Se o desempenho dos motores não convencia, o XM impressionava pela suspensão Hidractive, com esferas no lugar das molas e amortecedores

O alto peso dificultava a tarefa para o motor de quatro cilindros, mas até o V6 de 170 cv mostrava desenvoltura discreta dentro de sua categoria

No interior bem-acabado, soluções peculiares da marca como o volante de um só raio e os diversos comandos montados nele para fácil acesso

Um dispositivo que poucos XM possuíam — era opcional na versão V6 e não equipava modelos com o volante à direita, como os do mercado britânico — era o sistema de direção DIRAVI, acrônimo para direction à rappel asservi ou, em tradução livre, direção com assistência de retorno. Sua maior peculiaridade é que, após esterçar o volante em uma manobra ou curva, bastava ao motorista deixá-lo livre para que o sistema hidráulico o fizesse retornar para a posição central, uma conveniência ao estacionar. Também peculiar era o freio de estacionamento nas rodas dianteiras (o usual é nas traseiras), mais seguro caso fosse preciso usá-lo em emergência.

Objeto misterioso   "Quase um objeto de culto para os fãs mais aficionados à marca, e um objeto misterioso para os outros": foi como a revista italiana Quattroruote definiu o XM ao avaliar em 1992 a versão de 2,0 litros, que acabara de receber catalisador naquele mercado. O interior era descrito como "um bem-sucedido coquetel entre o luxo mais clássico e a racionalidade fria e futurista". Espaço, acabamento, instrumentos e comandos, conforto e equipamentos receberam boas notas, enquanto o porta-malas foi julgado amplo, mas não abundante.

O motor sobressaía como ponto negativo em aceleração e consumo: "Os 121 cv são poucos para mover os 1.500 kg do XM com facilidade". Além disso, trazia outro inconveniente: "O XM foi desenhado para ser seguro e extremamente confortável, mas o ruído do motor causa considerável incômodo em altas rotações. É uma pena, já que a suspensão desempenha sua tarefa com excelência. Na posição 'auto' a absorção é muito efetiva. O mais surpreendente é o grau de isolamento de ruídos na cabine, o que ajuda a definir a personalidade do XM. Na posição 'sport', melhoram as qualidades dinâmicas, mas se penaliza o conforto".

A inglesa Car, que colocou o XM de 2,0 litros diante do BMW 520i e do Lancia Thema em 1990, também se impressionou com a suspensão: "O XM introduz uma nova experiência, a atitude plana em curvas. Em média velocidade, ele contorna o trajeto com pouca inclinação perceptível de carroceria, as rodas na vertical e os quatro pneus plantados firmemente ao asfalto. A inclinação não é totalmente cancelada, pois a Hydractive não atua como barra estabilizadora. Em curvas fechadas e rápidas o XM inclina-se como qualquer carro".

Já o conforto de marcha decepcionou a revista. Sua conclusão foi que a suspensão "esporadicamente é maravilhosa; na maior parte do tempo você fica se perguntando se é mesmo um avanço sobre o que o CX um dia ofereceu. Ela parece não ter bem a elasticidade do sistema do CX, nem seu controle de amortecimento". Apesar dessa restrição — e de outra, o desempenho modesto —, o Citroën mereceu o segundo lugar atrás do BMW. Jornalistas especializados elegiam o XM o Carro do Ano europeu de 1990 com larga margem à frente do segundo colocado, o Mercedes-Benz SL.

Analisada também pela Car, a versão turbodiesel mostrou-se "muito competente e econômica. Seu tempo de 10,3 segundos de 0 a 100 km/h pode não ser brilhante, mas ele é rápido o suficiente — ajudado pelo forte torque — para entreter", avaliaram os ingleses. No ano seguinte, um desafio ao Citroën: sua versão V6 era comparada pela mesma revista a Alfa Romeo 164, BMW 525i, Ford Granada Scorpio, Jaguar XJ6, Mercedes-Benz 260 E, Peugeot 605, Rover Sterling, Saab 9000, Vauxhall (Opel) Senator e Volvo 960 — todos, à exceção do Saab, com motores de seis cilindros. Continua

Para ler
Citroën XM - por Alberto Martinez, editora EPA. Com 200 páginas, o livro de 1989 apresenta o modelo inicial do XM em inglês.

Eighty Years of Citroen in the United Kingdom - por John Reynolds, editora Dalton Watson Fine Books. Fornece um bom apanhado da história da marca, baseada na atuação no mercado britânico de 1923 a 2003 (o livro é do ano seguinte), incluindo fabricação local entre 1926 e 1966. Há 400 fotos oficiais da marca e reprodução de anúncios publicitários, em um total de 270 páginas.

Citroën XM – por Jan P. Norbye, editora Automobilia. Passando aos títulos em francês, esse é dedicado ao modelo, mas apresenta apenas sua fase inicial, pois é de 1991. Tem 112 páginas.

Les 90 Ans de Citroën
- por Jean-Pierre Foucault, editora Michel Lafon. Aborda do pioneiro Tipo A até os recentes C3 Picasso e DS Inside. Inclui publicidade e as aparições dos carros no cinema, em 160 páginas.

Citroën 90 Ans: En Route pour le Siècle - por Thibaut Amant, editora ETAI. Outro em francês sobre as nove primeiras décadas da empresa. As 208 páginas abordam os modelos mais relevantes da história do fabricante.
Nos Estados Unidos
Embora a Citroën não mais tivesse um programa oficial de exportação para o mercado norte-americano, alguns XM foram vendidos por lá pelo importador CxAuto, que já havia atendido aos amantes da marca com o fornecimento de seu antecessor, o CX — também nunca exportado pelo próprio fabricante para os Estados Unidos.

Após a apresentação no Salão de Nova York, o hatchback passou a ser vendido em 1991 nas versões Pallas, com motor de 2,0 litros a injeção, e Vitesse, com o V6 de 3,0 litros (acima, uma imagem publicitária da versão, em que se destaca o título de Carro do Ano na Europa em 1990). Contudo, a aceitação foi baixa e o programa encerrou-se em 1997.

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