

O conceito Opel GT de 1969
(vermelho) e a proposta de Frua para uma versão de produção (cinza)
inspiraram o estilo do Bitter CD (no alto)



Refinado no interior e vigoroso
na mecânica, com o Chevrolet V8 de 5,35 litros e 230 cv, o CD prometia
associar o desempenho ao conforto |
Associar um motor V8 americano a uma carroceria esportiva, de linhas
européias, foi um processo feito com êxito por diversas marcas, da
italiana Iso à suíça
Monteverdi, passando pela também italiana De Tomaso (com os modelos
Mangusta e
Pantera) e pela alemã Bitter.
O alemão Erich Bitter competiu com bicicletas, foi piloto de carros
(correu com Porsche, Ferrari e
Mercedes-Benz 300 SL), importador da italiana Abarth e manteve uma
preparadora, a Rallye-Bitter. Mas a atividade que tornou seu sobrenome
mais conhecido foi, sem dúvida, a fabricação de carros esportivos com
mecânica Opel. Bitter teve sua primeira ligação com o braço germânico da
General Motors ao ser convidado, em 1968, para correr com um
Rekord com potência de 150 cv.
Fazer a volta mais rápida da categoria foi um feito que deu respeito a
Erich dentro da empresa de Russelheim.
Em 1969 a Opel apresentava no Salão de Frankfurt o carro-conceito CD,
sigla para Coupé Diplomat. A proposta, um cupê esportivo com a mecânica
do sedã Diplomat, era uma demonstração dos
recursos de desenho da empresa então dirigida por Robert "Bob" Lutz. O
desenho assinado por Charles M. "Chuck" Jordan, chefe de estilo da Opel
desde 1967, e Erhard Fast, que dirigia os estúdios de desenho avançado
da empresa havia cinco anos, era bastante ousado: perfil muito baixo,
vidros bem inclinados e um mínimo de adornos.
A grande aceitação ao conceito incentivou a Opel a colocar em produção
um carro semelhante ao CD, mas não era viável fazê-lo "em casa", nas
próprias instalações da empresa. No ano seguinte o estúdio do italiano
Pietro Frua revelava um projeto próximo ao dele, com as alterações
necessárias para que se tornasse prático para o uso normal, como maior
espaço interno, portas convencionais, pára-choques e limpador de
pára-brisa. David R. "Dave" Holls já era o chefe de estilo da Opel, em
1971, quando sugeriu a Erich Bitter que se encarregasse de desenvolver
um cupê de 2+2 lugares naqueles
moldes para ser produzido em pequena série.
Surgia então a Bitter GmbH, com sede em Schwelm. Sem capital e tempo
para desenvolver uma linha de produção, Erich contratou a também
germânica Baur, de Stuttgart, para construir os primeiros carros. O
ex-piloto via na mecânica Opel uma ótima base para um modelo esporte,
por sua confiabilidade e resistência. "Quero um carro bonito, rápido,
mas também quero entrar nele e voltar para casa", alegava, depois de ter
sido representante alemão da Intermeccanica, marca italiana que estava
longe de oferecer robustez.
A partir do conceito CD e de idéias de Frua, a Bitter fez mudanças no
pára-brisa e nas portas, ampliou a área envidraçada, instalou
pára-choques e uma grade dianteira maior. O chassi do Diplomat com
entreeixos encurtado, usado no CD, serviu de base e recebeu suspensão
recalibrada com amortecedores Bilstein e novas molas. O motor Chevrolet
V8 foi mantido original do sedã. Testes foram feitos no campo da Opel. À
Baur cabia construir a carroceria, montá-la com todo o interior e
aplicar a mecânica do Diplomat.
Apresentado em 1973 no mesmo evento de Frankfurt, o Bitter CD combinava
elementos do Opel CD de conceito e do modelo de Frua. Tinha quatro
faróis circulares escamoteáveis, capô baixo, ampla área envidraçada e
enorme vidro traseiro. Os pára-choques eram sutis e um vinco ligava à
frente à traseira. Lembrava os Lamborghinis da época, como o
Urraco. Bem recebido, motivou 176 encomendas
no salão, mas a crise do petróleo levou a vários cancelamentos — muitos
tinham dúvidas em comprar carros de desempenho e consumo elevados.
Continua
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