Nos Estados Unidos o Starion usava motor de 2,6 litros para aumento de torque, mas a potência era menor que no Japão: 145 contra 170 cv

A versão ESI-R para os EUA vinha com para-lamas alargados, rodas de 16 pol e motor de 177 cv; o comportamento dinâmico era muito elogiado

Primeiro com as marcas Dodge e Plymouth e depois pela Chrysler, o Starion foi vendido como Conquest aproveitando uma longeva parceria

No Japão o motor 2,0 turbo foi oferecido também com três válvulas por cilindro, o que o levava a 204 cv e 28 m.kgf. Naquele mercado a linha era revista em 1985 com a chegada da versão GSX-V, à qual se seguiria em 1987 a GSR-VR, com motor de 2,6 litros e a carroceria mais larga — a maior cilindrada era então estendida a todos os mercados, incluindo o europeu. Era também adotado um peculiar sistema antitravamento (ABS) de freios que atuava na transmissão, portanto limitado à traseira.

Nos EUA, a versão ESI aparecia em 1985 com resfriador de ar para que o motor 2,6 turbo obtivesse 170 cv e 30,4 m.kgf. Nesse ano a revista Car and Driver comparou o ESI a Audi Coupe, Chevrolet Camaro, Chrysler Laser, Ford Mustang, Merkur XR4Ti, Nissan 300 ZX e Toyota Supra e colocou-o em quarto lugar. Considerado "um dos mais precisos ajustes de turbo existentes", o modelo foi elogiado também pela estabilidade: "O prazer em dirigir desse cupê está em equilíbrio com os melhores. A direção é segura, a atitude em curvas é estável, e há bastante potência para sair delas".

A carroceria alargada chegava por lá no ano seguinte com o Starion ESI-R, dotado também de freios maiores, bitolas mais largas e rodas de 16 pol com pneus 225/50 atrás e 205/55 na frente. O motor ganhava 7 cv, passando a 177. A revista Road & Track assim o avaliava: "É um carro rápido, e o motor turbo entrega potência imediata e suave, com uma média rotação vigorosa e boa aceleração até seu limite de 6.000 rpm. O comportamento dinâmico é previsível e bem equilibrado, com apenas um leve subesterço. O ESI-R ainda pertence firmemente à categoria de grã-turismos de luxo, ao lado do 300 ZX Turbo e do Supra, em vez de estar na pista de corrida ao lado de Porsches e Corvettes. Mas, nessa classe, é um real competidor".

Já a versão 2,0 turbo foi comparada, no mesmo ano, pela revista inglesa What Car? ao Porsche 924 S — talvez seu oponente de maior prestígio, sendo outros o Lotus Excel, o Mazda RX-7, o Renault Alpine GTA e o TVR 350i. "As últimas mudanças melhoraram muito o desempenho do Starion", relatou. "A aceleração é mais rápida e o refinamento foi muito aprimorado. A pressão do turbo não vem mais em um brusco empurrão em alta rotação, como acontecia antes: a ação agora é bem mais progressiva. Às vezes é difícil perceber que o motor é turboalimentado".

Já o comportamento mantinha uma "qualidade de Jekyll e Hyde", segundo os britânicos: "No seco, ele é previsível e capaz de entreter, um carro divertido que pode ser dirigido rápido com confiança. Mas, em pisos molhados, precisa ser levado com cuidado. É extremamente 'alegre de traseira', pois a variação de câmber da suspensão leva as rodas de trás a escaparem até em velocidades moderadas, e recuperar a trajetória não é fácil". E como se saiu o Mitsubishi diante de um concorrente de marca tão tradicional?

O alemão venceu em desempenho, comportamento dinâmico e na convivência diária, enquanto o japonês foi melhor em acomodação interna. A conclusão do teste: "Enquanto o Porsche centra-se em sofisticação e suavidade, o Starion fornece um estímulo mais cru. Ele é muito rápido, mais até que o 944, mas definitivamente não tão refinado. E dentro dele há mais espaço do que se poderia esperar, mas nada da classe do Porsche".

Um pacote esportivo de comportamento dinâmico, o Sports Handling Package, trazia em 1988 rodas mais largas e suspensões dianteira e traseira recalibradas e ajustáveis. As versões Dodge e Plymouth haviam dado lugar à da marca Chrysler. Outras alterações feitas no decorrer dos anos foram uma remodelação no para-choque dianteiro, a adoção de luzes de posição fixas na frente e a opção de um conjunto de anexos aerodinâmicos.

O Starion teve participação expressiva em competições, tanto no Japão quanto nos EUA. Homologado para os Grupos A e N da Federação Internacional do Automóvel (FIA), venceu campeonatos como o Nacional Stock A do SCCA (nos EUA) em 1986, 1988 e 1990, o Australiano de Carros de Produção (1984) e o Holandês de Carros de Turismo (1986). Também foi primeiro em provas como a 24 Horas de Nelson Ledges nos EUA (quatro vezes consecutivas de 1984 a 1987) e a corrida de Nippon Tsukuba, no Japão (1986).

Uma versão com tração integral chegou a ser desenvolvida para o Grupo B de carros de rali, mas a categoria foi extinta antes que pudesse competir. Com motor turbo de 2,0 litros e 350 cv e peso reduzido a menos de 1.000 kg, seu desempenho era muito promissor. Sem o Grupo B, foi bem-sucedido em ralis como o Paris-Dakar de 1983 (venceu na classe Experimental), o Hong Kong-Pequim de 1986 (segundo lugar) e o do Himalaia em 1987 (primeiro lugar).

Quando o Starion saiu de produção, em 1990, a Mitsubishi estava consagrada em diferentes mercados como um competitivo fabricante de carros esporte. Enquanto o Eclipse estreava como alternativa acessível com tração dianteira, a estrada estava pavimentada para um modelo bem mais sofisticado e potente, chamado de GTO no mercado de origem e de 3000 GT em outros países
e que, em continuidade à parceria, seria vendido pela Chrysler com o nome Dodge Stealth.

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