O carro certo na hora errada

A Ford insistiu em lançar o Maverick e pagou o preço: apesar
dos atributos, ele não reprisou o sucesso que fez nos EUA

Texto: Felipe Bitu - Colaboração: Bob Sharp e Fabrício Samahá

Resposta da Ford aos europeus e japoneses, o Maverick surgiu em 1969 nos Estados Unidos com linhas esportivas que lembravam as do Mustang

O Grabber (em cima) foi o primeiro esportivo da linha, com motor de seis cilindros e 4,1 litros; embaixo o sedã quatro-portas, de entreeixos maior

Em meados da década de 1960, quase 20 anos após o final da Segunda Guerra Mundial, o consumidor dos Estados Unidos estava cansado da velha fórmula americana de carros enormes e espalhafatosos, com cromados em abundância. O rabo-de-peixe, moda que chegou ao ápice no final da década anterior, já não tinha mais lugar em um mercado de linhas limpas, um claro desafio à criatividade dos desenhistas. Foi uma fase de transição, em que os compradores buscavam produtos mais racionais, dotados de mais substância e menos marketing.

Maior mercado consumidor do planeta e "terra do automóvel", os EUA eram um filão altamente desejado pelos fabricantes europeus e japoneses. Durante a década de 1950, Volkswagen e Toyota iniciaram a "invasão estrangeira" com o Fusca e o Toyopet, carros pequenos, econômicos e cada vez mais populares. Nos anos 60 a VW continuou a oferecer o Fusca, mas contava com a concorrência de outros europeus, como a Renault. A Toyota apresentava o Corona, primeiro carro japonês projetado para o mercado americano, abrindo caminho para outros fabricantes nipônicos como a Honda.

Os quatro grandes fabricantes (General Motors, Ford, Chrysler e American Motors) não ficaram de braços cruzados e, cada um à sua maneira, apresentaram sua própria interpretação do que deveria ser o carro compacto americano, menor e mais econômico. A Ford abocanhou parte deste mercado com o Falcon, lançado em 1959, mas ao fim da década de 1960 precisava de um produto para sucedê-lo.

A partir da própria plataforma do Falcon, foi apresentado ao público em 17 de abril de 1969 o Maverick, um pequeno (para os padrões do país e da época) cupê dotado do clássico esquema de motor dianteiro com tração traseira. Se por um lado mantinha boa parte da mecânica dos irmãos mais velhos Falcon, Fairlane e Mustang, por outro oferecia melhor dirigibilidade e mais praticidade, as principais virtudes dos importados. Seu nome significa em inglês algo inovador, contrário às tradições.

Era uma adequação do estilo sedutor do Mustang às necessidades das famílias americanas. Esguio, musculoso, o Maverick em nada lembrava o visual de carro barato do Falcon. A diferença entre sucedido e sucessor era gritante: o "patinho feio" da linha Ford cedia lugar a um belo cupê de capô longo e traseira curta, com o inconfundível formato fastback, modismo que dominava o fim dos anos 60.

Apesar de menor, o Maverick ainda não se igualava em porte aos compactos estrangeiros, sendo apenas um pouco mais curto que o Falcon e ligeiramente mais pesado. Mas isso não impediu o sucesso do "Mustang familiar", que logo no primeiro ano superou em vendas o próprio carro-pônei. Embora tenha sido sucesso de público, o Maverick não foi poupado pela crítica: as principais reclamações focavam a direção muito lenta e os freios a tambor, que superaqueciam com facilidade em uso intenso. Continua

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Data de publicação: 26/1/08

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