma cor da carroceria, no qual estavam inseridos apenas velocímetro e relógio. O volante, na cor branca, possuía dois raios e aro metálico para acionamento da buzina. A alavanca de câmbio ficava no assoalho e os bancos dianteiros eram individuais. Atrás o espaço era apenas razoável para crianças com até 10 anos. Acima disto, precisava-se inclinar a cabeça para baixo e o espaço para as pernas era muito reduzido. Continua

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Data de publicação: 8/3/08

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