O anti-Porsche dos franceses

A série A310/A610 da Alpine representou, por 24 anos, o
melhor que a Renault podia oferecer em carros esportivos

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Após a Segunda Guerra Mundial, a França contava com uma indústria automobilística fraca, mas que não demoraria a se reerguer. As grandes Citroën, Renault e Peugeot retornavam aos poucos à produção normal. Na década de 1950 os carros esportivos eram poucos. As famosas Bugatti, Delage e Delahaye, entre outras, haviam sido fechadas por questões financeiras. Um dos únicos modelos do gênero era o simpático e eficiente Simca Sport, baseado no Aronde.

Em 1954 nascia a Société Anonyme des Automobiles Alpine. Seu fundador, Jean Redélé, foi um precursor na produção de carrocerias em plástico reforçado com fibra-de-vidro na França. Seu primeiro filho foi o modelo A106, dois anos depois, com motor de Renault 4CV. Pouco depois era substituído pelo A108, de 850 cm³. Produzido entre 1961 e 1963, foi bem-sucedido. Assim como Colin Chapman fazia na Inglaterra em sua Lotus, Redélé construía na França esportivos com carrocerias muito leves, aproveitando componentes da produção em série. Eram ágeis, rápidos, acessíveis e exclusivos. E ambos, aficionados pelas pistas, colocavam nelas suas obras com sucesso.

Em 1971 aparecia o A310, um esportivo de linhas retas e modernas para a época, com seis faróis e tomadas de ar laterais para o motor traseiro

Em 1962, na sucessão, nascia a famosa berlineta idolatrada pelos franceses até hoje: o Alpine A110, que teve no Brasil uma também famosa versão fabricada pela Willys, o Interlagos. Fez muito sucesso nas pistas de circuito, mas teve a glória maior nos ralis: foi por duas vezes campeão mundial na modalidade. Nas ruas também fazia bonito, mas era um esportivo apertado, desconfortável, barulhento e, segundo os mais críticos, deixava exalar muito cheiro de gasolina no interior devido ao acabamento precário. Sua produção foi pequena: por volta de 7.900 exemplares.

Nove anos mais tarde, para substituir o A110 — tarefa de muita responsabilidade —, nascia o produto mais novo da marca de Dieppe. Era o A310, apresentado no Salão de Genebra de 1971, na Suíça. Suas linhas bem mais modernas agradavam de qualquer ângulo. Era obra do francês Michel Beligond. Na mira estava o Porsche 911. Visto de lado misturava formas curvas e retilíneas. Para um esportivo, a visibilidade era boa para os lados e para frente — atrás era outra história. Pequeno, media 4,18 metros de comprimento, 1,64 m de largura, apenas 1,15 m de altura e 2,27 m entre eixos.

O enorme vidro, quase horizontal, chamava atenção na parte traseira do A310, que de início usava um motor de 1,6 litro e 127 cv

Na frente eram destaques os seis faróis retangulares, encobertos por uma proteção transparente e separados por um pequeno apoio que dava continuidade ao capô. Sobre este, perto do pára-brisa bem inclinado, havia entradas de ar em forma de triângulo. Mais tomadas de ar estavam na grade, abaixo do pára-choque dianteiro, que era mínimo, e antes das colunas traseiras, pouco atrás dos vidros em forma de triângulo. O vigia era bem amplo e quase horizontal. Completavam o conjunto pequenos apêndices aerodinâmicos tanto na frente quanto na traseira. Continua

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Data de publicação: 14/10/06

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