


Se o Club Coupe de três volumes
(embaixo) era o mais atraente da linha, os hatches de três e cinco
portas aderiam à tendência europeia


O interior espaçoso podia vir
mais equipado na versão X11; os motores de 2,5 e 2,8 litros davam bom
desempenho e o consumo era moderado |
Basta pegar como exemplos o Renault 20/30, o
Simca 1307, os Citroëns GS e
CX, o
Rover SD1 ou mesmo o primeiro
Volkswagen Passat. A década de 1970 propiciou um boom dos sedãs de
dois volumes, em especial os hatches, aqueles com terceira ou quinta
porta. Ainda que nem sempre praticado, este estilo se difundia no
mercado europeu desde o Renault 16 de 1965.
Paralelo a isso, os norte-americanos tomavam contato e criavam certo
gosto por carros importados compactos (para os padrões da época) de
tração dianteira, como o Honda Accord
e o VW Dasher (Passat). Foi inspirada nessas duas tendências que a
Chevrolet criou o Citation para 1980.
Iniciado em 1974, em plena efervescência da primeira crise do petróleo,
o projeto previa um carro econômico, espaçoso, confortável, seguro e
durável. Logo se decidiu que a tração dianteira seria a opção mais
adequada a tais metas. A previsão era lançar o Citation com a linha
1979, mas problemas com componentes novos do projeto exigiram um
adiamento até abril daquele ano. A General Motors preferiu não esperar
até o lançamento da linha 1980 completa, pois assim ele poderia ser
vendido por 17 meses até ser submetido a novos exames de certificação de
emissão de poluentes da Environmental Protection Agency (EPA, agência de
proteção ambiental), processo demorado e custoso.
Substituto do Nova, o Citation foi o primeiro compacto da GM a utilizar
esse tipo de tração, mas, independente de segmento, os dois maiores
diferenciais do projeto tinham precedentes na corporação. Em 1966, o
Toronado surpreendeu na linha
Oldsmobile por ter as rodas da frente tracionadas, o que o
Cadillac Eldorado adotaria no
ano seguinte, naquela que foi a atualização mais marcante da história
desse modelo de luxo. De qualquer modo, o Citation foi também o primeiro
Chevrolet de tração dianteira e reiterava o crescente apreço dos
norte-americanos pelos carros importados da Europa e Japão.
Já sua carroceria de dois volumes teve no Buick Century e no Oldsmobile
Cutlass de 1979 um prenúncio. Ainda que sem ter uma tampa que incluísse
o vidro traseiro — condição para ser chamada de porta —, esses modelos
primos já adotavam traços bem semelhantes aos dos europeus hatch ou
fastback, algo que a Chevrolet só
experimentara até ali nos EUA com o Monza e o
Chevette, de duas portas. Em abril daquele ano,
com traços mais agradáveis que os do Century e do Cutlass, o Citation
irrompia como modelo 1980. Ele tinha as versões hatch de três ou cinco
portas e um atraente cupê de três volumes, o Club Coupe. Como praxe
entre as divisões da GM, sua plataforma X, herdada do Nova, era
compartilhada com o Buick Skylark, o Oldsmobile Omega e o Pontiac
Phoenix. O Buick e o Olds, no entanto, só tinham versões de três volumes
— um cupê diferente do Citation e um sedã. Já o Pontiac, além deste
outro cupê, também era oferecido como hatch de cinco portas, o mesmo
desenho básico do Chevrolet.
Se o Nova era um compacto com opção de motor V8, o Citation só podia ser
escolhido com um V6 de 2,8 litros (176 pol³), potência de 115 cv e
torque de 20 m.kgf, ou um de quatro cilindros de 2,5 litros (151 pol³),
90 cv e 18,5 m.kgf — ambos com comando de
válvulas no bloco e alimentados a carburador. O segundo rendia 8,6
km/l na cidade e 14,9 km/l na estrada, segundo o fabricante. Para
contribuir para a economia, havia expressiva redução de peso. O câmbio
podia ser manual de quatro marchas, com quarta
sobremarcha, ou automático.
Por fora o Citation podia até ser considerado compacto para os padrões
da época, mas por dentro seu espaço para cinco ocupantes era considerado
de carro médio pela EPA. Construído junto ao Pontiac Phoenix numa
unidade da GM na cidade de Oklahoma, ele media 4,49 metros de
comprimento, 2,66 m de entre-eixos, 1,73 m de largura e 1,35 m de
altura. A suspensão dianteira era McPherson enquanto na traseira eram
usados braços arrastados. As carrocerias de duas e três portas também
podiam vir na versão X11, de aspecto esportivo. Contava com suspensão
mais firme, pneus radiais 205/70 R 13 com letras brancas (185/80 R 13
nos demais), aerofólio e volante esportivo, além de bancos dianteiros
individuais, console central e instrumentação extra com contagiros,
amperímetro, termômetro e manômetro de óleo opcionais.
Continua
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