


A Locker mostra-se apta a um
fora-de-estrada leve, sobretudo pelo vão livre e os pneus, mas falta
conforto em piso irregular e nas lombadas


Ajudado pelas boas respostas do
motor de 1,8 litro em baixas rotações, o câmbio automatizado
mostra melhor calibração que nos outros Fiats |
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MOTOR
- transversal, 4 cilindros em linha; comando no cabeçote, 2
válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 80,5 x 88,2 mm.
Cilindrada: 1.796 cm3. Taxa de compressão: 10,5:1. Injeção
multiponto sequencial. Potência máxima: 112 cv (gas.) e 114 cv (álc.)
a 5.500 rpm. Torque máximo: 17,8 m.kgf (gas.) e 18,5 m.kgf (álc.)
a 2.800 rpm. |
CÂMBIO
- manual automatizado, 5 marchas; tração dianteira. |
FREIOS
- dianteiros a disco ventilado; traseiros a tambor; antitravamento
(ABS) opcional. |
DIREÇÃO
- de pinhão e cremalheira; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO
- dianteira, independente McPherson; traseira, independente, braço
arrastado. |
RODAS
- 5,5 x 15 pol; pneus, 205/70 R 15. |
DIMENSÕES
- comprimento, 4,305 m; largura, 1,721 m; altura, 1,643 m;
entre-eixos, 2,466 m; capacidade do tanque, 51 l; porta-malas,
460 l; peso, 1.198 kg. |
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gasolina |
álcool |
Velocidade máxima |
172 km/h |
174 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h |
11,7 s |
11,5 s |
Consumo em cidade |
12,2 km/l |
8,4 km/l |
Consumo em estrada |
16,3 km/l |
11,5 km/l |
Dados do fabricante |
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Esta versão do Dualogic mantém outras características conhecidas de
Stilo e Linea. Marcha e modo (manual ou automático) em uso e o programa
esportivo são indicados no mostrador digital do quadro de instrumentos.
Em modo manual, a marcha selecionada é mantida mesmo que seja atingido o
limite de giros do motor, nas acelerações, ou que se use todo o curso do
acelerador em uma retomada, como sugerido pelo
método carga. O câmbio reduz
automaticamente conforme cai a velocidade, chegando a colocar primeira
quando o carro está quase parando, e a embreagem é acionada ao parar, de
forma que o motor nunca "morre" por falta de rotações. Pode-se ligar o
motor "no tranco" — ao passar à posição D, o câmbio aplica a marcha mais
apropriada à velocidade. Com o carro parado em primeira marcha, não
existe o efeito de "arrasto" que o move lentamente ao não usar o freio,
comum nos automáticos.
Como habitual nesses sistemas, existem salvaguardas para proteger o
carro — e os ocupantes — de erros do motorista. Reduções não são feitas
se a marcha solicitada levar a excesso a giros: surge no painel o aviso
"manobra não consentida", enquanto soa uma sineta até oito vezes
(poderiam ser menos, pois incomoda). O câmbio não aceita o engate da ré
sem que o carro esteja parado e freado, nem uma marcha à frente enquanto
ainda roda para trás. É possível passar ao ponto-morto em movimento, mas
o pedido é ignorado caso se esteja acelerando — poderia ser um comando
involuntário, até mesmo do passageiro ao lado. Mudanças com a ignição
desligada também não são feitas. O motor só pode ser ligado em
ponto-morto, e aqui existe uma incoerência: a sineta soa se ele for
desligado nessa posição, já que o fabricante recomenda deixar engatado
em D ou R (ré). Ou seja, será sempre necessário trocar de posição antes
da partida se não se quiser conviver com o alerta sonoro.
Utilitária
demais
Câmbio à parte, a Palio Adventure continua como avaliada em 2008. As
alterações em pneus e suspensão e a adoção de bloqueio de diferencial
(acionado por botão no painel e restrito a baixas velocidades), feitos
na versão Locker, deram-lhe razoável capacidade no fora-de-estrada leve.
