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O primeiro V8 da Lamborghini

Com a rara configuração de 2+2 lugares e motor central,
o Urraco vendeu pouco, mas marcou seu espaço

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Conta a história que no começo dos anos 60 Ferruccio Lamborghini, construtor de tratores e empresário dos ramos de calefação e ar-condicionado, teve problemas com um Ferrari e foi a Maranello reclamar à fábrica do comendador Enzo. Não tendo recebido o tratamento desejado, prometeu vingar-se produzido seus próprios carros-esporte. Nasceram então os Lamborghinis 350 e 400 GT, Miura e Countach, entre outros.

O estúdio Bertone construiu protótipos como este, mas a marca do touro decidiu-se pelo desenho de Marcello Gandini

Entre grandes sucessos e certos fracassos, o Urraco -- pequeno touro, na tradição de denominações da marca -- pretendia ser um Lambo feito em massa, ou quase isso: 2.000 unidades anuais. Nascido no momento da crise do petróleo, porém, nunca obteve o êxito almejado. Seu projeto trazia a inovação de conciliar 2+2 lugares ao motor central, o que só voltaria a ocorrer com o Ferrari 308 GT4.

Apresentado no Salão de Turim de 1970, o Urraco P250 só chegou ao mercado em 1973. O desenho de Marcello Gandini, projetista do estúdio italiano Bertone na época, explica sua relativa semelhança com o de outros modelos da marca na época. Era um carro baixo (apenas 1,16 metro), agressivo, com faróis escamoteáveis e o vigia traseiro em escamas, como no Miura. Vinha concorrer com Ferrari Dino 246 GT e Maserati Merak entre os cupês mais acessíveis das três marcas italianas.

A primeira versão de linha, P250, usava 4 carburadores e atingia 230 km/h, muito bom para a época. No alto da página, o P300 de 3,0 litros

O compacto V8, o primeiro da empresa, de 2,5 litros era montado em posição transversal logo à frente do eixo traseiro, com a transmissão ao lado. Quatro carburadores Weber 40 verticais traziam potência de 220 cv a 7.500 rpm, torque máximo de 22,9 m.kgf e velocidade máxima de 230 km/h. Vinha de série com ar-condicionado, controles elétricos de vidros e revestimento em couro; a suspensão era independente à frente e atrás e os freios a disco Girling. Uma unidade teve o interior personalizado por Bob Wallace. Foram produzidas 350 unidades até que a marca lançasse o Urraco P300, em Turim, em 1974.

Acima o painel do P250, com interior fornecido pela Bertone; o Urraco também foi oferecido com motor 2,0 no mercado italiano, com 182 cv de potência (ao lado)

Além da maior cilindrada, 3,0 litros, o V8 ganhava cabeçote com duplo comando e quatro válvulas por cilindro, passando a 250 cv a 7.500 rpm de potência e 26,9 m.kgf de torque. A máxima era agora de 250 km/h e de 0 a 100 km/h levava apenas 5,5 s. As rodas de 7,5 x 14 pol adotavam pneus 195/70 na frente e 205/70 atrás e havia aprimoramentos no câmbio e na suspensão. Até 1976 foram fabricados 520 carros. As últimas séries chegaram ao mercado norte-americano, como P111. Ganharam maior peso, pára-choques mais robustos e carburadores Solex em vez de Weber. Tiveram a potência reduzida para 180 cv, para atender às normas locais de segurança e emissões. Existiu também o P200, um Urraco de 2,0 litros para o mercado interno italiano, para enquadramento fiscal mais favorável.

A exemplo do Miura, o Urraco adotava persiana no vigia traseiro; a
suspensão era independente e os freios a disco à frente e atrás 

Lançado em 1974, apenas 80 foram produzidos, com 182 cv de potência e 18,1 m.kgf de torque. A exemplo do P300, seu interior era da própria Lamborghini e não fornecido pela Bertone, como no P250. As vendas totais do Urraco, entre 1972 e 1977, ficaram bem abaixo do que a Lamborghini esperava comercializar em um ano. Mas por ser seu primeiro modelo V8, e ainda um raro 2+2 de motor central, garantiu seu espaço entre os carros-esporte de sofisticada engenharia dos anos 70.

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