A última letra em esportivo

Do acessível Datsun 240Z ao sofisticado Nissan 300ZX, uma
linhagem que mostrou o talento japonês nesse tipo de automóvel

Texto: Marcelo Ramos - Fotos: divulgação

Carros esporte sempre tiveram uma vantagem sobre os demais quando se trata de notoriedade, devido à sua capacidade de estimular os entusiastas. Por isso são reverenciados e tidos como mitos modernos de vigor, desempenho e estética. No entanto, muitos desses carros não possuem os mesmos atributos dos Ferraris, Lamborghinis, Porsches, Jaguares, mas são aclamados da mesma forma. É o caso do Nissan Z, que se tornou uma lenda no Japão e nos Estados Unidos na década de 1970 e voltou com grande estilo — nos sentidos figurado e literal da palavra — em 2001.

Falar do Z exige um esforço político e econômico no mundo pós-guerra. No final da década de 1950 a economia japonesa se reerguia com rapidez, após ter sido massacrada na Segunda Guerra Mundial. O reflexo desse crescimento era percebido na indústria automobilística, que se desenvolvia a passos largos, com interesse em expandir para mercados externos. Tanto que já na década seguinte era aberta a primeira subsidiária da Nissan nos Estados Unidos, feito realizado por Yutaka Katayama, um dos grandes nomes da empresa. Chamado de Mr. K pelos concessionários nos EUA, o executivo é considerado o pai do Z.

Um dos modelos usados no projeto do 240Z: as linhas sinuosas e o perfil fastback, tendência na época, já indicavam o caminho para a versão final

Naquela época os carros chegavam ao mercado americano com o emblema Datsun, e não com o da Nissan, por um motivo curioso. A direção da fábrica temia que qualquer menção ao país de origem, devido às posições contrárias durante a guerra e por rusgas como Pearl Harbor, colocasse o negócio em risco. A empresa tinha interesse em introduzir um modelo esportivo nos EUA. Afinal, esse tipo de automóvel traz grande visibilidade, o que certamente difundiria a imagem da marca. Deveria ter preço competitivo e bom desempenho.

Apesar de planos audaciosos para o concorrido mercado americano, a Nissan fabricava carros com características que contradiziam o gosto dos motoristas locais: eram pequenos, com estilo conservador, bastante semelhantes aos europeus. Até mesmo o roadster Fairlady 2000 já em 1968 estava ultrapassado, se comparado a esportivos dos EUA e Europa. Em 1966 Katayama apresentava o projeto do novo modelo. Controverso, o executivo batia sempre de frente com o alto comando da companhia em Tóquio — até mesmo o nome do modelo foi motivo de discussão. No Japão o carro continuaria a se chamar Fairlady Z, nome mantido até 1996 com o 300ZX, mas para os EUA Katayama entendia que essa denominação não teria bom apelo.

Em 1969 chegava ao mercado japonês o Fairlady Z, que perderia esse nome nos Estados Unidos; os retrovisores no capô eram usados só no Japão

Batizou-se assim de 240Z, no qual os algarismos faziam alusão à cilindrada do motor, 2,4 litros. A letra Z deve-se a sua semelhança gráfica com o caractere japonês chamado mugen, que significa infinito. Para dar vida ao novo carro, o desenho ficou a cargo do alemão Albrecht Goert, que já havia desenhado o clássico BMW 507. Naquela época a tendência era o estilo fastback, já adotado por superesportivos como o recém-lançado Lamborghini Miura e até pelo Ford Mustang 1965, bem mais arrojado que o cupê de 1964. Os primeiros protótipos já tinham as formas principais que chegariam ao mercado, mas foi um longo percurso até o modelo final. Continua

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Data de publicação: 28/5/05

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