O Ford do país dos cangurus

O Falcon não teve vida longa nos Estados Unidos, mas fez adeptos
na Austrália com uma evolução que chega aos dias de hoje

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A Ford iniciou atividades na Austrália em 1926, na cidade de Geelong, Victoria, como uma subsidiária da unidade canadense da empresa. Em 1955 decidia-se pela fabricação local do Zephyr, modelo de luxo da filial britânica, em vez de apenas montar os conjuntos importados da Inglaterra. Contudo, ao viajar para os Estados Unidos em 1958, o diretor da Ford australiana Charles Smith não aprovou o Zephyr que estava sendo remodelado para seu país. Smith conheceu então um protótipo do Falcon, modelo compacto que seria vendido nos EUA e Canadá, e não teve dúvidas: aquele era o carro certo para a Austrália.

Em 1959 uma nova fábrica em Broadmeadows, Victoria, era inaugurada para a produção do sedã que se tornaria sinônimo de Ford australiano. O Falcon que chegava ao mercado em setembro de 1960 era, salvo pelo volante no lado direito, praticamente igual ao americano, apresentado no final do ano anterior. Designado pela sigla XK, tinha 4,86 metros de comprimento, 2,70 m de distância entre eixos e motor de seis cilindros em linha e 144 pol³ (2,4 litros), com potência bruta de 90 cv. Estava disponível com câmbio manual de três marchas ou automático Ford-o-Matic de apenas duas.

O primeiro Falcon australiano, o XK de 1960, era praticamente igual ao americano, mas oferecia apenas o motor de 2,4 litros

Além do sedã e da perua (lançada dois meses depois), seriam oferecidos a partir de maio de 1961 dois utilitários: um furgão, ou panel van, e um picape. Embora similares em conceito aos americanos Sedan Delivery e Ranchero, os australianos usavam a mesma distância entre eixos e as portas dianteiras do sedã, o que os deixava menores que os equivalentes dos EUA — com entreeixos 130 mm mais longo e as portas maiores do Falcon de duas portas. Outra versão interessante, apresentada em 1962, era um cupê de teto retrátil elaborado com base no picape. Apenas seis unidades foram construídas para um desfile com as seis finalistas do concurso de Miss Austrália.

Uma das críticas que o primeiro Falcon recebeu foi a de fragilidade da suspensão, pois as condições de rodagem na Austrália eram bem mais severas que as dos EUA. Chegou a haver rumores de que a Ford desistiria de sua produção, tal o custo dos reparos em garantia que se via obrigada a fazer. Logo em 1962, porém, a série XL trazia alterações que deixavam a suspensão mais robusta e também mudanças visuais, que envolviam grade, faróis, linha do teto e lanternas traseiras. Chegava o acabamento mais requintado Futura.

A fragilidade da suspensão foi um problema logo identificado, que teria correções nos anos-modelo seguintes

Dois anos depois surgia a primeira remodelação elaborada no próprio país, sob o código XM. Ao lado da aparência renovada, que incluía uma tomada de ar no capô e lanternas traseiras mais altas, vinha um motor de 200 pol³ (3,3 litros) e 121 cv, chamado de Super Pursuit. Havia ainda uma versão cupê hardtop e evoluções na suspensão, freios, embreagem e escapamento. A série seguinte era a XP, em 1965, com linhas mais retas na frente e a opção do acabamento luxuoso Fairmont. Agora era possível notar a influência do estilo do Mustang, lançado no ano anterior pela Ford americana, em vez da inspiração nos modelos grandes da marca, como o Thunderbird. Continua

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Data de publicação: 15/4/06

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