Ainda segundo Lutz, as provas consistiam em rodar a 200 km/h por horas a fio nas autobahnen, as auto-estradas alemãs sem limite, sob alta temperatura. Os engenheiros da matriz foram categóricos: "Seus clientes são loucos! Vocês precisam dizer a eles para não andar a mais de 110 km/h, pois é perigoso"... Não é preciso dizer que a Opel rejeitou a sugestão. A saída para a Chevrolet foi fornecer uma versão com componentes de competições de longa duração, como bielas forjadas, pistões especiais, válvulas de escapamento refrigeradas com sódio e um grande radiador de óleo. E os alemães não mais tiveram problemas de durabilidade.

Em 1969 ambos os modelos eram remodelados, ganhando formas mais européias;
o Diplomat (aqui e na foto que abre este artigo) adotava faróis verticais

O painel do Admiral contava com velocímetro retangular, no qual ficavam os marcadores de temperatura e combustível. Ao lado, em formato quadrado, o relógio e à direita deste o rádio. O volante de três raios, ao contrário da maioria dos carros da mesma classe, tinha diâmetro correto, como é tendência alemã. O Diplomat mantinha a mecânica do Admiral, mas seu conforto e acabamento eram superiores. Por fora trazia belas calotas, cores metálicas e teto de vinil. Por dentro viajavam com conforto cinco pessoas, o painel tinha vasta instrumentação e os bancos eram revestidos em tecido luxuoso ou couro. A direção era assistida. Seus concorrentes eram os ingleses Rover P5 e Jaguar Mark 2, o conterrâneo Mercedes-Benz 250 S e o francês Citroën DS Pallas.

Interessante e bonito era o cupê Diplomat V8. Seu motor tinha 5.354 cm³ (327 pol³) e 230 cv a 4.700 rpm. Com caixa automática de três marchas, o carro fazia de 0 a 100 em nove segundos e alcançava 205 km/h. Longe de ser um esportivo, tinha apelo de um grã-turismo para longos percursos. No início de 1969, no Salão de Genebra, na Suíça, a carroceria do Admiral e do Diplomat era remodelada. Pouco maiores, mediam 4,90 metros (2,84 m entre eixos), estavam mais modernos e bonitos e ganhavam ar mais europeu. Davam status. Apesar da nova frente, o Admiral conservava o estilo de faróis e grade; já o Diplomat tinha a grade mais trabalhada e faróis retangulares em posição vertical.

O Admiral de nova geração vinha com motor de seis cilindros e 2,8 litros, usado também no Diplomat básico, e suspensão traseira De Dion

O motor básico para o Admiral era de seis cilindros em linha, 2.784 cm³, 132 cv a 5.200 rpm e 20,8 m.kgf a 3.800 rpm. A versão 2800 S, um pouco mais potente, extraía 145 cv do mesmo propulsor, que usava comando de válvulas no cabeçote e um carburador invertido. Havia também a 2800 E, com injeção eletrônica e 165 cv, motor que movia o Diplomat básico. O câmbio manual de quatro marchas tinha alavanca no assoalho e, como opcional, podia vir o automático. A velocidade máxima era de 175 km/h para a versão comum e 182 para a 2800 S. A mais potente, 2800 E, fazia de 0 a 100 em 10,5 segundos — boas marcas para um grande sedã de 1.475 kg.

A nova suspensão traseira trazia eixo De Dion, deixando o carro bem mais estável, sobretudo em piso com irregularidades. Era um ótimo automóvel para as belas auto-estradas da Europa, confortável e seguro. O sedã Diplomat adotava a motorização do antigo cupê, que não era mais fabricado. Seu acabamento era primoroso: por fora, distinguia-se pelos faróis auxiliares com limpadores, frisos laterais, teto de vinil, vidros verdes e belas rodas de alumínio com pneus 195-14. Contava agora com quatro freios a disco. Por dentro, bancos de couro, sendo os dianteiros com encosto de cabeça e reclináveis e os traseiros com apoio de braço. Madeira de boa qualidade fazia parte da decoração. Possuía ar-condicionado, controle elétrico dos vidros e cintos de três pontos.

O Diplomat de 1975, um de seus últimos anos: frente mais convencional, com faróis horizontais, e a rejeição pelo V8 em um tempo de gasolina cara

Apesar de robustos e confiáveis, o Admiral e o Diplomat não ameaçaram o trono dos concorrentes. Enquanto outros fabricantes alemães ingressavam no segmento de grandes sedãs, com modelos como Audi 100 e BMW linha E3, a Opel preferiu dar mais luxo ao Rekord, renovado em 1972, e aposentar seus modelos maiores, quatro anos depois — não sem antes aplicar uma nova frente, com faróis retangulares horizontais. A crise do petróleo deflagrada em 1973 havia tirado muito do mercado dos motores de oito cilindros na Europa. Uma sucessão parcial para esses grandes carros viria em 1978, por meio do Senator, mas sem o V8 — que os admiradores da Opel nunca mais viram em seus sedãs.

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