Resposta da Ford aos europeus e
japoneses, o Maverick surgiu em 1969 nos Estados Unidos com linhas
esportivas que lembravam as do Mustang
O Grabber (em cima) foi o
primeiro esportivo da linha, com motor de seis cilindros e 4,1 litros;
embaixo o sedã quatro-portas, de entreeixos maior |
Em
meados da década de 1960, quase 20 anos após o final da Segunda Guerra
Mundial, o consumidor dos Estados Unidos estava cansado da velha fórmula
americana de carros enormes e espalhafatosos, com cromados em
abundância. O rabo-de-peixe, moda que chegou ao ápice no final da década
anterior, já não tinha mais lugar em um mercado de linhas limpas, um
claro desafio à criatividade dos desenhistas. Foi uma fase de transição,
em que os compradores buscavam produtos mais racionais, dotados de mais
substância e menos marketing.
Maior mercado consumidor do planeta e "terra do automóvel", os EUA eram
um filão altamente desejado pelos fabricantes europeus e japoneses.
Durante a década de 1950, Volkswagen e Toyota iniciaram a "invasão
estrangeira" com o Fusca e o Toyopet, carros
pequenos, econômicos e cada vez mais populares. Nos anos 60 a VW
continuou a oferecer o Fusca, mas contava com a concorrência de outros
europeus, como a Renault. A Toyota apresentava o Corona, primeiro carro
japonês projetado para o mercado americano, abrindo caminho para outros
fabricantes nipônicos como a Honda.
Os quatro grandes fabricantes (General Motors, Ford, Chrysler e American
Motors) não ficaram de braços cruzados e, cada um à sua maneira,
apresentaram sua própria interpretação do que deveria ser o carro
compacto americano, menor e mais econômico. A Ford abocanhou parte deste
mercado com o Falcon, lançado em 1959, mas
ao fim da década de 1960 precisava de um produto para sucedê-lo.
A partir da própria plataforma do Falcon, foi apresentado ao público em
17 de abril de 1969 o Maverick, um pequeno (para os padrões do país e da
época) cupê dotado do clássico esquema de motor dianteiro com tração
traseira. Se por um lado mantinha boa parte da mecânica dos irmãos mais
velhos Falcon, Fairlane e Mustang,
por outro oferecia melhor dirigibilidade e mais praticidade, as
principais virtudes dos importados. Seu nome significa em inglês algo
inovador, contrário às tradições.
Era uma adequação do estilo sedutor do Mustang às necessidades das
famílias americanas. Esguio, musculoso, o Maverick em nada lembrava o
visual de carro barato do Falcon. A diferença entre sucedido e sucessor
era gritante: o "patinho feio" da linha Ford cedia lugar a um belo cupê
de capô longo e traseira curta, com o inconfundível formato
fastback, modismo que dominava o fim dos
anos 60.
Apesar de menor, o Maverick ainda não se igualava em porte aos compactos
estrangeiros, sendo apenas um pouco mais curto que o Falcon e
ligeiramente mais pesado. Mas isso não impediu o sucesso do "Mustang
familiar", que logo no primeiro ano superou em vendas o próprio
carro-pônei. Embora tenha sido sucesso de público, o Maverick não foi
poupado pela crítica: as principais reclamações focavam a direção muito
lenta e os freios a tambor, que superaqueciam com facilidade em uso
intenso.
Continua
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