

O modelo inicial do Samara: um
carro atualizado, com bom espaço e motores de 1,1 a 1,5 litro, cuja
simplicidade era aceitável por seu preço

Acessórios de aparência e
conforto eram adicionados por importadores


O sedã Forma chegava em 1990 com
linhas tradicionais e a nova grade |
Logo
que o mercado nacional foi aberto aos importados, em 1990, chegou com
alarde por aqui uma marca praticamente desconhecida até então: a russa
Lada. Ao lado do antiquado Laika em versões sedã e perua (derivados do
Fiat 124 dos anos 60) e do jipe
Niva, estava um modelo mais
contemporâneo e algo parecido com nosso antigo
Passat: o Samara.
A AutoVAZ, em que a sigla significa Volzhsky Automobilny Zavod ou
Fábrica de Automóveis do Volga, foi fundada em 1966 em uma cooperação
entre soviéticos e italianos. A cidade de Tolyatti foi erguida junto à
fábrica, que sempre se caracterizou pela produção verticalizada, isto é,
grande parte dos componentes dos carros são feitos ali mesmo e não por
fornecedores externos. O VAZ-2101 e suas derivações — que aqui
chamaríamos de Laika, mas que os europeus compraram como Riva — foram os
únicos modelos da marca Lada até o Niva de 1977.
Na década de 1980, porém, a AutoVAZ mostrava confiança para dar novos
passos e desenvolver carros de passeio sem a participação da Fiat, como
já acontecera de certa forma com o utilitário Niva. Para explorar
mercados mais desenvolvidos, o projeto deveria adotar soluções atuais de
estilo e mecânica, como motor transversal e tração dianteira. O formato
tradicional de três volumes do Laika deu lugar ao de dois volumes com
três ou cinco portas. Em 1984 era apresentado o VAZ-2108. O nome Sputnik
foi cogitado, mas logo deu lugar a Samara (de uma cidade russa) para
fins de exportação.
Seu desenho simples refletia tendências já um pouco superadas, com
linhas retas e excesso de vincos, enquanto alguns europeus da
época — o Kadett é caso típico —
já passavam a formas arredondadas. Mas era atual na ampla área
envidraçada, na frente baixa, nos parachoques plásticos envolventes e na
versatilidade da grande porta de acesso à bagagem. Suas dimensões eram
de um carro médio, com 4,01 metros de comprimento, 1,63 m de largura,
1,37 m de altura e 2,47 m de distância entre eixos. A versão 1,3 pesava
920 kg.
Um ponto criticado
era a grade dianteira, de aparência estranha, que com frequência era
substituída por modelos do mercado de acessórios — até mesmo pelas
concessionárias Lada de outros países antes da venda. O interior também não agradava pelo acabamento com plásticos e
revestimento de aspecto pobre, mas esse fato era aceito pelo público a
que ele se destinava nos mercados de exportação: o que buscava um carro
simples, econômico e robusto por um preço acessível, mas não antiquado
como o Riva/Laika.
Esse segmento contava com competidores como o checo Skoda Favorit, o
iugoslavo Yugo Sana, o sul-coreano
Hyundai Pony/Excel e o malaio Proton Aeroback.
Para o tornar mais atraente, os importadores adotavam equipamentos de estética e conveniência, como teto solar, sistema de
áudio de boa qualidade, novo revestimento para os bancos, rodas de
alumínio, parachoques na cor da carroceria e conjuntos aerodinâmicos.
Além disso, antes de ser colocados à venda, em países como a Inglaterra
os carros eram submetidos a cuidadosas verificações de suspensão,
freios, acabamento e emissões poluentes e, não raro, recebiam reparos,
um meio de compensar a baixa qualidade de fabricação. Houve também
transformações pós-venda, caso do conversível.
O Samara oferecia três motores: de 1,1 litro, apenas
para exportação, com potência de 53 cv e velocidade máxima de 140 km/h;
de 1,3 litro com 67 cv, para 150 km/h; e de 1,5 litro com 71 cv, capaz
de 155 km/h. Todas as unidades eram atuais, com
comando de válvulas no cabeçote, câmaras
de combustão desenhadas com consultoria da Porsche e alimentação por um
carburador de corpo duplo. O câmbio tinha cinco marchas, embora tenha
saído com quatro em algumas versões até 1987, e a tração era dianteira.
A suspensão seguia conceitos contemporâneos, McPherson à frente e eixo
de torção na traseira, e os pneus radiais tinham a medida 165/70 R 13.
Embora elogiado pela estabilidade, o carro tinha rodar um tanto
desconfortável. E havia problemas crônicos de carburação, ignição
eletrônica e acabamento.
Continua
|