O gigante de Le Mans

Potente a ponto de gerar medo entre os pilotos, o Porsche
917 teve um início tímido, mas se consagrou nas pistas

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Os anos 1960 e 1970 foram talvez os mais ricos para a categoria esporte e o Campeonato Mundial de Marcas. Várias fábricas tiveram participação direta e indireta, como a alemã Porsche, as italianas Ferrari e Alfa Romeo, as francesas Matra e Alpine, a americana Ford e as inglesas Mirage e Lola.

Os circuitos, os mais belos e tradicionais, foram palcos de disputas acirradíssimas. Eram os autódromos de Sarthe, na cidade de Le Mans (sem as chicanes colocadas na reta de Mulsanne em 1990 por Jean-Marie Balestre), com suas 24 horas de corrida; Monza, na Itália, onde eram disputados 1.000 quilômetros; Imola, na mesma distância e no mesmo país; e mais ao sul, em Targa Florio, na Sicília. Outros eram Nürburgring, no circuito de Eiffel, na Alemanha (ainda com seus 22.835 metros de extensão originais); o tradicional e belo Spa-Francorchamps, na Bélgica; a 12 Horas de Sebring e a 24 Horas de Daytona, nos Estados Unidos; e a 1.000 quilômetros de Österreichring, em Zeltweg, na Áustria.

Os homens não eram pilotos. Eram heróis. Disputavam várias categorias em circuitos pouco seguros e carros também – e muito velozes. Destacaram-se o belga Jacky Ickx; os italianos Lorenzo Bandini e Ludovico Scarfiotti; os franceses Jean-Pierre Beltoise, Jo Schlesser e Gérard Larrouse; os neozelandeses Chris Amon, Bruce McLaren e Denis Hulme; os ingleses Graham Hill, John Surtees e Richard Attwood; os alemães Hans Hermann e Vic Elfford; o americano Brian Redman e o mexicano Pedro Rodriguez, entre outros de renome.

Um dos antecessores: o 917 de cauda longa foi substituído pelo 917 quando o regulamento do Campeonato de Protótipos Esporte permitiu motores de maior cilindrada

Em meados da década de 1960 a FIA, Federação Internacional do Automóvel, mudava o regulamento da categoria do Campeonato de Protótipos Esporte. Os carros poderiam ter até 5.000 cm³ de cilindrada e uma produção mínima de 50 unidades por ano. No entanto, foi acordado que 25 bastavam para serem homologados no grupo 4. Na categoria protótipo os carros poderiam ter até 3.000 cm³ (eliminando das competições o Ford MK IV e o Ferrari P4) e os GTs poderiam deslocar até 7.000 cm³. Encaixavam-se nesta o Corvette e outros "monstros" americanos. E nesse campeonato os pontos eram dos carros, das marcas e não dos pilotos.

Os alemães  
A Porsche vinha competindo com modelos competentes – o 907 LH (lang heck, cauda longa em alemão), os 908 fechado e Spider e o 910. Devido ao novo regulamento, os alemães começaram a projetar um novo carro a partir do 908, sob a batuta de Ferdinand Piëch, então o encarregado do serviço de pesquisa e desenvolvimento da fábrica alemã. Teve o aval de seu tio, Ferry Porsche. O mesmo Piëch se tornaria o todo-poderoso do Grupo Volkswagen de 1993 a 2002.

O novo carro seria chamado de 917, seguindo a sistemática da fábrica de atribuir aos produtos o número de projeto. O prazo era curto. Segundo dizem, toda pessoa na fábrica que soubesse usar uma chave de fendas ajudaria. E assim foi. Para o espanto geral, em 21 de abril de 1969, no pátio da fábrica estavam 25 modelos, nas cores branca e verde, estacionados a 45 graus.
Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 18/9/04

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade