Ickx
em 1968, aos 23 anos, e ao volante do Ford GT40 com que venceu Le Mans
no ano seguinte após a disputa contra Herrmann e Larrousse


No GP da França de F-1 em 1970,
ano em que foi vice-campeão, e na prova de Marcas em Nürburgring em
1973, uma das vitórias desse ano


Com um BMW 3.0 CSL, Ickx ganhou
a 4 Horas de Salzburg de 1974 (em cima); a quarta vitória em Le Mans
vinha em 1977 com o Porsche 956


Com o Lola em Mosport, uma das
provas da Can-Am que lhe renderam o título em 1979, e em Le Mans em 1981
(embaixo) para a quinta vitória


Jacky venceu o Paris-Dacar em
1983 (em cima) de Mercedes GE; com o Porsche 962C ganhava provas de
Marcas em 1985 como Silverstone
|
Na época o GT40 já era considerado um carro obsoleto e desacreditado. O
908 já estava acertado, o 917
estreava e ainda faziam muita presença o Ferrari 512 e o Matra 650.
Valeram a tenacidade, a competência, a combatividade dos pilotos e a
robustez do carro. Com o mesmo Ford a brilhante dupla venceu a 12 Horas
de Sebring, nos Estados Unidos. Para completar a polivalência, o belga
correu com um Mercury
Cyclone na prova Daytona 500 da Nascar, nos EUA, e venceu com um
Ford Falcon a Cups of Spa no
mesmo ano. Na F-2 obteve segundo lugar em Limburg com o Brabham BT23C.
Em 1970 Ickx estava na Ferrari na Fórmula 1 pilotando o modelo 312 B,
com o qual ganhava o GP da Áustria, em Zeltweg. Tornava a vencer em
Mont-Tremblant, Canadá, e no México. Outra vez era vice-campeão, pois
Jochen Rindt havia sido declarado o campeão post-mortem, graças à
vitória de Emerson Fittipaldi
em Watkins Glen, EUA.
No Campeonato Mundial de Marcas pilotou o combatente Ferrari 512S na 24
Horas de Daytona, mas o ano foi dominado pelo Porsche 917. Na Fórmula 2
venceu em Salzburgring e em Langenlebarn, ambos na Áustria, com um BMW
270. Em 1971 ganhava o GP da Holanda, em Zandvoort; a temporada teve
como campeão Jackie Stewart e seu imbatível Tyrrell-Ford, que ganhou
quase todas as corridas — só perdeu algumas para o belga, o francês
François Cevert, o suíço Joseph Siffert e o inglês Peter Gethin. Se o
ano seguinte foi do Lotus 72 de Fittipaldi, em julho Ickx ganhava o GP
da Alemanha em Nürburgring com o Ferrari. Por conta de boas pontuações
tornava a tirar o quarto lugar geral no campeonato. No Mundial de Marcas
ganhava a Seis Horas de Watkins Glen e a prova de Sebring, ambas nos EUA
e em parceria com Mario Andretti.
Na Europa vencia em Monza com o suíço Clay Regazzoni e na Áustria com o
inglês Brian Redman, ao volante do belo Ferrari 312PB. Era um carro do
Grupo 5, projetado por Mauro Forghieri, com motor V12 de 3,0 litros e
450 cv a 11.500 rpm. Apesar das boas colocações, foi um ano dominado
pelo Matra-Simca MS 670. A prova de turismo Cups of Spa era mais uma vez
sua, agora com um cupê BMW 2800 CS.
Em 1973 Jacky tinha como companheiro na Fórmula 1 o italiano Arturo
Merzario. Foi um ano muito fraco para os pilotos e para a equipe. Quanto
a Marcas, ganhava em Nürburgring e na casa da Ferrari, para a alegria
dos tifosi, os torcedores italianos. Pilotou também de BMW em Turismo
com um 3.0 CSL em Paul Ricard,
um 3.5 CSL em Kyalami e um Alpina 3.0 CSL na 24 Horas de Nivelles.
Na F-1 passava à Lotus-Ford em 1974, quando não ganhou nenhuma prova,
ficando com um modesto décimo lugar no campeonato. Mas fez a alegria dos
compatriotas ao ganhar em Spa, em Marcas, junto com o francês
Jean-Pierre Jarier num Matra-Simca MS670C de 12 cilindros da equipe
Gitanes. Em Turismo, levou a 4 Horas de Salzburg com um BMW 3.0 CSL
junto de Stuck. O ano seguinte também foi péssimo para a Lotus na
Fórmula 1, mas muito bom para Ickx, que ganhava outra vez em Le Mans. A
prova não fazia mais parte do calendário oficial, mas mantinha seu
glamour. Pela Gulf Racing, junto com o amigo inglês Derek Bell, vencia
nessa segunda vez a prova com um Mirage GR8 com motor Ford Cosworth DFV
V8 de 3,0 litros. Disputou ainda a 1.000 km de Mugello e a de Spa com um
