De Tomaso em pacote compacto

O pequeno Vallelunga, primeiro modelo da empresa italiana,
já nasceu inovador no motor central e na construção do chassi

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Quem pensa em De Tomaso normalmente a associa ao famoso Pantera ou mesmo ao Mangusta, grandes carros esporte com motor Ford V8. Para esses, é uma surpresa saber que a empresa começou com um pequeno cupê de quatro cilindros e 1,5 litro. Um carro que seguiu como poucos o mote "das pistas para as ruas".

Primeiro automóvel da marca italiana (fundada em 1959 na cidade de Modena pelo argentino Alejandro De Tomaso) feito para vias públicas, o Vallelunga foi apresentado no Salão de Turim de 1963. A unidade inicialmente construída era um roadster com carroceria de alumínio, cujas linhas esportivas, elaboradas pelo fabricante de carrocerias Fissore, de Savigliano, revelavam inspiração nas do Porsche 550 Spyder. O ar de inovação estava também no motor central, até então praticamente restrito a modelos de competição. Seu nome era uma homenagem ao circuito italiano onde a empresa já havia brilhado.

  Desenhado e construído pela Fissore, o primeiro Vallelunga era um pequeno conversível, com estilo que lembrava o do Porsche 550 Spyder

Era levíssimo: 470 kg, pouco mais que um Lotus Super Seven e cerca de dois terços de um Elan da marca inglesa. Outros três exemplares foram produzidos ainda em alumínio, mas já na configuração cupê, pela Fissore e expostos no Salão de Turim de 1964. Quando o carro finalmente chegou ao mercado, em julho do ano seguinte, a construção havia passado a usar plástico reforçado com fibra-de-vidro. Agora estava a cargo da também italiana Ghia, empresa que De Tomaso assumiria três anos mais tarde.

Com a reestilização promovida pelo jovem Giorgetto Giugiaro, então trabalhando na Ghia, a semelhança com o Porsche havia desaparecido, mas não o charme e a esportividade do desenho. A frente destacava uma ampla tomada de ar para o radiador e os faróis circulares, protegidos por lentes plásticas, enquanto os retrovisores tinham formato cônico e os pára-lamas eram mais altos que o capô. A cabine exibia uma área envidraçada bastante ampla, com colunas estreitas, e as laterais eram bem "limpas", sem adornos. Na traseira, lanternas do Fiat 850 vinham incrustadas em um painel preto — e não havia pára-choques. No todo, era possível lembrar-se do Ferrari 250 LM ao olhar para o pequeno De Tomaso, cuja distância entre eixos era de 2,31 metros.

Nesta evolução do projeto já havia capota, mas o desenho ainda estava distante do cupê definitivo, que aparece no topo da página

O interior não negava a origem nas corridas, com um acabamento simples e algo precário, em contraste com o farto painel de instrumentos e os bancos envolventes com cintos de quatro pontos. O volante de alumínio e a alavanca de câmbio, dotada de guia para facilitar os engates, vinham do carro de Fórmula 2 da marca. O enorme "vidro" traseiro, na verdade uma peça de plástico Perspex com estrutura metálica, permitia um bom acesso à mecânica. Faltava ali um lugar mais adequado para pequenas bagagens, pois na frente nada cabia: ficavam apenas o tanque de combustível de alumínio, o radiador e o cilindro-mestre dos freios. Continua

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Data de publicação: 3/5/05

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