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Carros do Passado

Os Porsches esquecidos

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Do franzino 924 ao diabólico 968 Turbo S, quase
20 anos de incompreendidos modelos quatro-cilindros

Texto: Marco Antônio Oliveira - Fotos: divulgação

Em 54 anos de história da Porsche, apenas um desenho de carroceria teve real sucesso: aquele moldado pelo vento no Tipo 60K10, carro pessoal do Professor Ferdinand durante a Segunda Guerra Mundial, depois refinado por seu filho Ferry e por Erwin Komenda para se tornar o célebre 356. O mesmo desenho foi mais tarde reinterpretado por Butzi Porsche, neto do Professor, para o "356 de seis cilindros" de 1963 -- o 911 -- e dali incontáveis vezes até o carro atual.

Com o peso de uma tradição tão grande, o trabalho de estilista na Porsche é realmente árduo. Some-se a isso um ambiente de trabalho seríssimo, que endeusa engenharia e despreza frivolidades, e se percebe como os pobres "artistas" da marca devem sofrer. Talvez por isto eles tenham tentado adotar o "estilo 911" até no utilitário-esporte Cayenne, com resultados um tanto discutíveis.

Árdua responsabilidade: depois de desenhos tão bem-sucedidos quanto o do pioneiro 356...

Desta forma fica fácil de entender como nasceu o segundo mais importante desenho da empresa de Zuffenhausen. Foi criado pelos estilistas da Porsche, mas como um contrato externo, a ser comercializado pela Audi, uma empresa então sem tradição estilística. Livre das amarras da tradição, a Porsche projetou um carro de desenho limpo, funcional e com aerodinâmica bem cuidada. Forma seguindo a função, e usando peças de carros Volkswagen tanto quanto fosse possível, para manter um preço razoável: praticamente um 356 moderno! Não foi à toa que a empresa acabou admitindo a paternidade desse filho bastardo e dando a ele seu nome.

A família 924/944/968, apesar de até hoje desconsiderada pelos tradicionalistas, por ter inaugurado a era do motor dianteiro refrigerado a água na Porsche, exemplifica claramente os verdadeiros princípios de Zuffenhausen. Origens humildes, entrelaçadas com a VW, mas desenvolvidas pacientemente ao longo dos anos.

O 924 e seus descendentes têm tanto direito de usar o logotipo da Porsche quanto qualquer 911. Puristas aceitando, ou não...

...e o do 911 (aqui no modelo de 1963), não era fácil para os projetistas da Porsche elaborar um novo estilo, ainda mais com motor dianteiro

O EA425   Em 1970, a VW entregava à divisão de engenharia da Porsche o contrato para desenvolver o novo cupê-esporte Audi, código de projeto EA425. Tratava-se quase de uma gentileza da VW depois de abortar o projeto do sucessor do Fusca, um carro com motor boxer central embaixo do banco traseiro, que a Porsche vinha desenvolvendo há algum tempo. Em seu lugar, a VW acabou lançando um pequeno hatch convencional, o Golf.

Os parâmetros básicos ditavam que o cupê deveria ter o mesmo espaço interno do 911 (um 2+2), maior espaço para bagagens, bem como maior conforto de marcha. E, à parte a nova carroceria, deveria usar apenas componentes VW já existentes.
Continua

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Data de publicação deste artigo: 29/6/02

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