Saiba como anunciar

Realeza nipônica

Sedã mais longevo fabricado pela Toyota, o Crown é há mais
de meio século a coroa mais elaborada da marca japonesa

Texto: Thiago Mariz - Fotos: divulgação

Idealizado para uso como táxi, o Crown chegava em 1955 com linhas americanas, construção robusta e o modesto desempenho dos 50 cv

Grade, faróis, frisos mudavam já em 1958; a esse tempo a Toyota o exportava aos Estados Unidos, em tentativa que não durou muito tempo

Na atual conjuntura brasileira é difícil imaginar a elaboração de um projeto para um público muito específico, um carro feito apenas para determinado segmento. O que costumamos ver são famílias inteiras que surgem de uma mesma plataforma, não raro aproveitando a mecânica de um em outro derivado. Mas para a japonesa Toyota, na metade do século passado, havia a necessidade de um modelo para o transporte de passageiros na forma de táxi. E foi assim que nasceu o carro mais longevo na linha de produção da marca nipônica, o Crown.

O Crown também foi o primeiro carro da Toyota com um estilo, digamos, Toyota de ser. Antes dele os japoneses criaram o modelo AA, inspirado no então bastante moderno Chrysler Airflow — isso em 1937, ano de sua fundação. O AA evoluiu para uma série com as mesmas características básicas.

Apresentado em 1955 para cobrir a demanda do mercado de táxis, a geração identificada como RS ou S30 chegava com um nome que seria fonte de inspiração para outros modelos da Toyota. Crown, que significa coroa em inglês, de certa forma apareceria também no Corolla, forma em latim para pequena coroa; no Camry, uma transcrição fonética da palavra japonesa "kanmuri" que significa — adivinhe — coroa; e no Corona, coroa em espanhol. O desenho do Crown seguia a tendência mais discreta da época para agradar não só a gregos e troianos, como sobretudo ao mercado japonês, bastante conservador. Linhas abauladas conferiam um ar americanizado ao carro, que media 4,28 metros de comprimento, 1,67 m de largura e 1,52 m de altura. O entreeixos, importante em um projeto nascido para transportar clientes, era de 2,53 m.

À frente os paralamas levemente destacados do capô abrigavam, cada um, um farol circular com moldura cromada e os costumeiros retrovisores ao estilo nipônico, por força de antiga legislação local que hoje se aplica só a utilitários. A grade era ampla, com um curioso "bigode" cromado, e o parachoque também cromado vinha logo abaixo. As laterais eram limpas, com um pequeno friso cromado acima da caixa de roda dianteira, mas chamavam a atenção as portas traseiras do tipo suicida. O parabrisa era bipartido, mas já em 1956 passava a inteiriço. Vinha nas carrocerias sedã e perua de quatro portas e esta última também com duas.

O motor, porém, não era novo. A unidade de 1,5 litro com comando de válvulas no bloco era a mesma usada em seu antecessor Toyopet Super. Desenvolvia potência de 50 cv e torque de 11 m.kgf, suficientes para a proposta do modelo. Construído com carroceria sobre chassi, o Crown usava suspensão independente com molas helicoidais à frente e o eixo traseiro, responsável pela tração, era rígido com molas semielípticas. Os freios eram a tambor e a caixa manual tinha apenas três marchas.

O Crown era vendido sob a insígnia Toyopet, uma espécie de submarca. Mesmo não sendo revolucionário, causou certo receio nos executivos da Toyota — e as portas traseiras suicidas eram um dos motivos. Para prevenir caso houvesse má recepção pelo público-alvo, seu antecessor continuara em produção rebatizado de Master. Vencida a fase de receio e vendo que as vendas do novo carro eram satisfatórias, finalmente o Crown pairava sozinho no reino da Toyota. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 17/1/09

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade