"Não bata: risco de incêndio"

Esse alerta seria oportuno na traseira do Ford Pinto,
compacto americano que poderia ter tido um longo êxito

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

No final da década de 60, a indústria americana enfrentava crescente concorrência dos carros compactos importados. O Volkswagen Beetle (nosso Fusca) ainda fazia sucesso, o Golf estava em preparo e os japoneses da Datsun (mais tarde Nissan) e da Toyota começavam a conquistar seu espaço, seguidos anos depois pela Honda.

Enquanto a General Motors finalizava sua resposta à "legião estrangeira", o Chevrolet Vega, a Ford não se decidia por ingressar ou não no segmento. Seu presidente Semon "Bunkie" Knudsen insistia que a marca deveria se manter nas faixas mais lucrativas de carros médios e grandes. Mas o vice-presidente Lee Iacocca convenceu a empresa da necessidade de um compacto — e, em 1970, assumia sua presidência.

A publicidade de 1972, à esquerda, buscava uma associação com os Modelos T
e A do início do século. Dois anos depois a Ford já oferecia itens esportivos

Denominado Pinto, nome de um cavalo malhado (apesar de seu outro sentido em nosso idioma), o carro foi desenvolvido contra o relógio, em 25 meses, contra 43 da média da época. Iacocca queria vê-lo nas concessionárias como modelo 1971, com as condições de que não pesasse mais de 2.000 libras (910 kg) nem custasse mais de US$ 2.000. Ainda em 1970 ele chegava às ruas, ao lado de seu clone da Mercury, o Bobcat.

Era um sedã de duas portas, seguido logo após pelo três-portas Runabout, com banco traseiro rebatível. Tinha linhas simples mas atuais e um interior espartano, revestido em vinil. O motor, da Ford britânica, era de 1,6 litro, com comando de válvulas no bloco, câmbio manual de quatro marchas ou automático e tração traseira, mas havia opção por um 2,0-litros alemão com comando no cabeçote e 95 cv brutos.

Com 4,3 metros de comprimento e 2,4 m de distância entre eixos, usava pneus 6,00 - 13, suspensão dianteira independente com molas helicoidais e traseira de eixo rígido, com molas semi-elíticas. Os freios dianteiros podiam ser a disco (de série a partir de 1974) ou a tambor. Sua publicidade o definia como "a mesma idéia básica" do Modelo A de 40 anos passados.

Ao lado do duas-portas, o modelo Runabout de três fez sucesso logo ao ser lançado, mas os problemas com o tanque de combustível reverteriam a situação

A estratégia da Ford era efetuar poucas mudanças, para conter os custos. Em 1972 era introduzida uma perua, o Runabout ganhava vidro traseiro mais amplo e surgia o pacote esportivo Sprint. Dois anos depois toda a linha recebia pára-choques mais robustos, para atender à legislação de segurança, e a perua oferecia apliques externos simulando madeira e bagageiro de teto. Vinha também o motor de 2,3 litros, com comando no cabeçote e 82 cv, sendo eliminado o 1,6.

Em 1975 aparecia um V6 de 2,8 litros e comando no bloco, apenas na perua. No ano seguinte, nova grade, quatro opções de acabamento interno, o pacote esportivo Pinto Stallion — caracterizado por faixas pretas no capô e nas laterais — e o motor V6 tornava-se disponível para o sedã e o Runabout. Mudanças de estilo mais evidentes ocorriam em 1977, com novos pára-lamas, lanternas traseiras, pára-choques de alumínio e a opção de terceira porta toda em vidro no Runabout. Continua

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Data de publicação: 16/9/03

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