


Com o Mark 2 vieram mudanças
importantes como vidros mais amplos, bitola traseira alargada e a opção
do potente motor 3,8-litros de 220 cv


Revestimento em couro,
apliques de madeira, farta instrumentação: o interior do Jaguar mantinha
os ingleses como referência em requinte

Já sem a versão de 3,8 litros, a
linha 240/340 produzida de 1967 a 1969 serviu de ponte entre o Mark 2 e
o XJ, que estava por ser apresentado |
Em
1957 a Jaguar acrescentava a opção 3.4 Litre, com a unidade de 3.442
cm³, 210 cv e 29,7 m.kgf usada pelo Mark VII, de forma a atender
sobretudo a pedidos de clientes norte-americanos. Além do ganho
expressivo de torque em baixa rotação, o carro assumiu desempenho
comparável ao de esportivos daquele tempo, mesmo com o peso elevado para
1.370 kg. A The Motor obteve 0-96 em 11,2 s e máxima de 193 km/h
em uma versão com câmbio automático. Mais tarde a Autocar
registrou excelentes 9,1 s na aceleração em um carro de caixa manual com
overdrive.
Grade maior e recortes nos para-lamas traseiros que expunham mais as
rodas identificavam a versão, que tinha a opção de rodas raiadas;
contudo, o 2.4 logo adotava a mesma grade. Ainda nesse ano surgia a
alternativa da caixa automática Borg Warner de três marchas, para
qualquer dos motores, e os freios adotavam discos nas quatro rodas, que
a empresa fornecia para montagem nos carros já em circulação. Agora
havia duas versões de acabamento do 2.4, Standard e Special Equipment.
Só a segunda tinha faróis de neblina, a mascote Jaguar sobre o capô,
conta-giros e aquecimento interno, este opcional na primeira.
Revestimento dos bancos em couro e apliques de madeira no painel
equipavam ambas.
Depois de 37,4 mil unidades, o Mark 1 saía de produção para dar lugar ao
Mark 2, lançado em outubro de 1959 com essa denominação oficial. Se sua
aparência lembrava a do antecessor, havia evoluções a bitola traseira
alargada, mais próxima da dianteira, e os vidros maiores, que deixavam o
estilo mais leve e moderno e a visibilidade mais ampla — resultado de
avanços da marca no projeto de monoblocos. O interior redesenhado trazia
conveniências como mesas atrás dos encostos dianteiros, para apoio de
lanches e bebidas ou mesmo anotações de trabalho; dutos no console para
levar o ar aquecido até os passageiros e luzes de leitura na parte
posterior do teto. O revestimento oferecia sete opções de cores.
Na mecânica havia uma grande novidade: ao lado das versões de 2,5 litros
(agora com 120 cv e 19,9 m.kgf) e 3,45 litros (com os mesmos 210 cv),
aparecia a de 3,8 litros (exatos 3.781 cm³) usada pelo XK 150, com dois
carburadores, 220 cv e 33,2 m.kgf. Mesmo com peso adicional, que
alcançava 1.460 kg, a versão acelerava de 0 a 96 em 8,5 s e alcançava
201 km/h, indicaram testes da imprensa. A transmissão incluía
diferencial autobloqueante.
Esse desempenho fez do Mark 2 um carro muito apreciado pelos que
desejavam associar conforto a potência, pois oferecia espaço para cinco
pessoas, acabamento refinado e grande capacidade de acelerar e de manter
alta velocidade. Foi também escolhido pela polícia britânica para
patrulhar suas autoestradas e — sempre há o outro lado — por
interessados em um bom carro para fuga após assaltos a bancos. Até em
competições teve boa atuação, tendo participado do Campeonato Europeu de
Carros de Turismo.
A versão de 3,8 litros, embora mais cara, obteve o maior percentual de
vendas. Sua concorrência era composta pelo compatriota
Rover 3 Litre de seis cilindros, os alemães
BMW 502 de 2,6 e 3,2 litros e
Mercedes-Benz 220 SE e, em
faixa inferior de preço, o francês
Citroën DS 19 e o também germânico Opel
Kapitän de 2,6 litros.
Ao lado do Mark 2 a Jaguar ofereceu o S-Type, com
os motores 3,4 e 3,8, entre 1963 e 1968. Houve ainda uma variação do
sedã com marca e motor diferentes: o Daimler 250, vendido pela divisão
que a Jaguar adquiriu em 1960. O V8 de 2,5 litros e 142 cv, o mesmo
empregado no carro esporte SP 250 da marca, era feito de alumínio e
cerca de 50 kg mais leve que o seis-em-linha original, o que beneficiava
o comportamento em curvas pela melhor distribuição de peso. Mas sua
potência modesta resultava em desempenho bem inferior ao dos 3,4 e 3,8
da Jaguar: 0-96 em 25 s e máxima de 180 km/h.
Em setembro de 1967 o Mark 2 cedia espaço aos modelos 240 e 340, que
indicavam de uma nova forma as mesmas tradicionais cilindradas — a opção
3,8 deixava de ser oferecida. Sem qualquer evolução importante, os
carros serviam apenas para preencher a lacuna até o lançamento do novo
sedã XJ6, um ano mais tarde (o 240
ainda seria feito em simultâneo a ele por sete meses). Seu acabamento
era mais simples, caso dos para-choques e do revestimento interno, que
usava imitação de couro em vez do material original. Por outro lado,
melhorias deixavam o motor do 240 mais potente, fazendo-o superar 160
km/h.
Essa fase representou pequena parcela das vendas do modelo: pouco mais
de 7 mil unidades do 240 e do 340 saíram entre 1967 e 1969, ante quase
84 mil do Mark 2 em seus oito anos de fabricação. As linhas marcantes
dessa série serviram de inspiração para o S-Type lançado em 1998. Houve
ainda duas propostas de outras empresas para atender aos admiradores do
modelo. Na Inglaterra, a Vicarage fazia nos anos 80 e 90 extensas
restaurações em Marks 2 que os deixavam quase como carros novos, além de
oferecer versão conversível de duas portas. No Japão, a Mitsuoka lançou
em 1993 o Viewt, uma réplica reduzida do Jaguar sobre a plataforma do
pequeno Nissan March, com dimensões modestas (4,25 metros de
comprimento) e motores de 1,0 e 1,3 litro.
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