Ampla grade quadriculada, janela
adicional atrás das portas, lanternas horizontais: recursos estéticos
para o Senator se distinguir do Rekord
No interior, amplo espaço,
fartos equipamentos de conveniência e luxo no revestimento dos bancos,
acompanhado por plásticos da mesma cor |
As
autobahnen — autoestradas alemãs construídas para não ter limite de
velocidade, embora essa condição seja mais rara hoje em dia — foram, por
tradição, dominadas pelos grandes Mercedes-Benz e BMW de seis e oito
cilindros, além dos Porsches e de carros esporte de diversas
procedências. Mas outros fabricantes miraram seus olhos para esse
símbolo da Alemanha entre os entusiastas, caso da Opel, o braço local da
General Motors.
Opels grandes e potentes para sua época foram produzidos antes mesmo da
Segunda Guerra Mundial, quando as autobahnen ainda começavam a ser
abertas. O Admiral de 1937, com motor de seis cilindros em linha e 3,6
litros, teve sucessor na década de 1960 com o modelo homônimo, que podia
ter os seis-em-linha de 2,6 e 2,8 litros e um V8 Chevrolet de origem
norte-americana com 4,6 litros e 190 cv. Houve ainda no período o
luxuoso Diplomat, com o mesmo 4,6 e um V8
de 5,4 litros e 230 cv, que concorria com o
Mercedes Classe S. Nos anos 70, a
Opel desenvolvia um sucessor para o Commodore — a versão mais luxuosa e
de seis cilindros do Rekord — e
para o Admiral, enquanto outro projeto caminhava para se tornar o
substituto do Diplomat, com oito cilindros.
Contudo, os efeitos da crise do petróleo de 1973 afetaram até o segmento
de luxo do mercado europeu, levando os fabricantes a estudar
alternativas mais econômicas. O gastador V8 norte-americano já não tinha
lugar naquele cenário, o que a levou a cancelar o projeto do novo
Diplomat. O outro carro em desenvolvimento, de seis cilindros, recebeu a
incumbência de ocupar o topo da linha da marca alemã, tornando-se
sucessor tanto do Admiral e do Commodore quanto do Diplomat. Para conter
custos de desenvolvimento, ele aproveitaria muitos componentes mecânicos
da nova geração do Rekord prevista para 1977. Os planos da Opel incluíam
um cupê, o Monza (leia boxe abaixo), com a mecânica e a
plataforma do sedã.
O Opel Senator era apresentado em agosto de 1977 para cumprir o papel de
sedã de topo da marca
— e da inglesa Vauxhall, que o vendia com o nome Royale.
Imponente, seu estilo antecipava tendências que a marca estenderia a
toda sua linha na década seguinte. Enquanto o novo Rekord usava faróis
retangulares e grade alinhada a eles no topo, no Senator as luzes
assumiam a forma de um trapézio e tinham altura pouco maior que a da
grade, sugerindo que o capô avançasse sobre esta última. A carroceria de
linhas simples trazia poucos vincos e adornos, mostrando certo cuidado
com a aerodinâmica (notado também pela ausência de quebra-vento), e
diferenciava-se também nas portas traseiras e na parte posterior. Se o
Rekord tinha apenas duas janelas e um vigia fixo nessas portas, o
Senator acrescentava um vidro triangular na coluna traseira.
Mesmo que o raio da Opel na grade não tivesse o carisma da estrela de
três pontas ou da hélice estilizada azul e branca, o carro mostrava um
desenho elegante e contemporâneo. Era também correto no acabamento e nos
equipamentos de série, dentro do padrão germânico de sobriedade. Estava
disponível nos acabamentos básico, C e CD. Revestimento interno em
couro, teto solar, lavadores de farol, direção assistida,
controlador de velocidade, volante
ajustável em altura, diferencial
autobloqueante e controle elétrico dos vidros, travas, tampa do
porta-malas e antena estavam incluídos no CD; ar-condicionado era
opcional, assim como nivelamento automático da suspensão traseira. O
painel da versão era completo, com conta-giros, manômetro de óleo e
voltímetro. As várias opções de cores internas — preto, azul, verde,
vermelho e bege — traziam grande número de componentes no mesmo tom do
revestimento dos bancos.
Respeitando a arquitetura clássica das marcas com que pretendia
concorrer — motor longitudinal de seis cilindros em linha e tração
traseira —, o Senator oferecia duas versões do tradicional propulsor de
comando de válvulas no cabeçote da marca,
usado pela primeira vez no Admiral de 1964. Com 2,8 litros e carburador
(versão 2.8 S), desenvolvia potência de 140 cv e torque de 22,2 m.kgf
para levar o carro a 190 km/h; com 3,0 litros e injeção de combustível
Bosch L-Jetronic (3.0 E, de Einspritzung, injeção) passava a 180 cv e
25,2 m.kgf, que representavam 210 km/h.
Continua
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