Evolução do 130, o modelo 170 H chegava com motor 1,7-litro de 38 cv



Sedã fechado e com teto rebatível eram oferecidos, mas o 170 H perdia em espaço, conforto e estabilidade para o 170 V da mesma Mercedes

Entre os faróis circulares, presos por uma base ovalada e cromada aos pára-lamas, via-se apenas o logotipo da estrela de três pontas, sem o tradicional pedestal sobre o radiador. O pára-brisa inteiriço e bastante vertical dispunha de dois limpadores na parte superior. As portas eram articuladas para trás. Rodas sem raios, pintadas na cor do carro, recebiam uma pequena calota cromada para esconder os parafusos. Entre as janelas laterais traseiras e o arco dos pára-lamas estavam as tomadas de ar do motor.

Diferente do W17 e do W25 D, o motor de quatro cilindros tinha disposição longitudinal, o que se via ao abrir o capô traseiro, articulado em sua base. Eram gerados 26 cv a 3.400 rpm pelos 1.308 cm³, potência capaz de levar o 130 a 92 km/h. A carburação era simples e, ao contrário do Volkswagen, o arrefecimento era feito a água. A caixa de câmbio de quatro marchas (a última do tipo sobremarcha), todas sincronizadas, era instalada à frente do eixo traseiro. A suspensão independente nas quatro rodas contava com dois feixes de molas cruzados na frente e molas helicoidais atrás.

Versões sedã, sedã com teto de lona e conversível (com teto opcional, mas sem janelas) foram oferecidas. Mas havia um inconveniente maior ao modelo que a estranheza de seu estilo e sua distância em relação aos ícones de beleza e sofisticação com que dividia a linha, como os 380 e 500K: levando dois terços de seus 980 kg de peso sobre o eixo traseiro, o 130 tinha na instabilidade em curvas um motivo de várias críticas. Essa mácula em sua já pouco atraente imagem refletiu nas vendas minguadas, que levariam ao cancelamento em 1936. Antes disso, contudo, a Mercedes se aventurou com um novo modelo de mesma concepção mecânica: o 150 (W30), ainda em 1935.

Sendo 15 cm mais longo e com entreeixos 10 cm maior, ele foi pensado e vendido como um Sport Roadster, um conversível esporte de dois lugares, mas o nível de estranheza de suas formas fazia o 130 parecer comedido. Entre os dois faróis havia um terceiro, ressaltado, e no topo da frente estava o logotipo da Mercedes sobre o conhecido pedestal. O pára-brisa era bipartido, mas sua moldura metálica não abrangia a parte superior. A linha da cintura era desnivelada na altura das portas por meio de um recorte bem arredondado no habitáculo. Logo atrás deste ficava o estepe, preso às laterais do longo compartimento traseiro do motor.

A anos do lançamento do primeiro Porsche 356 e de todos os esportivos europeus com motor traseiro ou central-traseiro, o visual do 150 pairava entre o excêntrico e o bizarro. Era sob sua avantajada cauda que residia o motor de 1.498 cm³ com 55 cv, que levava seus dois ocupantes a até 125 km/h. O tanque de combustível de 60 litros, o dobro do usado no 130, exigiu uma mudança a mais: enquanto no 130 o tanque vinha sobre o motor, no 150 ele ficava no compartimento dianteiro, tirando o espaço para bagagem. Ou seja, apesar da maior autonomia que o tanque sugeria, as viagens com dois ocupantes precisavam ser curtas.

Some-se a isso o preço elevado — 6.600 marcos, maior que os 5.500 marcos do 170 V, de maior porte — e estavam explicadas suas vendas a conta-gotas e sua saída de linha prematura, junto com o 130. Mas a Mercedes ainda queria dar uma última chance ao projeto de automóvel compacto de motor traseiro.
A revisão do 130 levou à criação de seu substituto, o 170 H (para Heckantrieb, tração traseira em alemão). Ele vinha com o mesmo motor do 170 V, ainda que este o usasse na dianteira. Era outro quatro-cilindros, com 1.697 cm³ e 38 cv a 3.400 rpm. Em linhas gerais, o desenho estava mais arredondado e fluido.

Parecia um Volkswagen com a traseira um pouco mais elevada. Entre os faróis foi previsto espaço para um farol extra, com pára-choque bipartido, ou buzina com pára-choque inteiriço. Sem as tomadas de ar nas laterais traseiras, o visual estava mais limpo. O 170 H vinha nas versões sedã fechado e com teto de lona rebatível, sempre com pára-brisa bipartido. Com acabamento um pouco mais refinado, ele custava 4.350 marcos. Era bem mais que os 3.750 marcos de um 170 V de duas portas, que oferecia mais espaço no porta-malas, mais estabilidade e menos barulho. O último 170 H foi fabricado em 1939, por conta da baixa demanda e da eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Os Mercedes de motor traseiro não se adequaram à conversão para carvão (gasogênio) muito comum durante o conflito, o que manteve a originalidade de boa parte dos poucos produzidos. Eles, porém, seriam usados à exaustão depois da guerra. Hoje estão entre os mais raros e disputados carros colecionáveis da marca. A idéia do automóvel compacto de motor traseiro ainda renderia similares como o Renault 4CV, os Fiats 500 e 600 e até o Chevrolet Corvair. Mas foi mesmo pelas mãos de Porsche que ela alcançaria, com o Volkswagen, o brilho solar que tanto contrastava com o céu estrelado dos carros da Mercedes.

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