Voo de longa distância

Lançada há mais de meio século, a linhagem Bluebird da Nissan
passou por 13 gerações e teve êxito em diversos continentes

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Exportado como Datsun 1000, o primeiro Bluebird (em cima) tinha 34 cv no motor de 1,0 litro; a série 310 inspirava-se no estilo dos europeus

A perua azul e o sedã da foto de abertura são da geração 410, assinada por Pininfarina; o 510 (amarelo) tornou-se o "BMW dos pobres" nos EUA


Imponência era a marca da série 610 dos anos 70, que recebeu injeção no motor 1,8 e estreou o seis-cilindros nas versões GT, GTX e GTX-E

Quando se trata de longevidade dos nomes dos automóveis, é difícil superar os japoneses. Embora lancem novas gerações com mais frequência que os ocidentais, os fabricantes nipônicos têm por hábito conservar suas denominações por décadas a fio, como nos casos de Land Cruiser (desde 1951), Crown (1955), Corona (1957) e Corolla (1966) na Toyota, Civic (1972) na Honda, Colt (1962) na Mitsubishi) e Patrol (1950), Skyline (1957), Cedric (1960) e President (1963) na Nissan. E há pelo menos mais um batismo duradouro na Nissan Motor Company, fundada em 1931 como Datsun e que adotou o nome atual três anos mais tarde: Bluebird, que apareceu pela primeira vez em 1957.

Embora a própria marca considere 1959 o começo da história do modelo, já havia dois anos antes uma versão do sedã pequeno 210 com o nome Bluebird (nome em inglês para um pássaro azul do gênero sialia). O bem-sucedido automóvel, que dobrou o patamar de vendas da empresa, tinha traseira bem curta e usava motor de 1,0 litro e comando de válvulas no bloco de origem Austin — marca inglesa da qual a Nissan fez carros sob licença nos anos 50 —, com potência de 34 cv e tração traseira. Foi exportado com o nome Datsun 1000.

Em agosto de 1959 ele dava lugar ao primeiro Bluebird "oficial", o da série 310, um sedã quatro-portas cujas linhas arredondadas mostravam inspiração nos carros europeus da época. Media 3,86 m de comprimento com 2,28 m entre eixos e pesava 900 kg. De início o motor era o mesmo do 210, mas em 1961 aparecia a versão DX com um 1,2-litro de 55 cv e torque de 8,8 m.kgf, ainda de comando no bloco, suficiente para velocidade máxima de 130 km/h. A suspensão dianteira era independente com molas helicoidais; na traseira vinham eixo rígido e feixes de molas semi-elíticas. No ano seguinte era lançada a perua de cinco portas, em que as duas tampas traseiras se abriam uma para cima e outra para baixo.

Em um tempo de rápida mudança de tendências de estilo dos carros, já em setembro de 1963 aparecia o Bluebird de terceira geração (série 410) com linhas mais retas, capô baixo e plano e quatro faróis incrustados na grade em vez dos dois acima dela. A Nissan recorreu ao estúdio italiano Pininfarina, que conseguiu um aspecto elegante. Estava um pouco maior, com 3,99 m e 2,38 m entre eixos, e vinha como sedã de quatro portas e perua (agora com quinta porta integral que se erguia), cujo motor 1,2 fora retrabalhado para passar a 60 cv e 9,3 m.kgf. O câmbio podia ter três ou quatro marchas. No ano seguinte eram acrescidos a versão esportiva SS ou Sports Sedan, com mais potência no mesmo motor, e um sedã duas-portas. Em 1965 o motor básico passava a 1,3 litro, com 61 cv (72 no caso do SS), e surgia o esportivo SSS de 1,6 litro com comando no cabeçote, dois carburadores e 96 cv e 13,8 m.kgf.

Mais largo, baixo e imponente, o Bluebird da geração 510 foi vendido com êxito nos Estados Unidos, onde se chamava Datsun 510 e oferecia atributos de um BMW a preço acessível (leia história). No lançamento, em agosto de 1967, havia os sedãs de duas e quatro portas e a perua, mas um cupê de linhas mais informais aparecia um ano depois. O modelo médio de 4,12 m e 2,42 m entre eixos usava os motores de 1,3 litro, agora com 77 cv e 11,1 m.kgf, e 1,6 litro com 96 cv e 13,8 m.kgf, ambos com comando no cabeçote. Tinha caixa manual de quatro marchas e suspensão traseira independente por braços arrastados, exceto na perua, que mantinha o eixo rígido. O SSS continuava com motor de 109 cv. O 510 foi tão bem-aceito que continuou à venda por algum tempo após a chegada da geração 610, em agosto de 1971.

Maior, com 4,21 m e entre-eixos de 2,50 m, esse Bluebird unificava as opções de duas portas em um cupê hardtop, oferecido ao lado do sedã quatro-portas e da perua. Seu desenho imponente lembrava o de carros esportivos norte-americanos, Os motores iniciais e suspensões eram os mesmos do 510, incluindo a versão SSS, mas havia um câmbio manual de cinco marchas — não disponível nos EUA, onde o de quatro marchas era alternativa a um automático de três. Em mercados como a Inglaterra era chamado de 160B e 180B, pelos motores 1,6 (90 cv) e 1,8 (96 ou, no SSS, 105 cv). Mais tarde a Nissan aplicou injeção eletrônica ao SSS-E — vendido apenas no Japão e primeiro carro de volume da empresa com tal sistema — e um seis-cilindros em linha de 2,0 litros. Oferecidas como sedã e cupê, as versões 2000 GT, GTX e GTX-E de 1976 exigiram um alongamento da frente para acomodar esse motor mais longo, que tinha comando no cabeçote e 130 cv (115 no GT). Continua

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Data de publicação: 27/10/09

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