Best Cars Web Site
Carros do Passado

O mais veloz de seu tempo

Elegante e muito potente, o Ferrari 365 GTB/4
"Daytona" alcançava 280 km/h — e marcou época

Texto: Nelson Massini Jr. - Edição: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Com motor V12 de 4,4 litros, atinge potência de 352 cv a 7.500 rpm, velocidade máxima próxima de 280 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos, chegando a 240 km/h em 31,5 segundos. A descrição parece pertencer a um superesportivo de recente lançamento, dotado de toda a tecnologia desta virada de século. Engano.

Os dados referem-se a um automóvel concebido há mais de 30 anos, pela talvez mais emblemática construtora de carros esporte do mundo -- a Ferrari. Trata-se do 365 GTB/4, chamado por muitos de Daytona. Muitos, mas não todos: o comendador Enzo Ferrari, assim como os puristas, nunca se referiram a ele desta maneira, preferindo a tradicional nomenclatura dos números.

O protótipo (esq.) e a versão definitiva

Como em todo Ferrari, números fundamentados: 365 da capacidade individual de cada cilindro, 365,86 cm3 (total de 4.390,35 cm3), GTB de Gran Turismo Berlinetta, e 4 do número de comandos de válvulas, dois para cada bancada de cilindros -- um avanço sobre os 365 anteriores, os GTC, GTS e GT 2+2.

Para substituir o modelo 250 GT Berlinetta, um cupê de alto desempenho e topo de linha da marca, a Ferrari lançou em 1964 o modelo 275 GTB, mantendo o já tradicional esquema mecânico de motor V12 dianteiro e tração traseira. Não havia dúvidas de que o 275 GTB era um dos mais velozes automóveis da época, mas seu motor de 3,3 litros já parecia um pouco pequeno frente aos lançamentos da indústria automobilística. Deve-se lembrar que os anos 60 foram a era de ouro dos automóveis: gasolina barata, Europa reconstruída e os americanos com muito dinheiro para gastar.
Mantendo a configuração de motor dianteiro, exigida por Enzo Ferrari, o 365 GTB/4 logo assumiu posição de destaque na linha de Maranello: era o mais potente, rápido e caro Ferrari de sua época

A Ford usava motores de até sete litros, assim como as outras marcas americanas em seus muscle-cars (saiba mais sobre estes carros). A própria Lamborghini, também italiana, maravilhava o mundo com o lançamento do Miura (leia história). Era necessário um novo modelo para manter o prestígio da Ferrari nesse mercado tão competitivo.

Era grande a pressão para que o novo modelo utilizasse motor central, como o Miura, e que tivesse um aspecto mais próximo dos carros de corrida -- mas il commendatore Enzo assim não quis. Determinou que o novo modelo mantivesse a configuração tradicional, com motor dianteiro. Entre 1966 e 1967 a Ferrari projetou aquele que deveria ser o mais rápido e veloz automóvel produzido em série em sua época.

Traseira curta, cabine recuada e quatro lanternas redondas: estilo característico da marca do cavallino rampante
O Ferrari 365 GTB/4 surgiu pela primeira vez como protótipo em meados de 1967. No Salão de Paris de 1968 a Ferrari apresentou ao mundo a versão definitiva. Foi um grande sucesso.

Em 1967, após dois anos de domínio dos Ford GT40 e Mk II, a Ferrari voltou a se impor uma retumbante vitória na tradicional prova 24 Horas de Daytona, nos Estados Unidos, ocupando os três primeiros lugares (dois Ferraris 330 P4 e um P3). Em homenagem a esse triunfo a imprensa passou a chamar o novo modelo de Daytona.

O 365 GTB/4 era em tudo superlativo: o maior, mais pesado, mais caro, mais potente, mais veloz e mais rápido veículo de rua já produzido pela casa de Maranello. Não só isso: foi o carro de série mais veloz do planeta até meados da década de 80, quando o Lamborghini Countach 5000 QV tomou-lhe o posto.
Os faróis do primeiro modelo, cobertos por uma lente plástica, deram lugar a unidades escamoteáveis quando o 365 voltou-se ao mercado norte-americano

A carroceria foi projetada por Leonardo Fioravanti para o estúdio Pininfarina. Fioravanti foi o responsável por inúmeros outros modelos de sucesso da Ferrari, entre eles o Dino 246 GT (leia história) e o 512 BB, mas ele mesmo diz que o 365 GTB/4 é seu preferido. A construção da carroceria ficou a cargo da Scaglietti, tradicional parceira da Ferrari. Continua

Nas telas
Fala-se muito hoje sobre o filme 60 Segundos (saiba mais), onde Nicolas Cage, no papel de um famoso ladrão de automóveis, rouba em uma noite uma seleção invejável de máquinas. Mas o filme é uma refilmagem de uma produção de 1974, onde há uma ótima cena de perseguição envolvendo o Ferrari 365 GTB/4. Já o conversível 365 GTS/4 foi estrela no filme Gumball Rally, que conta a história da CannonBall, onde duela com um AC Cobra (leia história).

Uma réplica do 365 GTS/4, de cor preta, ficou famosa nas mãos do investigador Sonny Crockett no seriado americano Miami Vice. O construtor da réplica teve problemas legais com a Ferrari, que o acusou de prejudicar a marca por vender uma cópia (que poderia se confundir com a original) por baixo preço, comprometendo o caráter de exclusividade tão prezado pela marca italiana. Ainda hoje são construídas muitas réplicas, utilizando-se principalmente chassi de Corvette.

Clássicos - Página principal - e-mail

© Copyright 2000 - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados