
O Chevy II, que ganhou montagem
africana já em 1960, cedeu os motores de quatro e seis cilindros a diferentes modelos
da Chevrolet


Maior que nosso Opala, mas
parecido com ele sobretudo na frente, o Kommando de 1969 era um clone do
Holden Kingswood australiano

Parece o Opala, mas este SS é um
Monaro em versão africana; usava motores os V8 de 5,05 e 5,75 litros com
potência bruta de até 300 cv |
Das
muitas divisões americanas às européias Opel e Vauxhall, da australiana
Holden à Chevrolet brasileira, as atividades desenvolvidas mundo afora
pela General Motors são bem conhecidas do leitor. Mas há um braço da
corporação, em particular da marca Chevrolet, que passa quase
despercebido e tem fatos interessantes a mostrar: o sul-africano.
A GM começou a atuar na África do Sul em 1926. Até então, o que havia da
marca no mercado eram carros importados desmontados dos Estados Unidos,
pelo representante Willams Hunt, e montados localmente. De início com a
marca Pontiac, a corporação logo inaugurou a montagem na cidade
portuária de Port Elizabeth de automóveis das divisões Buick, Cadillac,
Chevrolet, LaSalle, Oakland e Oldsmobile, além de caminhões. A Chevrolet
desfrutava grande popularidade no país, onde 15% da frota circulante
levava seu emblema.
O processo foi interrompido em 1942, quando a produção americana
voltou-se ao esforço de guerra, mas retomado em 1946. Na década de 1950
os carros americanos continuaram os mais vendidos por lá, incluindo os
Chevrolets Fleetline, Styleline,
Bel Air e
Impala, além de Cadillacs e Olds
com motores V8. Mas a Holden, braço da GM na Austrália, começava a
participar da montagem africana. Contribuíram para a escolha tanto a
robustez dos carros, adequada às condições severas de rodagem no país
dos cangurus, quanto ao fato de direção à direita ser padrão em ambos os
países, o que tornava comuns vários componentes. Outro lançamento era o
do Opel Rekord de origem alemã,
em 1955, seguido pelo Kadett anos depois.
Nos anos 60 o governo passou a exigir que os carros ganhassem conteúdo
local, sem o que recebiam pesada tributação. Agora não só peças de
acabamento, suspensão e pneus eram feitos na África: para atender aos
índices de nacionalização, o motor ou a carroceria também passava a ser.
Como a GM já montava desde 1960 o Chevy II, optou por fabricar no país
de 1965 em diante seus motores de 2,5 (quatro cilindros), 3,8 e 4,1
litros (seis cilindros em linha), que serviriam também ao
Chevelle local. O 4,1 chegou a
ser vendido à concorrente American Motors para uso no
Rambler africano. Em 1966 estreava o
Caprice, grande sedã com um V8
americano de 5,4 litros.
Quando se encerrou a produção do Chevy II, o governo africano já exigia
66% de conteúdo local em peso. Surgiram então modelos próprios daquele
mercado, que mesclavam características de produtos da GM de outras
procedências. A linha Ranger, feita de 1968 a 1973, associava a
carroceria do Rekord de 1965 ao motor 2,5 do Chevy II, a mesma
combinação que tivemos por aqui como
Opala. A versão de entrada usava um 2,1 de origem Opel. Havia
modelos de duas e quatro portas, perua de cinco e o mais esportivo SS.
Em 1969, como fruto da cooperação com a Holden, a série
Kingswood australiana dava origem aos Chevrolets
Kommando e Constantia. Eram grandes sedãs e peruas, com 4,69 metros de
comprimento e 2,82 m entre eixos, no Kommando, e 5,15/2,89 m no
Constantia. O primeiro usava os motores de 3,8 e 4,1 litros, com
potência bruta de 140 e 155 cv (havia
opção pelo de 180 cv), na ordem; o segundo tinha o 4,1 e um V8
australiano de 308 pol³ (5,05 litros) e 248 cv. À exceção do 3,8, usavam
a caixa automática Powerglide de duas marchas com alavanca na coluna de
direção, o que liberava espaço para um banco inteiriço à frente. O
Constantia vinha ainda com direção assistida e controle elétrico dos
vidros.
Continua
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