Na Fórmula 3 de Ralt-Toyota: sete vitórias seguidas, mais que Stewart

A estreia na Fórmula 1 no GP da Alemanha de 1978, com um Ensign V8 (em preto), e o antiquado McLaren da equipe BS usado no mesmo ano

Em 1979 (carro vermelho) e 1980, Piquet pilotou os carros da Brabham e conseguiu resultados que apontavam: estava por se tornar campeão

Destaque também num torneio monomarca: Piquet superou pilotos de renome no Procar, disputado com o BMW M1 em condições iguais

A classe usava monopostos com características bem próximas às de um Fórmula Três, só que dotados de motor Volkswagen arrefecido a ar na traseira. Nelson ia correr com um Polar com chassi monocoque fabricado pelos antigos companheiros Achcar e Rossi. Além do patrocínio da oficina Ideal, teria também o da Brasal, concessionária Volkswagen da capital. As primeiras provas foram em 1974. Pilotos já renomados como Ingo Hoffman, Francisco Lameirão e Eduardo Celidônio teriam como companheiro de grid Nelson Piket — havia anos que ele escrevia seu nome assim na súmula para não levantar muitas suspeitas do pai. Não foi bem nesse ano, mas em 1976 era a vez de Nelson ganhar o campeonato. Mostrava que era bom e não se intimidava perante aos grandes.

No mesmo ano, pela equipe Gledson, vencia o Campeonato Brasileiro de Fórmula VW 1600. Das 10 provas levou seis com seu Polar nº 12 preparado por Giba. Não competiu numa prova por causa da morte do pai, que o abalou muito. No mesmo ano foi para a Europa tentar carreira internacional. Optou por morar em Novara, pequena cidade perto de Milão, na Itália. Como sempre, desde o início da carreira vivia modestamente, trabalhava muito e sempre estava com muita garra. Não fazia questão de luxo, mas queria um bom carro para correr. Optou por comprar um March 773 de Fórmula Três e acertá-lo a seu gosto. Ganhou a primeira corrida com um Ralt no circuito de Kassel-Calden, não muito longe de Hannover, na Alemanha. O resto da temporada foi irregular com alguns pódios, acidentes e quebras.

Em 1977, outra temporada irregular. No ano seguinte vinha sua consagração com um Ralt-Toyota, com o qual venceu o Campeonato Inglês já em julho em Donington Park. Ganhou nove das 18 corridas, sendo sete vitórias consecutivas, batendo o recorde o grande escocês Jackie Stewart. Um de seus concorrentes era o inglês Nigel Mansell, com quem teria grande rivalidade nas pistas e ao qual mostraria seu lado irreverente e às vezes muito crítico. Piquet sempre seria uma referência em termos de franqueza, apesar de áspera. Naquele ótimo ano pilotava pela primeira vez, em julho, um carro de Fórmula 1. Chegava a disputar algumas provas com o Ensign N177 com motor Cosworth V8 e depois com um já antiquado McLaren M23 da equipe particular BS Fabrications. Dave Simms, diretor da equipe, disse: "Aposto todo meu dinheiro: Nelson Piquet será campeão em no máximo três anos".

O brasileiro assinou com a equipe Parmalat Racing, de Bernie Ecclestone, para dirigir o Brabham BT46 de motor Alfa Romeo com 12 cilindros opostos. As condições não eram ótimas para Nelson, mas ele ganhava em qualidade de vida e experiência. Chegava o ano de 1979 e nosso segundo brasileiro na categoria era colega do experiente austríaco Niki Lauda na equipe. Não foi um ano fácil, pois teve de competir com Jody Scheckter e Gilles Villeneuve da Ferrari, Mario Andretti e Carlos Reutemann da Lotus, James Hunt da Wolf, Alan Jones e Clay Regazzoni da Williams, Didier Pironi e Jean-Pierre Jarier da Tyrrel, John Watson e Patrick Tambay da McLaren, Jacques Laffite e Patrick Depailler da Ligier e Jean-Pierre Jabouille e René Arnoux da Renault, que mostravam que o motor turbo chegava para ficar. O brasileiro era uma promessa séria e já bem conhecido da imprensa europeia. Todos faziam muita fé nesse novato que trabalhava muito, era competente em mecânica e em pilotagem. O ano foi dominado pela Ferrari, campeã com o sul-africano Scheckter e com o grande Villeneuve no vice. Ainda na fase de acertos, Piquet fez só três pontos na temporada.

Em 1980 a Brabham trocava o motor italiano pelo robusto Ford Cosworth, tinha um novo chassi e, como colega de Nelson, o argentino Ricardo Zunino. Contra ele estava o Williams de Jones e os carros da Renault e da Ligier.
Na época Piquet já tinha uma vida bem melhor: apartamento em Mônaco, um Mercedes-Benz 450 SEL e namorava a modelo holandesa Sylvia Anna Macrike Tamsma, que em 1985 seria mãe de seu filho Nelson Ângelo. No Grande Prêmio da Argentina, ficou em segundo atrás de Jones; nos Estados Unidos, levantava a taça no mais alto lugar do pódio no estreito circuito de rua de Long Beach, na Califórnia. Neste ano também ganhou com o Brabham BT49 o GP da Holanda, em Zandvoort, e o da Itália em Ímola. Ficou em segundo lugar no campeonato atrás de Jones e à frente de Reutemann
— nos tempos difíceis chegou a limpar o carro do argentino do GP do Brasil.

Já era um dos pilotos de ponta e muito respeitado no circo. Um fato interessante foi o campeonato Procar, disputado por vários pilotos de Fórmula 1 a bordo do BMW M1. Os carros eram idênticos e Piquet levou o título fazendo muita gente ficar tímida. Em 1981, Nelson tinha como companheiro o mexicano Hector Rebaque e os carros com efeito solo eram destaque, pois o estudo aerodinâmico para obter sustentação negativa trazia notável estabilidade em altas velocidades. A grande disputa do ano era entre ele e Reutemann, da Williams. O argentino ganhou no Brasil e Nelson deu o troco em Buenos Aires e em Ímola, no GP de San Marino. Foi a vez de Reutemann em Zolder, Bélgica, e em Hockenheim, Alemanha. O campeonato foi muito disputado com Villeneuve na Ferrari, Laffite na Ligier-Matra e Alain Prost pela Renault. Continua

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