Alfa Romeo 33TT12. Em 1976 ganhava pela terceira vez consecutiva a prova
francesa, desta vez com o espetacular Porsche 936 da equipe Martini
Racing, junto com o holandês Gijs van Lennep. No ano ainda venceu em
Ímola com o carro alemão; já na Fórmula 1 começou com o Wolf-Williams
FW05 e passou em agosto ao fraco Ensign N176. Não venceu nenhuma prova
na categoria.
Tornou a ganhar Le Mans em 1977 com um Porsche 936 Turbo, junto com o
alemão Jürgen Barth e o norte-americano Hurley Haywood. Vencia também a
prova de Marcas na Inglaterra, em Silverstone, e a de turismo 1.000 Km
de Bathurst, na Austrália, com um Falcon Cobra. Nesse ano e no seguinte,
fez temporadas fracas em Marcas (venceu apenas em Silverstone em 1978,
de Porsche 935) e na F-1, mas em 1979 tornava a surpreender ganhando o
campeonato americano-canadense, o famoso
Can-Am. Pilotando um
Lola T333CS da Hass Racing, ganhou as provas de Charlotte, Mosport Park,
Elkhart Lake, Brainerd e fechou em Riverside. Deu show, dedicou-se a ela
e deixou a F-1. Um de seus concorrentes era o velocíssimo finlandês Keke
Rosberg; outro, o australiano Alan Jones. Em 1980 foi segundo colocado
em Le Mans de Porsche 908 com Reinhold Jost; em 1981 e 1982 tornou a
vencer com Bell a prova francesa com um 936. Neste último ano ganhou
ainda as corridas de Marcas em Spa, Fuji, Brands Hatch e Kyalami e foi
campeão mundial de pilotos na categoria.
Também em 1981 fazia seu primeiro rali de longa duração, o temível
Paris-Dacar, com um Citroën CX
2.4 GTI. No ano seguinte voltava à prova europeia e africana com um
jipe Mercedes-Benz 280 GE.
Mas foi em 1983, tendo como co-piloto o ator Claude Brasseur, que venceu
com muita garra as dunas tendo concorrentes famosos. Ganhou ainda o Rali
dos Faraós com o 280 GE e as corridas de Marcas em Spa e Nürburgring de
Porsche 956, o que lhe rendeu o segundo campeonato de pilotos na
categoria. Com o mesmo modelo vencia no ano seguinte a 1.000 Km de
Silverstone e a 1.000 Km de Mosport, além de obter o segundo lugar em
quatro provas. Já com o 962C da marca alemã, faturava em 1985 a 1.000 Km
de Mugello e a de Silverstone, além da 800 Km de Selangor, na Malásia.
Fez outras quatro provas no Dacar de 1986 a 1990, sem mais vitórias, com
Porsche, Lada Niva e
Samara e
Peugeot 405 T16. Em 1989
venceu o Rali Baja Aragon, na Espanha, com esse modelo da Peugeot. Usou
ainda o Citroën ZX, de 1990 a 1992, e um Toyota Land Cruiser no Rali
Granada-Dacar de 1995, onde foi o melhor em sua categoria.
Desde então, Ickx passou a participar de corridas com carros históricos
como a italiana Mille Miglia, a bordo de um
Alfa Romeo 6C 1750 de 1930, de um Porsche 550 RS e de um Aston
Martin; a prova de Mônaco, com um Ferrari 312 B2 — antigo conhecido —; a
Mil Millas Sport Argentina, de Porsche
356B GT; e o famoso e glamouroso Festival de Velocidade de Goodwood,
na Inglaterra, com um Ferrari-Lancia D50 em 2006 e com um
Auto Union Tipo D "Flecha de Prata"
de 1938 em 2009. No Shell Challenge, venceu quatro vezes entre 1998 e
2000 em Spa, Ímola, Nürburgring e Mugello pilotando o 312 PB.
Muito famoso e respeitado no meio, é comumente chamado de Monsieur Le
Mans devido ao enorme sucesso em território francês — com seis vitórias
na prova, perde apenas para o dinamarquês Tom Kristensen, que em 2008
conquistou a oitava. Ganhou da famosa empresa relojoeira Chopard uma
homenagem com um belo modelo esportivo de pulso. Foi reconhecido também
como um mestre em pilotagem na chuva. Uma chicane em Zolder tem seu
nome. Casou-se com Catherine Blaton e depois com Maroussia Janssen. Do
primeiro casamento nasceram Vanina e Larissa, e do segundo, Romain, Joy
e Clément. Acompanha de perto a carreira da filha Vanina que, como ele,
já fez o Dacar e atualmente corre pela Audi no campeonato alemão de
turismo, DTM. É difícil encontrar um piloto com tantos triunfos ao
volante de tantos carros em tão diversas categorias. Jacky Ickx foi
mesmo um belga extraordinário.
|