Nos anos 60 Colani fez o roadster GT, com motor VW "a ar" (à esquerda e abaixo), e um cupê com mecânica dois-cilindros BMW 700 (à direita)

A teoria de sustentação do C-Form (centro), que seria sucesso na F-1, foi aplicada ao Ford GT 80 (embaixo), conceito com motor da Cosworth

O C-112, contraproposta ao Mercedes C-111 ("patético" segundo Colani), e um projeto com o motor Lamborghini em corpo separado da cabine

Vários de seus projetos foram construídos em exemplares únicos. Um dos primeiros grandes carros esporte desenhados por ele foi feito com mecânica do Lancia Aurelia — um roadster cujo ponto mais alto da carroceria não estava muito acima do topo do pneu. Seguiu com o cupê 1300 Berlinetta, com motor Alfa Romeo modificado por Carlo Abarth, que chegou a estabelecer um recorde em sua categoria no circuito alemão de Nürburgring. Foram feitas duas unidades.

Pouco depois surgiu um dos primeiros carros esporte com carroceria monocoque, construído com motor boxer de dois cilindros de BMW 700. Com peso de 350 kg e coeficiente aerodinâmico (Cx) muito baixo de 0,22, o carro atingia 200 km/h. Entusiasmado com a atenção que seus carros despertavam, Colani partiu para uma empreitada mais ambiciosa: produzir em série um carro por ele desenhado, com seu próprio nome. Surgiu aí o Colani GT, do qual foram construídos, de 1958 em diante, 260 exemplares. O GT era um roadster com motor Volkswagen 1200 arrefecido a ar sem alterações, mas que, devido ao uso de materiais leves e à aerodinâmica aprimorada, acelerava melhor e atingia 20 km/h a mais de velocidade máxima que o carro que lhe cedia o motor.

O GT era vendido em forma de um kit de carroceria plástica e chassi tubular. Segundo a publicidade, podia ser montado em apenas um dia utilizando como ferramenta um único tamanho de chave de fenda. Uma versão posterior, a RS, surgiu em 1965 e, embora tivesse portas de abertura vertical em estilo asa de gaivota, podia também abrir o teto. Quase chegou a ser produzida pelo fabricante de aviões militares Heinkel. Três anos depois surgiu a versão de competição. Em 1973 veio a GT2, que permaneceu com o mesmo tipo de porta e se destacava pelas enormes coberturas plásticas (em plexiglas) sobre os faróis. Colani viajou com esse carro através de Sri Lanka, país onde planejava que seria produzido.

No dia 25 de novembro de 1967 o Escritório de Patentes de Munique outorgou a Colani a patente de um projeto de carro em formato de asa invertida, com o objetivo de diminuir a sustentação aerodinâmica, chamando-o de C-Form. Isso 10 anos antes que o conceito fizesse sucesso na Fórmula 1 com o Lotus 78. Aliás, até um monoposto para a categoria máxima do automobilismo mundial foi desenhado por Colani. O Eifelland, encomendado por um fabricante alemão de trailers para disputar o Mundial de 1972, foi bastante comentado pelo desenho revolucionário, mas isso não foi o suficiente para realizar uma boa campanha. Com a carroceria construída sobre chassi March, o carro enfrentava problemas de superaquecimento.

Ainda com relação ao C-Form, Colani aplicou a teoria na prática em uma proposta de substituto do Ford GT 40, chamada de GT 80, com motor Cosworth. Outro carro de competição criado por ele foi um projeto para Jean Rondeau, com motor BMW, que não foi concluído devido à morte do cliente. Criou também o C-112, uma contraproposta ao conceito Mercedes-Benz C-111, que ele considerava patético. Na mesma época, o excêntrico Colani passou a viver em um autêntico castelo do século XVIII, o Harkotten, próximo de Sassenberg, Alemanha, onde permaneceria até 1981, quando então se transferiria para a Suíça.

Foi na década de 1970 que Colani iniciou o projeto e construção de seus extraordinários carros para uso próprio. Em 1975, apresentou o L'Aiglon, um enorme roadster que surpreendia por seu tamanho — o comprimento era de mais de seis metros. Em estilo neoclássico, ou seja, inspirado nos grandes clássicos dos anos 20 e 30, mas sem ser réplica de algum modelo específico, utilizava elementos gerais do período, como enormes para-lamas curvos, rodas raiadas e tubos de escapamento saindo pelas laterais do compartimento do motor. Em contraste, elementos mais modernos, como espelhos aerodinâmicos sobre os para-lamas, encostos de cabeças embutidos em barbatanas — como no Mach 5 de Speed Racer — e rodas traseiras cobertas. O motor era o Chevrolet V8 de 5,4 litros do Opel Diplomat.

O L'Aiglon chegou a ter uma versão cupê, oito anos depois, que além da capota vinda de um Opel GT tinha como principal diferença uma grade de Rolls-Royce na frente. Uma de suas criações da época foi considerada por ele mesmo como o carro mais belo já feito: um Cobra com carroceria completamente nova. Até um carro de desenho muito revolucionário com motor de Lamborghini Miura foi projetado, mas aparentemente ficou apenas no modelo de definição de estilo (mock-up). Nele, mecânica e habitáculo ficavam em corpos separados. Continua

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