O esportivo XR4i trazia o duplo aerofólio, experimentado no Probe, e uma interessante solução de três vidros por lado, exclusiva da versão

A frente do XR4 também dispensava a grade superior; o antigo motor V6 de 2,8 litros e 150 cv contrastava com a modernidade de seu desenho

A perua Turnier, com linhas harmoniosas, oferecia apenas os motores de 1,6 e 2,3 litros a gasolina, deixando de lado o 1,3 e o movido a diesel

O topo de linha, o V6 de 2,3 litros e 114 cv, era chamado de "Cologne" ou Colônia por ser feito nessa cidade alemã, o que o diferenciava do inglês "Essex". Antigo, usava comando no bloco, cabeçotes de ferro fundido e, como os anteriores, carburador. Havia ainda um quatro-cilindros a diesel de 2,3 litros e 67 cv adquirido da Peugeot. Havia caixas manuais de quatro e cinco marchas, esta de série em algumas versões, além da automática de três marchas para os três motores mais potentes. A disposição mecânica do Sierra — motor longitudinal e tração traseira — , se pode parecer ultrapassada para um carro moderno da década de 1980, trazia como vantagem a maior capacidade de transmissão de potência para o solo em relação a uma tração dianteira, o que faria toda a diferença nas versões mais "bravas".

E era um carro atualizado em termos técnicos. A suspensão era independente nas quatro rodas, com esquema McPherson à frente e braços semi-arrastados na traseira — nada diferente do que a BMW, marca tão apreciada pelo comportamento dinâmico, usava na época. Os freios tinham discos apenas nas rodas dianteiras, ventilados nas versões a partir de 2,0 litros, e os pneus variavam de 165/80 R 13 a 195/60 R 14. Entre os concorrentes estavam Ascona, Volkswagen Passat, Citroën BX, Renault 18, Fiat Regata e Peugeot 505. Mais tarde viriam Opel Vectra, Renault 21, Peugeot 405 e Austin Montego, além do Passat evoluído em 1988. Ainda em 1982 era revelada a perua da linha, a Turnier, com uma traseira arredondada que combinava com o perfil do conjunto e escolha apenas entre os motores 1,6 e 2,3 a gasolina.

Na eleição do Carro do Ano europeu por jornalistas especializados, em janeiro seguinte, o Sierra ficava em segundo lugar atrás do Audi 100. Se a imprensa exaltava suas qualidades — o vencedor era um carro mais refinado e igualmente moderno —, o modelo da Ford demorou a conquistar o público: parece ter havido rejeição inicial a seu desenho, como já acontecera no passado com os primeiros modelos de linhas aerodinâmicas, caso do citado Airflow. Na Inglaterra, sobretudo, clientes mais conservadores relutaram em abandonar os clássicos três volumes do Cortina. Contudo, a Ford seguiria na tendência dos hatchbacks com o Scorpio, que chegaria dois anos depois.

O primeiro esportivo   A gama continuava a crescer em 1984 com três novidades. A carroceria de três portas vinha em acabamentos simples e mostrava linhas "limpas" com um grande vidro lateral traseiro. As versões V6 ganhavam opção de caixa automática de quatro marchas. Aparecia também o Sierra esportivo, o XR4i, cuja denominação seguia o padrão adotado pela Ford nos anos 80 — XR2i para o Fiesta, XR3i para o Escort. XR indicava "pesquisa experimental" em inglês, 4 era o número do modelo dentro da linha da fábrica e "i" representava a injeção eletrônica do motor.

Oferecido de início apenas com três portas, ele tinha desenho próprio, com três vidros laterais em vez de dois. Além disso, uma larga moldura entre os eixos acompanhava os para-choques, as rodas de 14 pol tinham desenho esportivo e, na traseira, o aerofólio em dois níveis como o do Probe III se tornaria um forte elemento de identificação. O interior vinha com revestimento próprio, detalhes em vermelho e conta-giros no painel, mas o volante permanecia com dois raios, sem a pega esperada de um esportivo. Sob o capô do XR4 estava um motor que, apesar do desempenho adequado, se mostrava incoerente à modernidade do conjunto. Continua

Em escala
Os esportivos RS predominam nas miniaturas. A alemã Minichamps produz o RS 500 hatch de 1988 em escala 1:18, branco, preto ou cinza. A AutoArt também o oferece em preto e em 1:18.
Prefere versões de competição? A AutoArt tem em 1:18 o RS 500 de 1987 da equipe Texaco, preto com vermelho e com ótimo acabamento. Notem-se o banco de competição e os escapamentos.
A Minichamps tem o RS 500 do Campeonato Alemão de Carros de Turismo (DTM) de 1989 em duas opções, ambas com vermelho e branco, sempre na escala 1:43.
A MCW faz o RS Cosworth na mesma escala 1:43. Branco e azul, ele reproduz o carro que competiu em 1988 no Rali da Córsega, na França.
Da Trofeu são três opções de Cosworth 1987 nesse tamanho: o da Texaco do Tour de Corse, branco; o da mesma equipe no Rali de Monte Carlo, branco e vermelho; e o de turismo, azul com branco.
O sedã Sapphire é raro, mas pode ser encontrado no catálogo da Vanguards. O RS Cosworth 4x4 de 1991, em versão de rali, é feito em 1:43.
Na África do Sul
O Sierra ganhou em 1984 cidadania sul-africana. A Ford local o produzia em Porto Elizabeth na versão XR6 com cinco portas e o motor V6 "Essex" de 3,0 litros e 140 cv, herdado do Cortina — o apelido indicava a procedência inglesa do propulsor, de linha distinta da "Cologne" alemã. Havia também o 1,6 da série Kent de comando no bloco (mesma linha que teve versões 1,0 e 1,3 no Brasil nas linhas Ka e Fiesta), em vez do similar de comando no cabeçote do modelo europeu, e um 2,0-litros.

Contudo, uma edição especial viria já no primeiro ano para dar água na boca de seus fãs mundo afora: a XR8. O veterano V8 de 302 pol3 de Mustang (que no Brasil equipou Maverick e Landau) com 4,95 litros, comando no bloco e carburador de corpo quádruplo conseguia potência de 205 cv — similar à que o europeu teria com turbo na versão RS Cosworth, anos depois — e torque de 33,6 m.kgf para um peso de 1.280 kg. Resultado: de 0 a 100 km/h em menos de oito segundos e máxima acima de 225 km/h, de acordo com a Ford.

O XR8 combinava cinco portas a uma aparência similar à do XR4i europeu, incluindo o dupo aerofólio, mas uma grade de aspecto discutível teve de ser adotada. As rodas passavam a unidades da Ronal alemã com 15 pol e pneus 195/60. A caixa manual de cinco marchas era padrão, com amplos reforços na transmissão, e os freios usavam discos ventilados nas quatro rodas. Com extensa recalibração, a suspensão traseira independente foi mantida, o que fez dele um raro Ford V8 com tal arranjo — até hoje o Mustang usa eixo rígido, que apenas algumas versões já fora de linha trocaram por sistemas independentes.

Destinada à homologação para corridas do Grupo 1, a série teve produção limitada a 250 unidades, todas brancas, 50 acima da exigência do regulamento local.

O Sierra sul-africano recebeu em 1989 as alterações de estilo do europeu de 1987, embora sem a opção do três-volumes. Dois anos depois chegava o XR6 3.0i RS, com injeção eletrônica no motor V6. A fabricação local durou até 1992, quando ele foi substituído pelo Telstar — modelo originário da japonesa Mazda, da qual a Ford detinha participação acionária. Mais tarde o Mondeo ocuparia seu espaço.

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