A grande estrela da autobahn

Os modelos 380, 500K e 540K da Mercedes-Benz deram
brilho especial às primeiras estradas alemãs de alta velocidade

Em 2005 comemoramos os 60 anos da derrocada de um dos maiores pesadelos já vividos pela humanidade, o nazismo. Nos anos 1930, enquanto crescia a perigosa euforia proporcionada pelo Partido Socialista Nacional Alemão de Adolf Hitler, a Alemanha assistia também a um florescimento de sua indústria e a construção sistemática de estradas de alta velocidade, as famosas autobahnen. Largas, bem projetadas, com várias faixas e um asfalto liso como um tapete, elas são até hoje uma das maiores razões pelas quais os alemães desenvolvem automóveis de alto desempenho.

Como parte das diretrizes do governo para recuperar os dias de glória do país e vingar a derrota da Primeira Guerra Mundial, tais características paralelamente incentivaram os fabricantes alemães a criar bólidos que pudessem aproveitar todo o potencial dessas novas estradas. Para tal finalidade a Mercedes-Benz criou os magníficos 380, 500K e 540K, uma série que primou pelo apuro da engenharia e a beleza do desenho.

Fazia apenas sete anos que as marcas Daimler e Benz haviam unido forças, em 1926, para superar a crise causada pela derrota da Alemanha no conflito de 1914 a 1918. Essa associação marcou o nascimento de um mito incontestável da indústria automobilística mundial, a Mercedes-Benz. O evento foi honrado com os celebrados esportivos S, SS, SSK e SSKL, os dois últimos projetados por ninguém menos que o Midas da engenharia alemã Ferdinand Porsche.

Após alguns anos de glórias nas pistas de corrida, com seus motores de seis cilindros superalimentados por um compressor, essa linhagem de esportivos teve seus ímpetos amainados pela queda da bolsa de valores de Nova York em 1929, o que não tardou a afetar a economia européia. Tal crise, somada à que já havia sido causada pela primeira guerra, possibilitaram a ascensão no velho continente de regimes totalitários como o do Führer e suas trágicas conseqüências.

Em meio a todas as atrocidades que o partido nazista previa para o futuro da Alemanha e, num segundo momento, da Europa e do mundo, a idéia de valorizar a indústria e o transporte rodoviário não representava riscos aparentes. No caso da Mercedes, o apoio do governo não apenas amparava uma grande e tradicional empresa, mas também o legado das companhias que criaram uma das maiores invenções alemãs — senão a maior — de todos os tempos, o automóvel. Esse motivo de orgulho germânico vinha desde que os triciclos motorizados de Karl Benz e Gottlieb Daimler revolucionaram os transportes em 1886. Continua

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Data de publicação: 14/5/05

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