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Tijolo de luxo

Criticada pelas linhas retas, a série 700/900 da Volvo
primou pela solidez, o conforto e o desempenho

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Com o ÖV4 Jakob, em cima, o início de uma tradição em carros seguros e resistentes, que nos anos 70 chegou à série 200, embaixo

O Volvo Concept Car ou VCC, de 1980: uma perua esportiva antecipou em boa parte as linhas que apareceriam dois anos depois na linha 700

A maior e mais antiga fábrica de automóveis da Suécia, quem diria, surgiu de uma empresa de rolamentos. Fundada em 1907, a SKF (Svenska Kullagerfabriken AB) inaugurou em 1927 uma subsidiária para produzir veículos — a Volvo — na mesma cidade de Gotemburgo, de cuja direção se encarregaram Assar Gabrielsson e Gustav Larson. Curiosamente, o nome Volvo ("eu rodo" em latim) havia sido registrado pela SKF, em 1915, para uma linha de rolamentos para o mercado americano que nunca se concretizou.

O primeiro carro da Volvo, o modelo ÖV4 Jakob, chegou ao mercado em abril do mesmo ano com motor de quatro cilindros, 1.944 cm³ e 28 cv. Seguiram-se em 1928 caminhões, em 1934 ônibus e, no começo da década de 1940, motores para aviões. Em 1935 as ações da Volvo AB eram lançadas na bolsa de valores sueca, o que resultou na independência da empresa. Desde então, a Volvo Personvagnar — ou Volvo Cars em âmbito mundial — ganhou projeção em todo o globo como fabricante de carros sólidos, robustos e seguros, como o PV444/544, o P121/122 e a série 140.

Parte dessa imagem vem da implantação de recursos inovadores para proteção dos ocupantes como vidros laminados (1944), painel revestido (1956), cinto de três pontos (1958) e cadeira infantil voltada para trás (fim dos anos 60). Em meio a tais prioridades, luxo e desempenho foram atributos vistos em alguns modelos da marca, como o 164 de 1968 e o 260 de 1974, ambos com motor de seis cilindros. E foi com o objetivo de substituir a já defasada série 200 — o que não se confirmou, pois ela se manteria no mercado até 1993 — que a Volvo passou a desenvolver um novo sedã grande.

As prioridades da marca eram, na ordem, confiabilidade, eficiência no consumo de combustível, durabilidade, facilidade de manutenção, nível de ruído, estilo e desempenho. A partir da linha 200, alguns parâmetros foram traçados. O novo carro seria mais curto, porém mais largo e com 10 centímetros a mais na distância entre eixos; o peso teria de diminuir em 100 kg e a tração traseira seria mantida. Os motores de quatro cilindros a gasolina seriam aproveitados, mas haveria uma nova versão V6 e uma unidade a diesel. Transmissão e suspensão do 200 também permaneceriam, de modo a reduzir custos.

O conceito Volvo Concept Car (VCC), revelado em 1980, era uma perua esportiva com linhas muito próximas das que apareceriam no sedã de produção. O modelo final era apresentado em fevereiro de 1982 e denominado pelo número 760, em que "7" designava a série e "6" o número de cilindros, enquanto o zero já vinha sendo usado na maioria dos automóveis da empresa. Interessada em obter penetração no segmento de prestígio, para disputar espaço com Mercedes-Benz, BMW, Jaguar, Cadillac e Lincoln, a Volvo estudou 50 propostas de desenho elaboradas pelo chefe de estilo Jan Wilsgaard.

A versão escolhida foi no mínimo controvertida. Tão retilíneo quanto a série 200, o 760 justificava o apelido de "tijolo" que os Volvos haviam recebido em vários países. Estava na contramão da tendência da época, que já produzia carrocerias tão arredondadas e suaves quanto as do Audi 100 e do Ford Sierra. Era um desenho dos anos 70 lançado em plena década de 1980, em que o elevado coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,40 refletia a pouca ênfase na fluidez do ar. Mas pesquisas com o público americano, principal alvo da empresa, apontaram boa aceitação e isso foi o mais importante para levar adiante a proposta. Continua

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Data de publicação: 9/2/08

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