O mais rápido dos répteis

Um texano que não gostava da Ferrari deu ao mundo um dos
mais carismáticos carros esporte: o Cobra de Carroll Shelby

Texto: Francis Castaings - Fotos: Supercars.net e divulgação

Carroll Shelby em dois momentos: com um Ferrari de competição e, depois de realizado seu sonho, ao volante do Cobra que ele fez nascer

A base para o Cobra foi o Ace, da AC inglesa, um roadster lançado em 1953 com motor de seis cilindros da Bristol e, anos mais tarde, da Ford

É muito difícil dizer qual é o carro mais atraente do mundo, qual o mais esportivo, o mais emocionante de dirigir ou o mais bonito. Mas talvez se possa arriscar sobre qual teve o maior número de réplicas. Um carro tão especial que seria, por décadas, reproduzido em vários países após poucos anos de produção.

Carroll Shelby nasceu em Leesburg, no estado do Texas, nos Estados Unidos, em 11 de janeiro de 1923. Esse homem, até hoje muito ativo no cenário do automobilismo e na indústria do automóvel, é o criador do Cobra a partir da carroceria de um roadster inglês, terra maior desse tipo de carro. A empresa Autocars and Accessories Ltd., fundada em 1904 na pequena Thames Ditton, no leste da Inglaterra, fabricava triciclos com motores monocilíndricos de moto. Eram sucesso: baratos, fáceis de manter e de dirigir. Vinte e três anos após a fundação, a empresa mudava seu nome para AC Cars. Em outubro de 1953 apresentava no Salão de Earls Court, Londres um belo esportivo com chassi concebido por John Tojeiro, um engenheiro português de mãe inglesa.

Era o roadster Ace, que tinha clara inspiração no Ferrari 166 MM com os faróis circulares, grade oblonga com frisos horizontais mais destacáveis que os verticais, linhas curvas — apropriadas para a época, mas não muito atraentes —, para-brisa mínimo e dois lugares justos. O próprio Ferrari, o Jaguar XK, o Triumph TR3 e o Austin-Healey (este um de seus concorrentes) eram mais atraentes e elaborados. Em 1954 o carro recebia acabamento melhor tanto interno quanto externo, para-brisa e portas mais amplos. A carroceria, muito bem feita, era de alumínio. De interior muito rústico, mostrava-se desconfortável para o uso em rua, mas ideal para circuitos. O motor de seis cilindros em linha e 2,0 litros, do também esportivo Bristol, tinha potência de 130 cv. Era robusto e com ele o Ace chegava a 190 km/h, mas não entusiasmava em acelerações. Caro, o modelo vendeu 727 exemplares entre 1954 e 1962.

Entre as várias versões houve o Aceca, cupê fechado que chegava a ser atraente, mas um pouco envelhecido, produzido entre 1955 e 1961; o Aceca Bristol, com carroceria mais rústica, entre 1957 e 1962; o Greyhound Coach, diferente em estilo e produzido entre 1959 e 1963; e o Ace Bristol Roadster, que chegou a ter uma bela versão Zagato, feito entre 1956 e 1963. Como a empresa não ia bem financeiramente, deixava de lado o caro motor Bristol e instalava o velho seis-cilindros da linha de sedãs Zephyr e Zodiac da Ford inglesa. Também era um bom motor e, por sua grande difusão, dispunha de peças mais baratas. Mas isso pouco mudou a situação da empresa.

Ideia bem-recebida   Longe da velha Inglaterra, nos EUA, Carroll Shelby — então com 38 anos e muito dinamismo — acompanhava bem a situação das empresas europeias. Tinha muito apreço por elas, em especial pela italiana Maserati e a britânica Aston Martin, pela qual já havia triunfado nas pistas. Também havia corrido de Ferrari, MG, Austin-Healey e até de hot rod com motor Ford em provas de quarto-de-milha. E sabia que a AC não estava com saúde financeira. Continua

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Data de publicação: 4/7/09

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