O ótimo vão livre do solo — 190 mm ante 150 da Trekking e 135 da ELX —
torna improvável que algo raspe no fundo nesse tipo de utilização,
enquanto os pneus Pirelli Scorpion ATR de uso misto têm boa aderência no
cascalho e razoável na lama. Não resta dúvida de que, com o auxílio do
sistema Locker, ela pode ir além do ponto máximo para um carro comum
depois que o asfalto fica para trás. O problema é que, talvez habituados
à antiga versão Adventure, muitos de seus proprietários a escolhem para
rodar na cidade e em rodovias. Uma opção acertada do ponto de vista de
resistência a nosso piso de má qualidade, já que os pneus de perfil alto
(205/70 R 15) e a suspensão reforçada tendem a suportar melhor o
"fora-de-estrada urbano" que, por exemplo, os da comportada versão ELX.
No entanto, o comprador deve ter em mente que perderá tanto em conforto
quanto em estabilidade.
Ao contrário da Adventure anterior, e apesar da boa suspensão traseira
independente por braços arrastados, a Locker tem um rodar mais próximo
de um utilitário que de um automóvel. A carcaça rígida dos pneus absorve
mal as irregularidades do piso, enquanto a suspensão não mostra o bom
acerto que tem sido aplicado pela Fiat a outros modelos. Os
amortecedores são moles no começo do curso — por isso a sensação inicial
é de conforto — e duros no fim, tornando desagradável transpor lombadas,
por exemplo. O comportamento em curvas está dentro dos padrões, mas
falta estabilidade direcional em velocidades de rodovia: o motorista tem
de fazer frequentes correções no volante, sobretudo com ventos laterais.
A Locker realmente contrasta com a excelência da Adventure fabricada até
2008, com pneus bem mais estreitos e leves (175/80 R 14) e melhor acerto
de suspensão.
Há também alguns inconvenientes no carro que já passaram do tempo de
merecer correção. Num verão severo como este, impossível esquecer os
difusores de ar mal colocados no painel em posição baixa, quando o
correto seria direcionar o ar-condicionado (frio) para cima para uma
refrigeração homogênea da cabine. O resultado é que a temperatura demora
mais a se tornar confortável, mesmo enquanto os braços expostos aos
difusores parecem gelar. Outros aspectos que podem melhorar: falta apoio
para o pé esquerdo, é difícil regular a altura do banco do motorista com
a porta fechada, o porta-luvas praticamente acaba quando há conexão para
MP3 portátil. E poucos apreciam a montagem externa do estepe, sob a
carroceria, embora contribua para o assoalho baixo e plano do
compartimento de bagagem.
Compartimento que é uma das qualidades de toda Weekend, pela boa
capacidade (460 litros) e fácil aproveitamento. Outro destaque é a
fartura de itens de conveniência, como mostrador de temperatura externa,
porta-óculos (já o porta-copos do console se perde na versão Dualogic),
controle elétrico dos vidros com função
um-toque para todos e temporizador,
para-brisa degradê e as opções de rádio/toca-CDs com MP3, retrovisor
interno fotocrômico, sensor de
estacionamento traseiro, interface
Bluetooth para telefone celular e comando automático de faróis e
limpador de para-brisa. O motor de 1,8 litro tem níveis de ruído e
vibração dentro da média, a posição de dirigir e a visibilidade são
boas, há relativo espaço à frente e atrás e o revestimento interno em
couro de dois tons, opcional, traz um ar luxuoso.
Com a nova opção de câmbio, a Adventure ganha condições de enfrentar o
Ford EcoSport 2,0 XLS (R$ 59.150) e a
Nissan Livina X-Gear 1,8 (R$
63.700), ambos com câmbio automático tradicional. Outras versões
"aventureiras" de automóveis, como VW
CrossFox, Peugeot 207 Escapade
e Renault Sandero Stepway, não
oferecem esse tipo de conforto, mas há uma alternativa "dentro da
família": a Idea Adventure,
que traz motor, câmbio e outros elementos em comum com a Palio, em uma
acomodação mais vertical, e parte de R$ 53.860. |